domingo, 2 de maio de 2010

Entrevista: Red Old Snake Uma das Promessas do Centro do País


Do centro do país surge um grupo auto-intitulado de Southern Metal. Brasília é o berço da banda Red Old Snake que surgiu ano passado, mas com uma história que remete à 2006.

Tivemos o privilégio de conversar com Dave Ayzemveln, vocalista e um dos membros fundadores da banda acerca da mesma, da cena Metal da sua região e também, nessa entrevista exclusiva, sobre a oportunidade de tocar no mesmo palco com o Megadeth, um dos pais do Thrash Metal, que se apresentou em Brasília em abril no qual teve como abertura a Red Old Snake.

O grupo, que conta ainda com Pablo Vilela (guitarra), Erick “Neskal” Oliveira (baixo)e PH (bateria), possui já um EP lançado, chamado “Outburst” (2010), recém saído e que impressiona pela qualidade nas suas composições, o que coloca a banda como uma bela promessa do Metal nacional.

Segue abaixo a entrevista. Stay on the Road


Road to Metal: Primeiro, gostaríamos de agradecer a oportunidade de conversar com a banda. Primeiro momento, a partir daonde (qual os antecedentes dos integrantes) surge o grupo?

Red Old Snake: Conforme consta no release oficial do nosso myspace, o Red Old Snake surgiu das cinzas de um projeto de southern/power groove que eu tinha c/ o Pablo. Acabou que encontramos músicos dispostos a “vestir a camisa” e cair de cabeça na cena Metal local.

RtM: Sabemos que o grupo é recente. A que vocês responsabilizam pelo importante passo de lançar um EP?

ROS: O EP é um veículo que nos permite ampliar o alcance do trabalho da banda, pois permite que pessoas situadas fora da cena Metal local possam ter acesso ao nosso trabalho. Com a difusão cada vez maior da internet no processo de integração global, nós podemos interagir com músicos e produtores de todas as partes do mundo.

RtM: Até o momento, o recém lançado EP “Outburst” está sendo divulgado. As músicas surgiram especialmente para o EP ou já faziam parte do repertório da banda?
ROS: As músicas presentes no “Outburst” já faziam parte do repertório da banda, e fizemos questão que fossem gravadas neste nosso primeiro cartão de visitas.

RtM: Como tem sido a receptividade de “Outburst”?

ROS: A grande maioria dos feedbacks que temos recebido tem sido extremamente positivo, e mesmo os poucos negativos nos ajudaram a reavaliar o nosso trabalho e traçar as diretrizes para os nossos próximos passos. Atualmente estamos reavaliando nossa identidade musical, de modo que possamos incorporar novos elementos à sonoridade base da banda em um processo de constante renovação.

RtM: A banda vive em Brasília. Sabemos que a maior cena de Metal se concentra no sudeste, especialmente em São Paulo. Deem um resumo da cena Metal local.

ROS: Na minha opinião a cena metal brasiliense é marcada por um fortíssimo contraste: a vasta riqueza em material humano opondo-se a uma infra-estrutura paupérrima. Apesar da grande quantidade de bandas e músicos promissores nos mais diversos sub-gêneros do Heavy Metal, a cidade sofre com a ausência de espaços destinados a esse tipo de evento e produtores que incentivem a produção de som autoral. Em que pese a batalha de produtores como Fábio Marreco, que há anos vem tentado manter a cena metal brasiliense viva, a cidade carece de outros indivíduos sérios que levem em conta as necessidades dos músicos, sejam elas de ordem financeiras ou mesmo no que tange à própria qualidade do equipamento disponibilizado nos shows. Quem sabe com a chegada de eventos de grande porte oriundos da parceria da produtora T4F com a local Park Show, o fato de Brasília voltar a fazer parte do circuito de grandes eventos acabe por desencadear o surgimento de uma mentalidade empreendedora na área do som pesado.

