No último sábado, 22 de março, o Terra SP recebeu uma noite histórica para os amantes do rock alternativo. O evento reuniu três gerações de mulheres poderosas no palco: a banda brasileira The Mönic, L7 e Garbage. Com setlists recheados de hinos, performances energéticas e interação intensa com o público, a noite foi um verdadeiro presente para os fãs.
Vale lembrar que tanto o Garbage quanto o L7 passaram recentemente pelo Brasil. O Garbage abriu a turnê do Foo Fighters em setembro de 2023, enquanto o L7 fez uma série de shows solo pelo país em outubro do mesmo ano. Dessa vez, ambas as bandas retornaram para uma apresentação exclusiva, proporcionando uma experiência mais intimista e voltada diretamente para seus fãs.
The Mönic: A potência nacional abrindo os trabalhos
Pontualmente às 19h30, The Mönic subiu ao palco para dar início à noite. Como é comum para bandas de abertura, o público ainda estava tímido e o som parecia estar sendo ajustado, mas isso não impediu a banda de conquistar os presentes. A cada música, Dani Buarque (vocal e guitarra), Alessandra Duque (vocal e guitarra), Joan Bedin (baixo e vocais) e Daniely Simões (bateria) foram trazendo o público para perto, culminando em uma recepção calorosa. No encerramento do set, Dani foi até a galera e abriu uma rodinha na pista premium, garantindo uma resposta entusiasmada e aplausos merecidos. Uma estreia memorável para a banda no palco do Terra SP.
L7: Punk, energia e irreverência
A casa começou a encher de verdade por volta das 20h10, e às 20h32, o L7 tomou o palco. Antes mesmo de tocar um acorde, já foram ovacionadas ao exibir seu logo no telão. A formação atual conta com Donita Sparks (vocal e guitarra), Suzi Gardner (guitarra e vocal), Jennifer Finch (baixo e vocal) e Dee Plakas (bateria).
A baixista Jennifer Finch, enérgica e carismática, não parou um segundo, pulando de um lado para o outro e interagindo com o público. A banda trouxe um setlist equilibrado entre clássicos e músicas mais recentes, sempre mantendo a vibe punk que as consagrou. Durante a performance, perguntaram ao público quem estava vendo o Garbage pela primeira vez, quem via o L7 e quem assistia ambas as bandas. Jennifer brincou, chamando os novatos de "sacrifícios virgens".
A banda abriu o show com “The Beauty Process”, já indicando que a noite seria inesquecível. Logo na segunda música, “Scrap”, cantada por Suzi Gardner, ficou evidente que o público estava totalmente envolvido. Seguiram com os clássicos “Monster”, "Fuel My Fire", "One More Thing" e "Stadium West", que foram recebidos com entusiasmo.
“Andres” também foi super bem recebida e a banda brincou dizendo que o Andres em questão era um homem brasileiro. Ao saudar o público, Donita ouviu um fã gritar “nós viemos só para ver vocês” e respondeu: “Vocês vieram nos ver? Nós viemos tocar rock and roll para vocês!”
“Must Have More” e “Bad Things” deram sequência ao show, e quando a metade do set foi alcançada, a casa já estava lotada. Emendando hit após hit, “Stuck Here Again”,
“Everglade” e “Dispatch From Mar-a-lago” fizeram o público dançar. “Shove” também fez com que grande parte do público levantasse seus celulares para filmar, sendo uma das músicas com mais interação. Mas foi em "Pretend We're Dead" que o público explodiu, cantando e filmando cada segundo. A cantora Luísa Lovefoxxx, do Cansei de Ser Sexy, banda brasileira ícone alternativo dos anos 2000, subiu ao palco na metade da música para cantar junto às suas ídolas. Em "Shitlist", outra das mais aguardadas, todos entoaram os versos em coro. O show foi encerrado com "Fast and Frightening", dedicada "a todas as mulheres".
Essa nova passagem reafirmou o carinho do público brasileiro pela banda e sua relevância no cenário do rock alternativo.
