domingo, 29 de abril de 2012

Pronto Para o Headbanging? Supersonic Brewer Garante Peso e Groove

Banda de Bento Gonçalves mostra que no Rio Grande do Sul temos todas as vertentes do Metal

Estou me repetindo pela milésima vez ao dizer que temos uma das melhores cenas Heavy Metal do mundo e, apesar desse “baque” negativo que foi o Metal Open Air e todo seu fracasso, não podemos deixar a bola parada e pensar que tudo acabou.

O. Durli comanda os vocais e baixo
Quando recebemos material de bandas que ainda não possuem um nome consolidado (que muitas vezes precisarão de muitos anos e de trabalho duro para isso), sempre temos uma grande responsabilidade, por isso às vezes é preciso um bom tempo ouvindo e pesquisando sobre o grupo.
            
Tenho escutado muito o álbum de estreia da banda Supersonic Brewer, lançado em 2011, “Broken Bones”, enviado pela banda na tentativa louvável de mostrar seu som.
            
A banda existe desde 2004 em Bento Gonçalves/RS e na luta por manter uma formação fixa, conseguiu gravar e finalizar seu disco de estreia somente sete anos depois, algo lamentável, por um lado, pois poderíamos ter mais material já disponível tivesse a banda maior apoio, mas por outro também deve ter preparado a banda para oferecer essas oito músicas do seu debut.
            
Primeiro que o grupo caprichou na arte, com encarte com as letras e num estilo que casa muito com a proposta sonora da banda, que é um som pesado, com riffs Thrash, caminhando pelo Groove Metal, naqueles moldes que o Pantera fazia, mas com um peso que lembra Metallica fase Cliff Burton (baixista nos três primeiros trabalhos). Uma diferença, porém, são os vocais de Vini Durli (também baixista), que são guturais como em uma boa banda de Metal extremo.
            
Abra uma cerveja e ponha para tocar "Broken Bones" e garanta um ótimo Thrash/Groove Metal


Numa audição inicial, você pode até pensar que a banda deveria optar por vocais mais limpos. Com o tempo, passa a perceber que ficou algo bem interessante, marcando um diferencial em relação às outras bandas de proposta semelhante.
            
É nítido a influência de Dimebag Darrel (guitarrista do Pantera morto em 2004) nas palhetadas de Rodrigo Fiorini e Maurício Menegotto. Não soam como meras cópias, mas irão agradar quem curte esse tipo de riffs, com certeza. Para garantir o peso extra, Evandro Carlos senta o braço na bateria, mostrando que está preparado para tocar esse tipo de som sem problema nenhum, caprichando nas viradas e fazendo uso constante dos mais diversos pratos.


Evandro Carlos senta o braço na batera

Nas oito faixas de muito Thrash/Groove Metal, que versam sobre diversos temas, ajudado pelos guturais não tão extremo, mas sujo, temos uma banda com muito energia e “sujeira”, um som que se ouve batendo cabeça com uma garrafa de cerveja na mão.
            
Músicas como “Dead Men Make no Shadow” e “Destruction Overtruck” te faz lembrar a capa do “Vulgar Disply of Power” do Pantera: um soco na cara! Aliás, essa é a característica quase total durante os 40 minutos do álbum.
            
Abrir o álbum com “Last Call” foi uma boa ideia, afinal é uma grande canção, com muitos riffs pesados e energia que faz cabeça nenhuma ficar parada. A canção que foge um pouco da proposta, mas só no seu início, para depois cair numa enxurrada de solos, riffs cadenciados é “Blood Washed Hands”, uma das minhas favoritas do disco e ótima para começar o dia ouvindo-a.

Fiorini e Menegotto são os responsáveis pelos riffs empolgantes e sujos

Um detalhe interessante e honroso é a homenagem que a banda faz, na última página do encarte, para o ex-baterista Vinicius Vacari, já falecido, que, segundo me contou o Durli, foi o responsável pela sua entrada na banda e era quem mais desejava que “Broken Bones” fosse gravado. Infelizmente, partiu antes da banda começar a gravá-lo, agora com o Evandro.
            
