domingo, 12 de fevereiro de 2012

Entrevista: Ecliptyka – Revelação de 2011 Colhendo Bons Frutos



O ano de 2011 foi um marco para a banda paulista Ecliptyka. Isso porque além de marcar o lançamento do primeiro trabalho completo, o aclamado “A Tale of Decadence”, a banda, que já possui alguns anos de trajetória, pode, finalmente, mostrar-se mais ao público, usando bastante as redes sociais e arrebatando fãs mesmo fora do país (não à toa prepara turnê norte-americana para este ano).

Também conseguiram o feito de produzir um dos melhores vídeo clipes do ano, para o single “We Are the Same”, que até o momento já alcançou a expressiva marca de 240 mil visualizações (apenas no link oficial) no site Youtube.

Formado por Helena Martins nos vocais, Hélio Vaselic e Guilherme Bollini nas guitarras, Eric Zambonini no baixo e Tiago Catala na bateria, a banda ainda colhe frutos do trabalho de estreia, com shows agendados e turnê internacional, mas sempre com o foco e preocupação no futuro, seja o da banda, ou do próprio planeta Terra, cuja temática apresentada traz uma preocupação ambiental genuína e pertinente.

Quem conversou com a gente foi a bela e talentosa Helena Martins. Além de falar como foi o processo de criação do primeiro disco, fala sobre a temática e preocupação ambiental, o fato de cantar numa banda de Heavy Metal e a dificuldade de rotular o som do grupo, além de muito mais, como os planos de novo disco e participações especiais.

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Road to Metal: “A Tale of Decadence” (2011) é o primeiro registro completo em estúdio da banda. Como foram os preparativos para as canções que compõem o disco e quando o trabalho saiu, estava da forma como vocês imaginaram?

Helena Martins
Helena: Levamos um tempo a mais para finalizar as composições de “A Tale of Decadence’’ devido a problemas de formação da banda. As primeiras músicas foram escritas logo depois que lançamos a demo "The First Petal Falls’’, mas só fomos terminar todas meses antes de entrar em estúdio para gravá-las, que aconteceu em fevereiro de 2010. O resultado superou nossas expectativas! Imaginávamos algo com mais qualidade, mas não tão sólido e consistente como saiu. Ficamos muito felizes com o resultado final!

RtM: Podemos dizer que houve uma evolução imensa na banda desde seu primeiro EP até o lançamento do vídeo clipe oficial, primeiro da carreira, “We Are the Same”. Qual a sensação e o que vocês podem dizer esse processo todo de uma banda com uma demo, até uma das bandas mais lembradas de 2011, agora com um disco e vídeo na praça?

Helena: A sensação é realmente de trabalho cumprido. O que mais almejávamos era sermos reconhecidos, e nosso esforço valeu a pena! Conseguimos chamar a atenção da mídia e do público, formamos um nome no meio... agora é só manter o ritmo e continuar para cima!

Debut album da banda
RtM: Algumas bandas na cena brasileira estão indo na contramão daquele movimento em que, quase que obrigatoriamente, as bandas que possuíam vocalistas femininas pendiam para o Metal Sinfônico ou Gothic Metal, com vocais líricos e tudo o mais. Sabemos que isso já é algo saturado e bandas como Shadowside e Ecliptyka mostram que há mais que se pode mostrar. Esse seria um motivo pela banda optar por um vocal mais direcionado como o seu, Helena, ou foi algo sem premeditação?

Helena: Quando eu entrei para a Ecliptyka, em 2001, confesso que fiquei um pouco confusa em como eu deveria cantar. Estávamos no comecinho, e demoramos um pouco para achar nossa identidade musical. Comigo não foi diferente. Naquela época, eram poucas referências que tínhamos de banda de metal com vocal feminino, e as que existiam, eram, em sua maioria, bandas góticas. Tentei seguir essa linha lírica por um curto período de tempo, mas logo vi que não iria funcionar (risos). Resolvi cantar com um estilo mais natural, mas sempre visando potência e qualidade. Começamos a ver que esse sim seria um caminho melhor a ser seguido, pois seríamos uma banda única, com um estilo próprio, juntamente, claro, com os elementos instrumentais.

Uma das participações especiais: Danilo Herbert (Mindflow) ao lado de Helena em show

RtM: Aliado à qualidade das composições, a banda também contou com duas ótimas participações especiais, o vocalista Marcelo Carvalho (Hateful) e Danilo Herbert (Mindflow). Como a banda chegou nesses dois nomes e há planos já de novas participações em futuras canções?