RtM: Percebe-se um crescimento significativo de shows de grande porte na capital do país, bem como em outras regiões. Por aí já passaram nos dois últimos anos nomes como Iron Maiden, Heaven and Hell e, recentemente, Guns & Roses. Dia 22 de abril foi a vez do Megadeth pisar pela primeira vez por aí. Esse show com certeza foi muito especial para a banda, pois foram a banda de abertura. Como conseguiram esse espaço? Como foi tocar para milhares de pessoas nessa noite?

ROS: Acredito que o investimento nos veículos de divulgação da internet fizeram com que o nosso trabalho chegasse aos olhos e ouvidos certos.
Tocar em um evento dessa grandiosidade é algo surreal! É claro que houve uma expectativa e uma tensão muito grande, pois além de estarmos representando uma cena local repleta de bandas talentosas, iríamos encarar uma platéia que estava aguardando por ninguém mais ninguém menos do que o Megadeth, mas a partir dos primeiros acordes da passagem de som, percebemos que estavamos ali fazendo o que mais gostamos na vida, favorecidos por uma estrutura gigantesca, ou seja, ficamos à vontade para poder mostrar o nosso trabalho de um modo bastante satisfatório. Não houve nada mais gratificante do que ver e ouvir os aplausos do público após a execução de cada uma das nossas músicas. Poder escrever nossos nomes nesse capítulo da história do Metal brasiliense não tem preço.

RtM: Já se pode sentir os efeitos em termos de divulgação da banda após o show de abertura?

ROS: Com certeza. Além de termos sido abordados por várias pessoas que nos parabenizaram após o show, nossa caixa de e-mails tem recebido várias mensagens de pessoas interessadas em comprar o nosso EP e nossas camisetas, e nossa comunidade no orkut tem crescido a cada dia que passa.

RtM: Qual a influência central da banda? E o Megadeth, vocês curtem?

ROS: É inegável que a influência que mais se sobressai no nosso som é Pantera, mas é possível identificar vários elementos que remetem ao Corrosion of Conformity, Down, Crowbar, Metallica e até mesmo Alice In Chains. Nós estamos procurando diversificar o nosso leque de influências, para que o nosso som tenha cada vez mais uma identidade singular. Eu escuto Megadeth há mais de 10 anos e o Pablo já foi guitarrista de mais de um cover do Megadeth. Não tem como não dizer que os riffs do Mustaine e do Friedman não tiveram um papel importante na nossa formação musical.

RtM: Qual a importância da mídia eletrônica, como Myspace, Orkut, etc. para a banda?

ROS: Como eu já disse anteriormente, a mídia eletrônica foi a grande responsável pela disseminação do nosso trabalho e pelo estreitamento da nossa relação com o público. Hoje em dia também estamos procurando entrar em contato com outras bandas do estilo para trocar experiências e poder organizar eventos que fortaleçam a cena Heavy Metal autoral brasileira.

RtM: Quais os planos para este ano? Há previsão de um primeiro disco completo e de shows em outras regiões do país?

ROS: Com certeza! A repercussão da abertura para o Megadeth aqui em Brasília fez com que a necessidade de um debut se tornasse imediata. Desde antes do show já estávamos agregando o material do primeiro álbum, e agora esse processo só acabou por intensificar-se. Se tudo der certo ainda esse ano estaremos lançando o nosso primeiro full lenght e pleiteando espaço em eventos de outras regiões do país.

RtM: Agradecemos novamente e desejamos que o trabalho da banda seja cada vez mais reconhecido e de qualidade. Deixem uma mensagem aos que acompanham o blog Road to Metal.

ROS: Acreditem nas bandas brasileiras! Aqui mais do que em qualquer outro lugar do mundo temos exemplos de pessoas que contornam barreiras culturais, econômicas e sociais através da força de vontade, criatividade e muito suor. As pessoas que investem em som pesado nesse país estão nisso por muito amor e fidelidade ao estilo, e se pudermos dar um retorno nós não só estamos abrindo portas para que surjam novos “Sepulturas”, “Sarcófagos” e “Angras” como também iremos atrair as grandes atrações internacionais para cá.

Links sobre a banda: http://www.myspace.com/redoldsnake
Contato: redoldsnake@gmail.com

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