Parabéns à banda pelo ótimo trabalho nesse primeiro registro completo. Que tenham o apoio necessário dos headbangers para que o grupo siga em frente e nos brinde com discos tão ou ainda melhores que “Broken Bones”.

Stay on the Road

Texto: Eduardo Cadore
Edição: Eduardo Cadore
Fotos: Supersonic Brewer

Ficha Técnica
Banda: Supersonic Brewer
Álbum: Broken Bones
Ano: 2011
País: Brasil
Tipo: Thrash/Groove Metal
Selo: Independente





Formação
Vinícius O. Durli (Vocal e Baixo)
Rodrigo Fiorini (Guitarra)
Maurício Menegotto (Guitarra)
Evandro Carlos (Bateria)



Tracklist
01- Last Call
02 – Extermination
03 – Illusion
04 – Ready For Another Bings
05 – Dead Men Make No Shadow
06 – Blood Washed Hands
07 – Destruction Overtruck
08 – Society in Ruins

Acesse e conheça mais sobre a banda

Adquira o álbum através do email vinikilmister@hotmail.com

sábado, 28 de abril de 2012

Juggernaut: Thrash Metal Maniac!



Depois de longos quatro anos, a banda catarinense Juggernaut lança seu 2° álbum, o excelente “Ground Zero Conflict”, que de fato mostra evolução desta grande banda, que mostra seu Thrash Metal técnico e agressivo em sete composições que farão você perder o pescoço.

Formada por Célio Jr. (guitarras), Valda (baixo, ex Rhestus), Cícero (vocal) e Carlos (bateria) o Juggernaut mostra uma competência absurda em um álbum com uma bela produção, que apesar da crueza do Thrash aqui praticado, soa límpida dando destaque a todos os instrumentos e também temos uma parte gráfica   magnífica, capa muito boa aliada a um belo encarte, o qual contém todas as informações necessárias.

Mas vamos agora a principal parte deste contesto: as músicas! Se você é fã de Kreator, Death, Sadus e afins, encontrara aqui o que faltava em sua coleção, pois o Juggernaut mostra suas influências, mas em nenhum momento soa como uma cópia. Ouça “Taking Life to Save Life” e “Shadows of Reality”, ambas abrem o álbum com muita personalidade, aliando muita técnica a riffs matadores e um vocal insano que nos lembra em muito Mille Petrozza (Kreator).


Dando continuidade ao massacre temos “Lost in Collapse” e “The Last Awakening” com suas quebradas de tempo inesperadas e com um baixo bem acentuado, fazendo você lembrar imediatamente da banda Death no final dos anos 90.

“UnderCurrents” fecha o álbum com uma veia mais old school e direta, com riffs ferozes e uma cozinha que esbanja competência, sem contar as vociferações de Cícero que são um show a parte.

Uma banda sem frescuras, que seu principal objetivo é fazer o headbanger perder o pescoço de tanto bangear, e é isso que você encontrará ao escutar este petardo da cena nacional.

Não recomendado para pescoços frágeis.



Resenha por: Renato Sanson
Edição/Revisão: Renato Sanson
Fotos: Divulgação



Ficha Técnica

Banda: Juggernaut
Álbum: Ground Zero Conflict
Ano: 2012
País: Brasil
Tipo: Thrash Metal
Selo: Independente



Formação

Célio Jr. (Guitarra)
Valda (Baixo)
Cícero (Vocal)

Carlos (Bateria)



Tracklist

1. Taking Life to Save Life
2. Shadows of Reality
3. Free Words to Fight
4. Lost in Collapse
5. The Last Awakening
6. Faces of Wax
7. UnderCurrents

Acesse e conheça mais sobre a banda


Assessoria: Wargods Press

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Unisonic: Superando Comparações Sem Esquecer o Passado Glorioso

Primeiro disco da banda dos ex-Helloween poderá ser um novo clássico

Não é novidade que Kai Hansen (Helloween, Gamma Ray) e Michael Kiske (Helloween, solo) deixaram as animosidades para trás há anos, culminando com as turnês mundiais junto ao Avantasia.
            