L7 – setlist:
The Beauty Process
Scrap
Monster
Fuel My Fire
One More Thing
Stadium West
Andres
Must Have More
Bad Things
Stuck Here Again
Everglade
Dispatch From Mar-a-Lago
Shove
Pretend We're Dead
Shitlist
Fast and Frightening
Garbage: Elegância e potência sonora
O aguardado show do Garbage estava previsto para as 22h e começou com poucos minutos de atraso, ao som do tema de Twin Peaks. Quando Shirley Manson surgiu no palco, deslumbrante em um vestido verde, a recepção foi ensurdecedora. A formação atual da banda inclui Shirley Manson (vocal), Duke Erikson (guitarra e teclado), Steve Marker (guitarra), Butch Vig (bateria) e Ginger Pooley (baixo).
A abertura com "Queer" já mostrou um público totalmente engajado, que seguiu cantando alto assim como as músicas que deram sequência, "Fix Me Now" e "Empty". Com um palco minimalista, sem grandes cenários ou telões, a banda apostou em um show focado na música e na presença magnética de Shirley. Em um dos momentos mais marcantes da noite, ela exaltou o L7 como "as últimas do seu tipo, autênticas e revolucionárias".
“The Man Who Rule the World” talvez seja uma das músicas que destoa das demais, um pouco mais lenta e notei que bastante gente não a conhecia. Mas em seguida “Wicked Ways” que teve até um snippet de “Personal Jesus” do Depeche Mode, voltou a empolgar o público. Um dos momentos mais bonitos do set aconteceu em “The Trick is to Keep Breathing” com uma performance de Shirley que tirou o fôlego (piada não intencional com o título da música).
Em momentos pontuais em algumas músicas haviam animações no telão, como em “Wolves”, com jogo de imagens abstratas em preto e branco que ajudaram a climatizar o ambiente. Em seguida, apresentou sua música favorita, “Cup of Coffee” e lembrou que na ocasião de lançamento ocorreu a tragédia do 11 de setembro nos Estados Unidos e que, o álbum (terceiro até então) foi jogado para escanteio. Também aproveitou para apresentar a banda.
O setlist percorreu diversas fases da carreira da banda, com destaque para "Vow", "Special" e "Stupid Girl", que fizeram o chão tremer – literalmente – no camarote. "Only Happy When It Rains" foi um dos ápices da noite, com o público gritando cada palavra e uma introdução lindíssima. “Milk”, também um pouco mais lenta, parecia ser o que o público precisava naquele momento, talvez um descanso para o final épico da noite.
Como a banda é especialista em hits e o seu público na noite era extremamente engajado, “#1 Crush” e “I Think I’m Paranoid” também foram cantadas em coro pelos presentes.
Mais para o final, "Cherry Lips (Go Baby Go!)" foi dedicada à comunidade trans, reforçando a mensagem inclusiva e progressista do Garbage. “Push It” finalizou a primeira parte da apresentação.
O encore veio com "When I Grow Up", fechando o show com chave de ouro.
Mais de duas décadas depois de seu surgimento, o Garbage segue entregando performances impecáveis e emocionantes, consolidando-se como uma das bandas mais queridas do rock alternativo.
Uma noite memorável
Com um lineup desses, era impossível sair decepcionado. The Mönic mostrou a força dorock nacional, o L7 reafirmou sua relevância com um show enérgico e o Garbage entregou um espetáculo emocionante e coeso. Uma noite para ficar na memória dos fãs que estiveram no Terra SP, celebrando o poder feminino no rock.
Realização: Liberation MC
Press: Tedesco Comunicação & Mídia
Garbage – setlist:
Laura Palmer's Theme (som mecânico - Angelo Badalamenti)
Queer
Fix Me Now
Empty
The Men Who Rule the World
Wicked Ways (com snippets de "Personal Jesus" do Depeche Mode)
The Trick Is to Keep Breathing
Wolves
Cup of Coffee
Vow
Special
Stupid Girl
Only Happy When It Rains
Milk
#1 Crush
I Think I'm Paranoid
Cherry Lips (Go Baby Go!) (dedicada à comunidade trans)
Push it
Encore:
When I Grow Up