sexta-feira, 30 de maio de 2008

E o Maiden faz sua maior turnê no Brasil


O ano de 2008 vai ficar marcado para sempre na história dos Headbangers brasileiros como o “ano de ouro” onde a banda britânica Iron Maiden fez sua melhor turnê, tocando clássicos que muitos fãs jamais imaginaram ouvir novamente (ou no meu caso, pela primeira e possivelmente última vez).
Foi o caso das músicas “Moonchild” (do disco “Seventh Son of a Seventh Son” de 1988) e que é a música da volta para o “bis”, “Aces High” (do disco “Powerslave” de 1984) e que abre o show magnificamente, embora esta última tenha sido tocada na turnê da volta (e de divulgação do jogo Ed Hunter) de Bruce Dickinson (vocal) e Adrian Smith (guitarra) no ano de 1999, mas nessa turnê a banda não apareceu por aqui. Porém, a música “Moonchild”, que introduz o disco de 1988, foi tocada apenas nos shows da respectiva turnê, não entrando nos set list subseqüentes.
Outras músicas, como a épica e fantástica “Rime of the Ancient Mariner” e a também atmosférica “Powerslave” (ambas do disco de 84) foram um dos pontos perfeitos da nova turnê, sendo que as duas canções haviam configurado o set list da turnê do disco “Somewhere in Time”, de 1986, na qual se baseou para o nome da atual turnê, “Somewhere Back in Time World Tour”.
A banda havia confirmado apenas datas em São Paulo (dia 02 de março), que já é parada obrigatória, e Porto Alegre (dia 05 de março) que, depois de 15 anos, recebe a banda pela segunda vez, mas os três dias entre um show e outro havia deixado a certeza nos fãs de que outro show estaria para ser confirmado, e muito se especulava se este seria em Curitiba ou no Rio de Janeiro. Para a sorte dos paranaenses, Curitiba recebe a banda (pela segunda vez e primeira com Bruce e Adrian na banda) no dia 04 de março, causando certa revolta nos cariocas, que desta vez tiveram que se deslocar para uma das capitais para ver a Donzela.
Foi interessante observar a grande divulgação da passagem da banda por aqui, com programas, matérias na TV, sites e jornais, dando destaque a apresentação dos ingleses no lugar de outros ícones da música, como Julio Iglesas e The Doors. Não era nada incomum acessar sites de notícia ou ligar a tv e ver o quanto a banda criada formada em 1976 tem fãs e que a mídia, que aqui pouca ou nenhuma atenção dá ao rock e ao metal, se curvou por alguns dias diante dos camisas pretas.
Nesta turnê, a banda toca apenas o hino “Iron Maiden” da fase inicial com Paul Di’anno nos vocais, deixando de lado a fase mais recente com Blaze Bayley e os últimos três discos como sexteto. Assim, temos clássicos do Metal como “The Number of the Beast”, “Run To the Hills” e fechando o show com “Hallowed Be Thy Name”, todas do disco The Number of the Beast, de 1982, onde foi a estréia de Dickinson e o ultimo com o batera Clive Burr.
Do álbum seguinte, “Piece of Mind” (1983, com a estréia de Nicko “mad” McBrain), tocam “Revelations” (no show contido em “Live After Death”, que foi relançado e tem a atual turnê como divugação, haviam apenas duas guitarras, então Dickinson se arriscou a fazer uma das bases, o que agora não é mais necessário, tendo o trio fantástico Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers) e o mega clássico “The Trooper”, tendo sempre o desenho da mascote Eddie como soldado ao fundo.
Embora o nome da turnê remonte ao disco “Somewhere in Time”, o disco que mais teve destaque foi “Powerslave”, tendo quatro canções no set list e o palco decorado com temas egípcios (lembrando o palco da turnê de 1984, que inclusive passou pelo Brasi, na primeira edição do Rock in Rio, em 1985). Do primeiro, “Heaven Can Wait” e “Wasted Years” (cujo tema é pertinente com essa atitude da banda de retomar canções esquecidas dos shows), ambas presentes pela última vez na “Ed Hunter Tour”.
Seventh Son (1988) esta muito bem representado com “Can I Play With Madness?”, a já citada “Moonchild” e “The Clairvoyant”.
Nada tocam do álbum de estréia de Janick Gers, “No Prayer for the Dying” (1990), deixando de lado o clássico, já há muito esquecido (desde a saída de Dickinson em 1993) “Bring Your Daughter... to the Slaughter”.
Entretanto, não esquecem do ultra clássico, principalmente aqui no Brasil, “Fear of the Dark”, do disco de mesmo nome do ano de 1992, que marcou a despedida de Bruce e que teve mais sucesso que o disco anterior, inclusive sendo citado como um dos melhores da carreira.
O que torna essa turnê mais especial ainda, é o fato de a banda estar produzindo um DVD da sua passagem pelos locais de show, além de ter como convidado especial os produtores do aclamado documentário “A Headbanger's Journey”, tendo o fã de Metal Sam Dunn como diretor, que pretendem dar ênfase à banda britânica na próxima produção. Além desse documentário, a rede CNN também acompanha a banda, inclusive sendo possível conferir a parte da passagem por são Paulo e Curitiba (esperamos que Porto Alegre receba alguma atenção).
Em suma, com certeza os melhores shows da banda em nossas terras, além de abarcar uma região maior de fãs, não se limitando ao eixo Rio-São Paulo, como geralmente acontecia; e poder ver a banda tocando músicas doas anos 80 apenas (apenas “Fear of the Dark” dos anos 90 faz parte da lista de músicas) foi um diferencial e que agora os brasileiros poderão dizer que viram a banda como se tivesse voltado à 1985, como se todos estivessem no Rock in Rio, já que a grande maioria dos fãs não haviam nascido ou eram muito jovens.
UP THE IRONS

Texto:EddieHead