Kai Hansen e Michael Kiske
Mas talvez o que não esperávamos era de que ambos unissem forças e seus talentos natos para produzir o melhor disco de Power Metal do ano, daqueles que levanta os saudosistas dos anos 80/90 que ainda existem.
            
A verdade que Unisonic, nova banda da dupla, é bem recente e pode já pular as etapas de qualquer banda iniciante, afinal, além de dois dos criadores do Power Metal, o gabaritado quinteto ainda conta com Dennis Ward (Pink Cream 69, Place Vendome) no baixo, Mandy Meyer na guitarra e Kosta Zafiriou (Gotthard) na bateria. Time de primeira!
            
A banda havia lançado o EP “Ignition” (resenha aqui) que tirou o fôlego de quem esperou mais de duas décadas para que Hansen e Kiske voltassem a tocar como colegas de banda (para além das participações especiais).

Agora é a vez do disco homônimo da banda, “Unisonic” (2012), ter tudo para se tornar um clássico do gênero, o que, convenhamos, está cada vez mais difícil, afinal esse gênero está em decadência.

Unisonic no primeiro (e único, até agora) vídeo oficial
            
O álbum traz 11 canções, algumas já conhecidas, como a faixa-título “Unisonic” (assista o vídeo oficial abaixo), outras com aquele clima clássico que tínhamos no Helloween dos anos 80 (“My Sanctuary” se destaca desde o EP), além de alguns momentos típicos dos últimos trabalhos de Kiske com o Place Vendome (ajudado em muito pelos ex-membros da banda) e carreira solo, ou seja, aquele som mais limpo e bem produzido.
            
Time de renome sem guerra de egos
Músicas como “Star Rider” causam aquela nostalgia, especialmente com os vocais de apoio de Kai Hansen (quase como se tivéssemos entrado numa máquina do tempo), o que acontece também “na parada” da música “My Sactuary” e em “King For A Day”. “We Rise”, “Never Too Late” e “Never Change Me” (de bater no peito de tão boa) seguem essa linha mais clássica, que irão agradar os fãs, com certeza.
            
Vale um adendo para a belíssima “No One Ever Sees Me” que fecha o álbum e mostra porque Kiske tem uma das vozes mais lindas que se é possível ouvir. Que interpretação dessa triste canção. Grande destaque à altura de “A Tale Doesn’t Right” (Helloween).
            
Arriscaria dizer que, de modo geral, este disco supera em qualidade os últimos discos do Helloween e alguns Gamma Ray, o que já é algo, no mínimo, muito legal, especialmente se você curte o Power Metal alemão que só essa dupla Hansen-Kiske foi capaz de fazer. Ouça sem medo.

Stay on the Road

Texto: Eduardo Cadore
Edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Unisonic
Álbum: Unisonic
Ano: 2012
País: Alemanha
Tipo: Power Metal/AOR
Selo: earMUSIC/Edel

Formação
Miachel Kiske (Vocal)
Kai Hansen (Guitarra e Vocais de Apoio)
Dennis War (Baixo)
Mandy Meyer (Guitarra)
Kosta Zafiriou (Bateria)



Tracklist
01- Unisonic
02 - Souls Alive
03 – Never Too Late
04 - I’ve Tried
05 – Star Rider
06 - Never Change Me
07 – Renegade
08 – Sanctuary
09 – King For A day
10 – We Rise
11 – No One Ever Sees Me

Acesse abaixo e conheça mais sobre a banda

Compre o álbum pela Die Hard clicando aqui.

Assista ao vídeo oficial de “Unisonic”


Veja a dupla Hansen-Kiske tocando “Star Rider” acústica




Assista “We Rise” acústica



quarta-feira, 25 de abril de 2012

Resenha de Shows: Massacre 2012 Mostra a Força do Metal Cristão


Dentro do período em que estive em Florianópolis, não tive muita oportunidade de conhecer a cena dessa linda capital de Santa Catarina.

