quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Clássicos Brasil: Dark Avenger – “Tales of Avalon – The Terror” Uma Obra Sem o Devido Espaço


Nova seção estreando aqui no Road to Metal. Clássicos Brasil trará discos que os colaboradores e a cena em geral consideram álbuns clássicos na história do Metal brasileiro. Por ventura traremos matérias diferentes acerca de eventos/acontecimentos que foram essenciais para que tenhamos a cena nacional reconhecida mundialmente hoje. Para começar, nada melhor que um texto de Yuri Simões sobre a lendária Dark Avenger! Confira!



Não é de hoje que álbuns e bandas metálicas de origens tupiniquins não obtêm o devido e esperado reconhecimento. Seja por culpa do insuficiente espaço para o estilo no Brasil, ou pela falta de experiência ou profissionalismo dos próprios artistas – músicos de talento têm, quase sempre, o ostracismo como um companheiro constante por aqui.


Porém, os brasilienses do Dark Avenger, grupo formado em meados de 1993, mais especificamente com seu segundo álbum, “Tales of Avalon – The Terror” (2001), servem de exemplo mais que especial para esta verdade ainda amarga para os headbangers de nosso país.


Lançado cinco anos após o álbum de estréia da banda, “Tales of Avalon” foi originalmente idealizada como uma história composta de duas partes – “The Terror”, apresentada no disco em questão, e “The Lament”, metade na qual o CD seguinte se basearia. Mas não me aterei ao roteiro da obra e suas diversas peculiaridades – que a inteligência de cada ouvinte se encarregue desta tarefa. Com o devido respeito e atenção que a parte lírica merece, música é aqui o que de fato interessa (embora, num álbum como esse ambas estejam intrinsecamente ligadas).


O som do Dark Avenger, como sabem os mais familiarizados, segue uma linha impressionantemente tradicional, acompanhada de rápidos flertes com o Power Metal. Em “Tales of Avalon – The Terror”, a banda apresenta ora uma influência mais Hard (lembrando os americanos do Queensryche), ora um Heavy Metal mais cadenciado e menos agressivo que o do disco anterior, muito provavelmente devido à climatização exigida pela temática do álbum. Contudo, a variedade exposta nesta obra impressiona, reunindo várias vertentes do estilo e produzindo clássicos tão díspares como “Clas Myrddin” e “Morgana”.


O trabalho instrumental é com certeza dos melhores já desenvolvidos por quaisquer artistas brasileiros do meio. Não necessariamente a produção de estúdio ou o nível de detalhamento dos arranjos. O que marca é o entrosamento que os instrumentos parecem ter neste álbum.


As guitarras bem elaboradas de Leonel Valdez e Júlio César têm o suporte preciso e empolgante da “cozinha” de Fábio Honório (baixo) e Kayo John (bateria), ao mesmo tempo em que os teclados competentes de Rafael Galvão ambientam a estrutura da banda. Faixas como “Golden Eagles”, “Heroes of Kells” e a própria “Morgana” dão prova disto. Orquestrações também têm seu espaço, e a introdução “The Terror”, que abre o CD, é uma das mais marcantes que você vai ouvir por aí.


Inegavelmente, no entanto, o que mais brilha em “Tales of Avalon – The Terror” são os vocais de Mário Linhares. Responsável por pelo menos metade da originalidade da banda, a voz de Mário tem alcance e flexibilidade únicos e, tendo figuras do calibre de Michael Kiske e Geoff Tates como fortes influências, ela o leva a ser um vocalista ímpar no Heavy Metal mundial. É claro que quem já o conhece reconhece seus “excessos” no que diz respeito aos tons agudos (que tornam a excelente “Crownless Queen” por vezes desagradável). Mas “exagero” parece ser um aspecto comum entre artistas com tamanho talento. E, em seu caso, isso é uma das características que assentam sua identidade como vocalista. Destaque para sua interpretação na faixa “Caladvwch”.


Quanto à parte técnica, se o instrumental e os vocais são excelentes, “o som” em si da gravação não é assim de tanta qualidade. Um aparente problema com a masterização do CD parece ser a origem deste pequeno defeito, já que a mixagem é impecável. No entanto, não chega a ser algo que prejudique a audição do álbum.


Quanto à parte gráfica, capa, encarte e ilustrações são excelentes, concebidas em sua maioria pela mente criativa de Linhares.


Por fim, termino a resenha desta obra-prima do nosso cenário com um comentário pertinente: o Dark Avenger não existe mais. Os motivos pelo rompimento do conjunto (em 2005) ainda estão meio nublados, mas se especulam problemas de relacionamento de Mário Linhares com o resto da banda, falta de suporte para expandir os negócios do grupo...


Enfim, todos aqueles diversos fatores comuns pelos quais ainda são poucos os artistas brasileiros de Metal que obtêm melhor reconhecimento. A banda até tentou voltar no ano de 2009, mas, ao que tudo indica, não conseguiu. Mas sobrevive o legado! “Tales of Avalon – The Terror” é com certeza um dos cinco melhores álbuns do nosso Heavy Metal e merece posição de destaque na prateleira de qualquer colecionador. Se ainda não ouviu, ouça e se surpreenda com um trabalho de altíssima qualidade.



Texto: Yuri Simões

Revisão ortográfica: Mr. Gomelli

Fotos: Divulgação


Tracklist:

1. The Terror

2. Tales of Avalon

3. Golden Eagles

4. Heroes of Kells

5. Crown of Thorns

6. Wicked Choices Part 1

7. Clas Myrddin

8. As the Rain

9. De Profundis

10. Caladvwch

11. The White of Your Skin

12. Crownless Queen

13. Morgana

14. The Lament Part 1


Músicos:

Mário Linhares – Voz

Leonel Valdez – Guitarra

Júlio César – Guitarra

Fábio Honório – Baixo

Kayo John – Bateria

Rafael Galvão – Teclado

6 comentários:

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Com certeza a MELHOR FORMAÇÃO do Dark Avenger. Infelizmente a maturidade do grupo não prevaleceu, sem contar a grana que infelizmente é essencial. Nada que um bom empresário não resolva!
Att,
Patrícia
Esposa Kayo John (batera)

Isadora G. (HIBRISA) disse...

Bah, parabéns pela matéria, ficou bem legal! \w/

Eduardo Cadore disse...

Também curti. Uma pena mesmo que tenham encerrado as atividades.
Bem-vindo aí Yuri!!

caco disse...

Dark Avenger está na ativa novamente, desde o ano passado já estão compondo, segundo o próprio Linhares.
ficou mt legal a resenha.faz tempinho que estamos programando uma entrevista com o Linhares.