Helena: O Marcelo é nosso amigo há bastante tempo. Nós e o Hateful tocamos diversas vezes juntos, estávamos sempre na mesma batalha por reconhecimento e espaço.  E sempre admiramos a qualidade do trabalho dele na banda, tanto como vocalista quanto guitarrista. Ele foi a primeira pessoa que pensamos em convidar para fazer uma participação no CD, e ele topou na mesma hora! Com o Danilo não foi muito diferente...  Nós conhecíamos o trabalho do Mindflow há bastante tempo,  e (creio que) em 2006 tocamos juntos pela primeira vez! Na época, não tínhamos nem a demo ainda, e posso dizer que eles foram uma fonte importantíssima de inspiração para nós, tanto pela qualidade do trabalho deles quanto pelo profissionalismo e integridade de cada um.  Durante o tempo, fomos sempre “trocando figurinhas’’ e eles sempre nos ajudaram muito. Não tínhamos dúvida que queríamos o Danilo no nosso CD! Quando fizemos o convite a ele, rolou alguns desencontros e quase que a participação dele não aconteceu... Mas de última hora conseguimos conversar com ele e ele topou!Estamos pensando em outras participações para o próximo cd sim, mas não temos nenhum plano concreto ainda. Vamos deixar isso como elemento surpresa (risos).

Banda ao vivo
RtM: Embora possa ser considerada apenas Heavy Metal, a Ecliptyka mescla elementos do Thrash e até mesmo Metalcore, em certos trechos. Como a banda vê essa questão de rótulos e a liberdade maior atualmente de caminhar por vários estilos de Metal?

Helena: Nós não nos preocupamos muito com rótulos. Muita gente tenta dar um nome pro nosso estilo de som, mas a questão é que é muito difícil fazê-lo, até mesmo para nós. Então o que fazemos é simplesmente deixar a galera avaliar ouvindo o som. Creio que a tendência musical atual, não apenas dentro do Metal, seja mesclar estilos. Pois se pararmos pra analisar bem, todos os estilos musicais vêm de outros que os antecederam. A idéia de se inovar seria realmente absorver os elementos que o agrada mais nos estilos, x, y e z e fazer algo coeso com eles! "Simples" assim (rs). 

Helena Martins, uma das jovens e novas musas do Metal brasileiro

RtM: Além de um disco completo, 2011 marcou uma série de shows para divulgação do mesmo. Porém, a banda ainda está um pouco limitada à São Paulo. Será que outras regiões como sul e nordeste poderão em 2012 conferir a banda ao vivo? O que está faltando para isso?

Helena: O que mais desejamos atualmente é tocar em regiões diferentes das do estado de São Paulo. Entramos em contato com algumas produtoras de fora, mas a questão que nos barra sempre condições financeiras. São raros os eventos e produções que têm dinheiro para trazer uma banda de fora do estado. Ficamos sempre muito tristes com isso, pois o que mais queríamos agora seria espalhar nosso nome pelo nosso país com uma turnê nacional de divulgação do nosso álbum. Mas sempre nos deparamos com esse problema e raramente achamos uma solução para ele.

Banda deseja fazer turnê nacional. Atenção produtores de fora de São Paulo!

RtM: Ainda sobre shows, a banda conquistou maior visibilidade sendo o grupo de abertura de shows de bandas como Delain e até mesmo a musa Tarja Turunen. Desnecessário perguntar como foi a receptividade desse público, mas vocês podem nos contar um pouco, e também às bandas que estão começando, qual a importância e sensação de dividir o palco com nomes conceituados internacionalmente?

Eric Zambonini
Helena: Foi tudo maravilhoso! Esses shows nos abriram portas importantíssimas, e conseguimos atingir um público muito maior! Ser banda de abertura nunca é uma tarefa muito fácil... muitas das pessoas que estão ali só querem ver a banda principal e ponto. Não estão nem aí se há alguma outra banda batalhando por um espacinho no meio. É compreensível, na verdade. Costumo falar que, de modo geral, quem está no público não tem o dever de saber se aquela banda de abertura batalhou para estar ali, se passou por ‘’perrengues’’, etc. Eles querem ter uma noite bacana, com som bom e de qualidade. E é o que tentamos passar para eles: o nosso melhor, sempre! Se alguém ali não curtir, paciência... é normal, gosto é gosto. É óbvio que não agradaremos a todos, isso é impossível. Nem bandas grandes e tradicionais agradam a todos... Mas sentimos que esses shows valeram muito a pena para a Ecliptyka!  Conquistamos diversos novos fãs e ótimas resenhas!