Mas numa escapada, de última hora, pude conferir a 5º edição de um conceituado festival da cidade e região, o Massacre, que é organizado pelo grupo CMF (Christian Metal Force), que também possui representantes em São Paulo e, aqui no sul, tem Marcelo Lessa como uma das figuras líder.

Público chegou ao número de 400 pessoas (desculpem a falta de qualidade da imagem)
          
Vencendo certo desconforto (como o festival era numa igreja, não havia bebida de álcool e quase nenhuma opção de bebidas em geral ou lanches) e a total falta de pessoas conhecidas por perto, pude conferir algumas das 16 bandas que tocaram em São José, região metropolitana de Florianópolis, dia 17 de março.
            
Vale dar os parabéns pelo ótimo som que em poucos momentos apresentou problema (os mais prejudicados foram a galera da banda Dragon’s Cry) e pela ideia de colocar dois palcos em lados opostos do local, evitando aquela espera às vezes longa entre uma banda e a outra.

Landwork foi o grande destaque do Massacre V
            
Infelizmente, cheguei atrasado e sai antes do término. Também pudera, tantas bandas, mas para quem conferiu o evento que começou as 15 horas e foi acabar só à noite, não teve muito o que reclamar.
            
Phonica
No inicio do festival, tivemos predominância de bandas Metalcore, como a Rage of Ripsheep que, embora não me agrade (questão de gosto pessoal), agitou quem estava ali para ouvi-los e mostravam bastante energia em cima do palco, assim como 4 Words, banda cover do Bullet For My Valentine.

Do lado mais alternativo, tivemos a banda Phonica, formada por músicos de outras a bandas de Santa Catarina que, mesmo sendo a mais diferente do festival, também agradou o público que os ouvia, mesmo com uma sonoridade mais acessível e comercial.
            
Landwork
Particularmente (e me desculpem a rapaziada da banda), não consegui entender a proposta da banda Desfake, de Blumenau/SC que, numa tentativa frustrada de fazer um som pesadíssimo, beirou a tosquice, pelo menos nessa apresentação. Quem sabe o grupo consiga algum dia fazer algo de qualidade, na minha opinião, claro, já que sempre há quem goste.
            
Do Rio Grande do Sul, a banda Fermo levou seu Metalcore com efeitos eletrônicos curiosos. Em primeiro lugar, de cara o visual da banda não agrada os headbangers mais ou menos radicais e a sonoridade segue a mesma linha, porém, que é curioso um grupo como esse utilizar músicas eletrônicas entre as suas, deu um certo ar de ousadia e deu para ver que havia pessoas no festival aguardando a apresentação dos gaúchos que, após o Massacre, também e apresentaram em outro festival no mesmo dia, então, algum mérito essa gurizada tem.

Sendo honesto, a vontade era de abandonar o festival: o cansaço batia, não havia o que beber nem com quem bater papo (não sou de fazer amigos fácil, hehe), mas ainda dando chance para o Massacre me surpreender, eis que vejo a primeira banda que me fez mexer os cabelos: Landwork.

Dragon's Cry

A banda tem um som entre o Groove e o Thrash Metal, com um som moderno e sujo, nos moldes do que o HellYeah! tem feito. Realmente uma apresentação direta e marcante, que já me faz acompanhar a banda a partir do show. Nítido a honestidade do grupo em cima do palco, sem soar forçado (como algumas bandas que vi) ou falsificado.
            
Seguiu-se uma enxurrada de bons shows. No placo “principal” (era o maior, mas ambos tinham boa estrutura) subiu Stigmata, também de Santa Catarina. Legal quando uma banda surpreende positivamente. Embora a vocalista fosse linda, ao subir no palco com um estilo mais “alternativo”, podíamos até pensar que veríamos mais uma banda de Metalcore, mas a verdade é que o grupo desfilou o Death Metal Melódico no melhor estilo Arch Enemy (que, até pelo nome da banda, deve ser a maior influência). A mocinha urrava com qualidade, mesclando alguns vocais limpos e tendo uma postura no palco ora tímida, ora com muita energia.

