quinta-feira, 8 de abril de 2010

Matéria Especial: Black Sabbath Completa 4 Décadas- Parte I


Este ano que está quase chegando na sua metade é muito especial para o Heavy Metal e o Rock em geral, afinal, fazem exatamente 40 anos desde que quatro ousados músicos de Blues Rock resolveram inovar criando um estilo de música e uma filosofia de vida que iria mudar o mundo da música nas próximas décadas.

Em 1970, o Black Sabbath, antes conhecido como Earth (mas abandonam o nome e o Blues pois havia um grupo com o mesmo nome e som semelhante), lançam o álbum homônimo, mostrando primeiramente para toda a Inglaterra e depois o mundo o que Tony Iommi (Guitarra), Geezer Butler (Baixo), Ozzy Osbourne (Vocais) e Bill Ward (Bateria) eram capazes.


Nascia, oficialmente, o Heavy Metal. Os caras se intitulavam antes de mais nada como uma banda de Rock ‘n Roll, mas isso estava mais para modéstia do que qualquer outra coisa, pois a sonoridade da banda trouxe algo que jamais alguém fez: colocar um peso absurdo para a época nas guitarras, um baixo tocado com agressividade, uma bateria rápida e um vocal cantando sobre temas outros que aqueles costumeiros da época, oriunda ainda do movimento Hippie.

Não imaginavam que seus crucifixos pendurados no peito se tornariam uma marca registrada no mundo do Rock, nem que teriam várias de suas músicas regravadas pelos maiores ícones do Rock e Metal anos depois, nem que alcançariam fama e dinheiro, tendo como membros muitos dos melhores músicos do mundo.


O álbum “Black Sabbath” (1970) causou furor no cenário, mesmo que não um sucesso propriamente dito (que viria a acontecer anos depois). A capa, uma “bruxa” a frente de uma casa num bosque. Conta a lenda que essa foto foi tirada apenas da casa e ela apareceu, outra lenda conta que ninguém abe quem tirou a foto e nem nunca mais se viu a mulher da capa.

Em termos musicais, é desse disco os clássicos absolutos do Heavy Metal: “Black Sabbath” (um verdadeiro hino), “N.I.B.” (“cantada” por Lúcifer cuja introdução de Geezer Butler ainda tira suspiros dos amantes de baixo), “The Wizard” (com uma gaita de boca fenomenal) e “Behind the Wall of Sleep” (canção baseada no conto de Horror de H.P. Lovecraft).

O contrato com uma pequena gravadora os leva a fazer poucos shows e nenhuma turnê propriamente dita para divulgar o álbum. Assim, no mesmo ano, sob pressão, sai o segundo disco do grupo que viria a alcançar maior sucesso imediato, inclusive com um dos maiores clássicos do Rock ficando entre os primeiros lugares na parada britânica: Paranoid.

O álbum de mesmo nome sai em 1970 e mantêm e até intensifica a atmosférica pesada e obscura que caracterizaria a banda para todo o sempre. O álbum começa com nada menos que “War Pigs”, canção essa de absoluta perfeição que é difícil não sentir suas entranhas se mexerem. A música faz uma critica a guerra, mas de um modo mais realista e forte do que os Hippies costumavam fazer.


Segue a faixa-título, escrita em 30 minutos no próprio estúdio de gravação. Uma curiosidade interessante se refere novamente à capa do disco. A banda conta que a banda iria chamar o disco de “War Pigs”, inclusive você pode perceber que se trata de um soldado na capa, porém a gravadora queria uma música mais direta para ser single, criando assim então “Paranoid”, cujo riff de guitarra de Iommi é tão conhecido quanto o de Ritchie Blackmore em “Smoke on the Water” do Deep Purple.


Assim, a música é criada, com uma letra meio maluco, reflexo da pressão de criar um som mais rápido e direto. A gravadora resolve apostar e muda o nome do disco, sem mudar a capa.

É desse álbum também outro clássico absoluto chamado “Iron Man”, canção sobre o personagem de quadrinhos de mesmo nome.


“Eletric Funeral” também é do disco em questão, além da engraçadíssima e “chapada” “Fairy Wears Boots”, cuja história fala de um cara que vê fadas usando botas e vai ao médico e esse lhe recomenda parar de fumar. Anos mais tarde Iommi conta que a música foi uma sátira com os Skinheads, cujos quais usam botas de cano longo. Certa vez, antes ainda de gravarem qualquer coisa, Iommi teve seu braço quebrado numa briga com os Skinheads e conta a lenda que do outro lado estava Ozzy Osbourne (se careca, não sei).

Como dá para perceber, a banda é cheia de mistérios e lendas.

Com o álbum puderam fazer alguns shows em cidades da Inglaterra que não esperavam conhecer, e a legião de fãs de show a show, bem como problemas com as autoridades locais serviram a banda para serem cada vez mais vistas e o papo de que um quarteto estava fazendo a música mais pesada e obscura de todos os tempos atraia em muito o interesse dos jovens.


