segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Resenha de Shows: Sepultura e Machine Head – Lendas do Thrash Metal Atacando Porto Alegre (abertura Almah)

3 grandes shows agitaram a Casa do Gaúcho na mesma noite

16 de outubro de 2011, uma data que ficara marcada em Porto Alegre/RS, pois neste dia passou como um terremoto o melhor show do ano na capital gaúcha, tivemos a honra de receber em nossas terras a grande turnê que uniu duas das maiores bandas de Thrash Metal do mundo Sepultura e Machine Head e ainda para abrir estes grandes shows, uma das gratas surpresas do Heavy Metal nacional, o Almah.

Almah divulgando seu novo e aclamado disco "Motion"

Por volta das 20h: 30min as portas da Casa do Gaúcho se abrem (que por sinal é um excelente lugar para se ver shows, muito bem estruturado e aconchegante), mas antes mesmo que todos os headbangers estivessem dentro da casa de shows, o Almah já entrava em cena, na sua nova turnê do álbum “Motion”. Muita duvida rolava em questão de como a banda soaria ao vivo, pois Edu Falaschi (vocalista do Angra) estava sendo alvo de muitas criticas em relação as suas performances ao vivo.

Mas não é que Edu surpreendeu a todos? O show abriu logo de cara com a dobradinha “Hypnotized” (de seu mais novo álbum) e “Beyond Tomorrow” (do aclamado “Fragile Equality” de 2008) e realmente deixou todos impressionados com Edu cantando fielmente as músicas, mostrando que ainda tem muita lenha pra queimar e sem falar no restante da banda que esbanja técnica e competência e um carisma absurdo.

Antes de Edu anunciar a próxima música, ele faz uma ressalva em questão do guitarrista Paulo Schroeber que não está acompanhando a banda neste começo de turnê devido a um problema sério de saúde e que nesta tour está sendo substituído pelo então guitarrista da Dark Avenger, outra histórica banda brasileira, o competente Ian Bemolator.

Dando continuidade ao show, vale ressaltar o clima em que a banda estava tocando, com muito entrosamento e mostrando realmente felicidade de estar ali, Felipe Andreoli (baixo, também do Angra) e Marcelo Moreira (bateria, também Burning in Hell) com certeza formam uma das melhores cozinhas do Heavy Metal nacional, pois além de muita técnica que esbanjam são donos de uma criatividade anormal e sem falar do guitarrista Marcelo Barbosa que detona seus riffs pesados e melódicos, solos altamente técnicos e criativos, realmente músicos que nasceram para tocar juntos.

Edu e Felipe mostrando a qualidade do Almah ao vivo

O show ainda teve “King” (do seu primeiro álbum “Almah” de 2006) com destaque total a Edu Falaschi, mostrando sua versatilidade e poder de seu vocal rasgado, chegando ao final, Edu anuncia que tocariam a música que virou o primeiro vídeo clip do novo álbum. “Trace Of Trait” vem para mostrar a modernidade aliada ao que melhor temos no Heavy Metal, agradando a todos os presentes.

Apesar do pequeno setlist, o show agradou bastante aos headbangers e superou com certeza a expectativa de muitos. O ponto negativo ficou para a organização na questão da abertura dos portões, pois o show do Almah tinha terminado e o pessoal ainda estava entrando na casa.


Sepultura e a Sua Kairos World Tour

Sepultura volta à Porto Alegre com show matador!

Após a apresentação do Almah era hora da maior banda de Heavy Metal do Brasil, o Sepultura. Dava para ver a ansiedade no rosto dos bangers ansiosos que o show começasse.

Não demora muito e o Sepultura entra em cena com sua “Intro – Instrumental” mais do que conhecida pelos fãs, deixando todos agitados e ovacionando a banda.

Após a introdução, eis que o massacre começa com nada menos que “Arise” fazendo a casa vir abaixo quase que literalmente com AndreasKisser (guitarra) e Derrick Green (vocal) comandando o público a cada verso. Na sequência mais um clássico, “Refuse/Resist”, onde se abriu uma roda gigantesca na Casa do Gaúcho e todos cantando cada trecho.

Era hora de o Sepultura apresentar seu mais novo álbum (“Kairos”, lançado neste ano) e melhor escolha impossível: de cara uma trinca matadora de seu último disco, com “Kairos” (muita gente ansiosa para conferir essa música ao vivo naquela noite), “Seethe” e “Relentlees” mostrando a força do material novo ao vivo, se encaixando muito bem com os clássicos da banda.


Paulo Jr (ao fundo) e Derrick Green (à frente)

Sem tempo para respirar “Dead Embryonic Cells” (clássica!) e “Convicted in Life” (do álbum “Dante XXI” de 2006). Destaque para Jean Dolabella que literalmente massacrou seu kit de bateria esmurrando cada nota tocada e mantendo este feeling até o final do show.