Stigmata foi um dos destaques positivos do festival

No outro palco, sem delongas, a banda de Curitiba/PR Survive desfilou o Death Metal puro e cru que, mesmo com temática cristã e algum discurso entre as músicas, colocou muitos pescoços a rodopiar. Destaque para a música “Son of God” (uma das poucas que memorizei o nome em todo o festival): paulada na orelha, com riffs que qualquer amante de Deicide iria se arrepiar.

Era chegada a hora da Prophecy, banda do organizador Marcelo Lessa (bateria) que ficava entre o Death Metal e o Thrash Metal. O grupo era bastante esperado e não decepcionou, fechando o set que tinha músicas próprias e covers, com uma versão matadora de “Territory” (Sepultura).

Survive
O cansaço já estava grande, mas ainda restava energia e vontade de ver o show da Dragon’s Cry. A banda era a única de Power Metal. Infelizmente, das que assisti, foi a única que enfrentou sérios problemas de palco. Primeiro, e o pior, era o fato de que os teclados não estavam funcionando, o que deixou as músicas “pobres”, se comparados com as versões em estúdio. Em segundo, o palco que a banda tocou, que poderia ter sido no maior, especialmente por ter mais integrantes.
            
De qualquer modo, o grupo superou as dificuldades e se apresentou mesmo assim. Mas não temos como negar que a apresentação poderia ter sido bem melhor não fosse os problemas técnicos. 

Prophecy

A última banda que pude conferir foi a Hawthorn e, à exemplo de algumas das já citadas, fez um grande show e mostrou o poder de seu Black Metal Sinfônico, liderado pela bela e agressiva (em cima do palco) vocalista Amanda, o grupo trouxe uma atmosfera sombria, com direito à figurino de acordo com o som extremo do grupo. Um dos grandes destaques do festival.
Hawthorn

Depois disso, já estava na hora de ir embora e voltar para o hotel.
            
No saldo geral, Massacre V foi bastante interessante, apesar de diferenças logísticas que não estava acostumado (começar cedo, tantas bandas, quase nenhuma estrutura de bebidas e alimentação próxima). Sai com a sensação de que, finalmente, pude conhecer um pouco mais dessa cena liderada pela CMF. Saudações aos guerreiros que, independente da religião, levantam a bandeira do Metal em todo o Brasil.

Stay on the Road

Texto: Eduardo Cadore
Edição: Eduardo Cadore
Fotos: Road to Metal (proibido uso sem autorização)

Cast de bandas
RAGE OF RIPSHEEP
4 WORDS
PHONICA
DESFAKE
FERMO
LANDWORK
STIGMATA
SURVIVE
PROPHECY
DRAGON'S CRY
HAWTHORN
NEVER DIE
DESERTOR
ANALISE TÁTICA
18 voutz

Confira dois vídeos das apresentações, sendo o primeiro produzido pela banda Hawthorn (obs: o segundo apresenta baixa qualidade, mas serve como registro)

Hawthorn (Official da banda)

Stigmata



terça-feira, 24 de abril de 2012

Atrocity & Yasmin: Música Sem Fronteiras e Sem Preconceitos


O Atrocity, banda alemã liderada pelo músico e produtor Alexader Krull, sempre foi uma banda sem medo de mudar ou ousar, arriscando a levar o rótulo de "Ame ou Odeie", lançando trabalhos distintos, que vão desde um Thrash/Death cru e pesado encontrados em primeiros trabalhos como "Blue Blood" e "Hallucinations" , que é um álbum conceitual sobre o uso de drogas, a um em parceria com o grupo gótico/eletrônico Das Ich, e ainda os dois "Werk 80", onde gravaram versões Metal de músicas dos anos 80!