Em 1971 o disco terceiro “Master of Reality” sai e de cara a música de abertura conta um case de amor com a maconha (“Sweet Leaf”, “Doce Folha” é um nome bem apropriado). É desse disco também um clássico que os caras nunca deixaram de tocar, independente da formação que estavam: “Children of the Grave”. Essa é de certa forma uma continuação de “War Pigs”, na medida em que faz novamente um alerta sobre a possibilidade de nova Guerra Mundial e atômica. Deveriam passar esse som para as crianças na escola.


É do mesmo disco “After Forever” que embora não sendo um dos maiores clássicos, é perfeita. O mesmo acontece com “Lord of This World” e “Into the Void”, essa última sendo tocada por muitos anos, inclusive como abertura de shows.

O grupo dá uma guinada no seu som, para muito evoluindo, outros questionam o novo rumo tomado. Mas mesmo assim ainda era Black Sabbath. Falamos do disco “Vol. 4”, que, novamente, sem ideias da gravadora para um título (a banda queria chamá-lo de “Snowblind”), ficou assim mesmo.

Nessa altura a banda já estava até fazendo shows nos EUA, e desse disco sai seu primeiro registro ao vivo, alguns anos mais tarde, “Live at Least”, porém, foi uma jogada do antigo empresário da banda e o disco só é oficializado há poucos anos atrás.

Interessante que o maior clássico do disco é a balada “Changes”, que conta com um teclado fraco, um piano e a voz esquisita do Ozzy apenas. Porém, “Supernaut” também se torna um semi-clássico, ao lado de “Snowblind” e “Under the Sun” (até mesmo Soulfly regravou essa música).

Como se pode perceber, a cada álbum os clássicos foram diminuindo e isso os fãs perceberam.

O Começo do Fim


No ano seguinte, “Sabbath Bloody Sabbath” (1973) mantêm o ritmo do disco anterior, abusando mais dos teclados de Geof Nichols (músico contratado), trazendo apenas a caixa-título como seu maior clássico.

Porém, o disco marca a maior turnê até então da banda e também o fim da fase áurea da banda que, a partir de 1975 passa a declinar.


E nesse ano que sai o sexto disco do grupo, “Sabotage” (1975), que embora tenha mais sons interessantes que os dois últimos, foi o de menor sucesso comercial desde “Paranoid”.

Mas para quem não liga nisso, é desse disco as ótimas “Hole in the Sky” (uma das melhoras músicas da banda), “Symptom Of The Universe” também se torna um grande petardo da banda. As demais trazem uma banda quase psicodélica, isto é, com sons estranhos e letras seguindo na mesma linha, falando por exemplo sobre a loucura.


Mas as coisas começam a decair realmente no disco seguinte, lançado em 1976 chamado “Technical Ecstasy”. O disco é até então o mais estranho e diferente da carreira da banda. Sendo uma clara interferência da gravadora, além da banda estar no ápice da relação entre os músicos, além do abuso de drogas.

Aqui já não se encontra mais a atmosfera sombria da banda, nem temas “macabros”. As oito faixas estão mais para um Hard Rock, com muita percussão e teclados, deixando o som bastante artificial, além da grande maioria das músicas não empolgarem nada. “It’s Alright” é cantada pelo baterista Bill Ward e ficou interessante, mas não para um disco do Sabbath. Único destaque fica para “You Won’t Change Me”.


A turnê desse álbum é um fracasso, com a banda tocando para públicos irrisórios e em muitas apresentações sendo a banda de abertura de grupos como Blue Öyster Cult. Esse parecia o fim da banda, e Ozzy Osbourne anuncia sua saída d abanda, após brigas com Iommi, ao acusar este de querer sempre fazer longos e enjoativos solos de guitarra nos shows.

Porém, a gravadora pressiona para mais um álbum e eis que sai “Never Say Die” (1978), último disco dessa formação que jamais gravaria outro álbum inédito.

O disco segue a linha do anterior, descaracterizando a banda completamente. Porém, para este que vos escreve, o disco é muito melhor que o anterior, trazendo o grupo mais voltado para o Rock e com passagens de Blues, influência direta de Iommi.


A faixa-título é a melhor do disco, inclusive sendo regravada magistralmente pelo Megadeth muitos anos depois. Também destaca-se “Johnny Blade”, com muitos teclados mas um clima legal. É de curtir “Junior’s Eyes” e “A Hard Road”, faixa essa que recebeu um vídeo clipe e que marcou o último material gravado com Ozzy Osbourne.

A banda resolve dar um tempo e Ozzy finalmente sai e seu futuro é incerto, até que em 1980 inicia sua carreira solo que colocaria inveja em termos de sucesso no Sabbath, banda essa que passaria ao longo da década seguinte por muitas mudanças na formação, no som, almejando ora sucesso, ora anonimato. Mas essa é outra história que continuaremos na segunda parte dessa homenagem aos pais do Metal.

Stay on the Road

Texto: EddieHead

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