RtM: “We Are the Same” já está chegando aos 250 mil acessos no Youtube. O vídeo se destaca pela ótima produção (por Bruno Vargas e dirigido por Guilherme De Lucca) e temática, aliás, temática presente nas letras da banda, que tratam sobre a relação do homem com o planeta Terra de forma insustentável. Quem trabalha nessa parte de composição dos temas e qual a ideia por trás disso, seria um reflexo das preocupações mais que pertinentes acerca do destino da nossa natureza e dos seres vivos? (Assista o vídeo no fim da matéria).

Gravação do clipe "We Are the Same" (Valinhos/SP)
Helena: O tema desse nosso álbum surgiu de um consenso entre todos nós da banda. Queríamos ter um cd temático e esse tema é o mais explícito hoje em dia. Além disso, esse assunto é algo que sempre nos incomodou muito, por isso seria algo fácil de se escrever. Eu sou bióloga, vegetariana e amante da natureza! Eu me deliciei com esse tema na hora de escrever as letras (risos)! Nós temos como objetivo da banda passar um conteúdo com nossas letras. E essa negligência do ser humano com a natureza e com os outros seres vivos é burra e simplesmente inaceitável. Nós fazemos parte do mundo... não faz sentido virarmos as costas pra tudo que está acontecendo e fingir que nossos atos não terão conseqüências.

RtM: “Splendid Cradle” é uma canção seminal, até deixo a sugestão de ser o segundo vídeo do grupo, hehe. Mas é a sua versão em português, “Berço Esplêndido” que surpreende. Aqui sempre valorizamos as canções na língua portuguesa, por acreditar que é possível fazer Heavy Metal na língua natal sem soar deslocado, como muitos pensam. Como a banda chegou a idéia de gravar uma música em português, mantendo inclusive a participação do Danilo (Mindflow) também nessa versão?

Helena: Essa idéia surgiu de um festival do qual queríamos participar, mas teríamos que ter pelo menos uma música em português, pois era um festival que visava incentivar música brasileira. Começamos a cogitar como ficaria alguma das nossas músicas em português e vimos que em Splendid Cradle ficaria realmente bom, também pelo fato da letra falar sobre problemas que temos em nosso país. Por algum tempo ficamos relutantes em colocar Berço Esplêndido no cd, pois não sabíamos qual seria a reação do público. Fizemos uma ‘’pesquisa de mercado’’ bem rápida, e vimos que poderia dar certo! E quando conversamos com o Danilo sobre ele gravar Splendid Cradle, ele adorou a idéia de fazer parte da versão em português também! Não pensamos duas vezes.

RtM: Vocês já possuem um show agendado para fevereiro. Como anda a agenda para o restante do ano? Podemos esperar uma banda dedicada aos palcos ou já preparando um novo disco, sucessor de “A Tale of Decadence”?

Helena: Estamos com poucos shows marcado para este por enquanto, e na verdade, o plano é manter o ritmo mais ou menos desse jeito, pois estamos nos dedicando a novos projetos! Um deles é sim o álbum sucessor de “A Tale of Decadence’’. Já estamos trabalhando nas composições novas e esse é um processo árduo e trabalhoso. Estamos também nos dedicando à turnê americana que acontecerá em julho.

Banda já trabalha em novo disco

RtM: Queremos agradecer pela conversa. Esperamos que 2012 seja um ano de muito sucesso e trabalho para a banda. Podem utilizar este espaço que é de vocês.

Helena: Nós é que agradecemos pela oportunidade! Ficamos sempre muito felizes de poder disseminar nossas idéias pro público. 2012 será um ano de muita batalha para a Ecliptyka, sempre com muito suor e paixão pelo o que fazemos. Gostaria muito de agradecer todos os nossos fãs e amigos que têm nos apoiado nessa jornada, e têm tornado tudo tão divertido, prazeroso e recompensante! Sem vocês com certeza não teríamos conquistado metade do que conquistamos até agora. Muito obrigada!

Entrevista: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação, Henrique (www.zhp.com.br) e Rafael Blanco

Acesse os links abaixo e conheça mais sobre essa revelação do Metal nacional

Email para contato: contact@ecliptyka.com

Assista "We Are the Same"

Leia a matéria sobre o álbum aqui.

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