O show se encaminha agora para as velharias a serem tocadas, conforme Derrick Green gosta de anunciar. Então um dos momentos mais brutais do show, “Troops of Doom” e “Septic Schizo / Escape to the Void” (ambas do álbum “Schizophrenia” de 1987) com Andreas disparando riffs em cima de riffs e batendo cabeça sem parar, dono de uma presença de palco monstruosa.

Realmente quem ainda fica chorando a saída dos irmãos Cavalera, não sabe o que está perdendo, pois seus substitutos Derrick Green mostra muita personalidade, um vocal super agressivo e uma excelente presença de palco e o fator mais importante: ama o Sepultura e dá o sangue pela banda; Jean dispensa totais comentários, pois além da técnica apuradíssima temos um baterista diferenciado que realmente senta o braço em sua bateria e não poupa esforços para isso, única ressalva em questão ao baixista Paulo Junior uma atuação bem discreta ficando mais no canto do palco como se fosse coadjuvante da banda.

O show continua ainda com os clássicos “Territory” (do álbum “Chaos A.D.” de 1993) e “Inner Self” (do álbum “Beneath The Remains” de 1989) e, para finalizar, dois clássicos do álbum “Roots” de 1996, são elas: “Ratamahatta” e “Roots Bloody Roots” para acabar com o fôlego dos presentes.

Andreas Kisser agitou e chamou o público a cantar com a banda

Realmente um grande show da maior banda do Brasil, mostrando que sua nova turnê de grande sucesso na Europa e na América do Norte também passou com força total pelo país e os gaúchos puderam conferir de perto, mais uma vez, a força dessa lenda do Thrash Metal.


Machine Head Pela Primeira Vez no Brasil

Banda liderada pelo lendário Robb Flynn encerrou turnê pelo Brasil no show de Porto Alegre

Após a grande apresentação do Sepultura, era hora de um dos shows mais aguardados dos últimos anos. Os americanos do Machine Head pela primeira vez no Brasil chegam para fazer a Casa do Gaúcho tremer.

Eis que começam nos PA’S da casa, a intro da música de abertura que seria a grandiosa “Imperium” (do álbum, “Through The Ashes of Empire” de 2004) e acompanhado de muita, mas muita fumaça, o Machine Head entra em cena para literalmente quebrar tudo (apesar do excesso de fumaça atrapalhar a visibilidade do show), donos de uma presença de palco fortíssima, levam todos a agitarem do começo ao fim e com Robb Flynn (vocal e guitarra) bater cabeça sem parar e comandar a galera insanamente.

Dando sequência ao massacre: “Beautiful Mourning” (do álbum “The Blackening” de 2007) e “Locust” (do mais recente “Unto the Locust” de 2011) levam aos bangers a loucura e com todos os presentes conhecendo o material mais novo da banda, pois estavam cantando cada verso, fazendo a banda sentir esta vibração e dar o sangue em cima do palco.

Vale ressaltar a qualidade desses americanos liderados por Robb que dá um show em sua guitarra, pois além dos riffs intrincados e cortantes, Robb Flynn também sola com uma qualidade absurda e sua presença de palco é mais que marcante, chamando os fãs a toda hora para abrirem rodas e estarem junto com eles, sem contar Phil Demmel (guitarra) que sola com uma facilidade, fazendo parecer que é extremamente fácil tocar guitarra com os solos deslizando em seus dedos e a cozinha mais que coesa com os experientes Adam Duce no baixo (único membro original da banda ao lado de Robb) e o monstro das baquetas Dave McClain que deu um show em seu kit, realmente mostrando que é um dos melhores bateristas do estilo.

O show ainda teve “I Am Hell (Sonata in C#)” do mais recente álbum, mostrando que realmente lançaram um dos melhores trabalhos da carreira (se não o melhor) com o quarteto esbanjando técnica e criatividade.

Sem esquecer os clássicos, a banda ataca com: “Old” (do álbum de estreia “Burn My Eyes” de 1994) levando os bangers a abrirem mais uma roda gigantesca e todos batendo cabeça junto com Robb, um grande momento do show, e com a música da noite “Ten Ton Hammer” (do disco “The More Things Change” de 1999) com um refrão mais do que marcante, levando todos a cantarem e impressionarem os americanos demais, sendo que até deu para Flynn fazer uma calorosa homenagem aos fãs brasileiros, chamando os porto-alegrenses de insanos e muito melhores que os de Curitiba e dizendo que a espera valeu a pena.


"Headbang, Motherfucker!" gritava Flynn fazendo o público tremer Porto Alegre

Para fechar este grande show nada melhor do que o clássico absoluto “Davidian” do primeiro álbum, deixando todos em êxtase total e sem palavras para está grande apresentação do Machine Head que deixou todos os presentes satisfeitos com mais um grande show nesta noite.

Que voltem logo pois nós gaúchos o aguardamos!


Texto: Renato Sanson

Revisão/edição: Eduardo Cadore

Fotos: Eduardo Cadore, Renato Sanson e Nadiele Guerra: Road to Metal

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