Em 1995, no mesmo ano que lançaram o álbum em parceria com Das Ich, também veio à tona "Calling The Rain", MCD de pouco mais de 37 minutos, contando com a irmã de Alex, a talentosa Yasmin Krull, que já havia participado do álbum "Blut". A inclusão dos vocais femininos chamou bastante a atenção, pois na época, ainda não era algo tão comum, e, tanto os fãs como a banda gostaram muito do resultado, levando a produzirem um trabalho com mais músicas em parceria com Yasmin.


Em "Calling The Rain", a participação e colaboração de Yasmin foi muito maior, com a vocalista compondo e tocando flautas.

O álbum ganhou muito destaque e foi muito elogiado, trazendo canções inspiradas e predominantemente acústicas, algo bem diferente para uma banda que até então era tida como Death Metal.

Como não foi algo muito comum para a época, o estilo ali encontrado chegou a ser chamado de "Ethno Metal", claramente pelas melodias étnicas e folk. O próprio Alex declarou que achou engraçado o termo, criado pela imprensa, que geralmente tem a necessidade de rotular, até para tentar situar o ouvinte, e apesar de não gostar de rótulos, aceitou o título, pois "Caling The Rain" pode-se dizer que é um trabalho que engloba "World Music" e ritmos étnicos, então as resenhas eram bem cabíveis.

Como falamos, o álbum teve muito destaque e foi muito bem recebido, e o Atrocity passou a ser visto de uma outra forma, como uma banda sem medo de ousar e estava subindo a um outro patamar.


Os destaques do álbum são a faixa título, que também ganhou um vídeo, e tem todos os elementos que aguçaram os sentidos da cena quando do lançamento. Percussões, guitarras acústicas, flautas, cânticos folclóricos, tudo criando um clima mágico e místico; "Back From Eternity", é mais melalcólica, sem deixar o trabalho de percussões de lado, destacando o refrão, em que Alex canta em um tom grave, que deve ter servido de influência para muitas bandas de Gothic Metal, e, mostrou que sabia muito mais do que berrar furiosamente; "Land Beyond The Forest", tem guitarras plugadas e vem com mais peso, mas traz os climas étnicos e folk, no que podemos até chamar de "Folk Metal"; "Migrants' Shade", segue uma linha muito parecida com a faixa título, destacando os vocais em contraponto dos irmãos.
Uma maravilhosa pérola musical, que deixou todos com aquele gosto de "quero mais".


Após o lançamento de "Werk 80 II", Alexander decidiu que o próximo trabalho seria novamente em parceria com Yasmin, sentiu que a hora havia chegado. 

Em 2010, 15 anos depois do lançamento de "Calling the Rain", após um período de composições e gravações realizadas no "Mastersound", "After the Storm"  vê a luz do dia, trazendo, finalmente, a continuação natural daquela aclamada peça, trazendo a mesma atmosfera, porém, contando com uma produção melhor e mais madura, sem falar que desta vez, ao invés de um mini-álbum, fomos presenteados com um full-lenght.

Produzido, gravado, mixado e masterizado pelo próprio Alexander, que também escreveu todas as letras, "After the Storm" traz um apanhado de canções repletas de magia e mística, trazendo influências celtas,  envoltos em em sons acústicos, flautas e percussões.


Os vocais etéreos de Yasmin, e o tom grave e "dark" da voz de Alex, fluem em perfeita sintonia. Pode ser um CD difícil de digerir para alguém que não está acostumado ao trabalho do Atrocity, ou simplesmente por aqueles que preferem a faceta mais pesada da banda, como nos primeiros discos, mas os fãs da banda, que certamente possuem uma mente mais aberta, aprovaram, assim como fãs de trabalhos que seguem essa linha mais atmosférica, contendo influências étnicas e folk. 

A chamada para promoção do álbum dizia: "Ethno Meets Metal". Olha aí o rótulo aquele, comentado no início. Realmente, pode até ser usado para dar uma idéias da sonoridade contida no álbum, mas o que você vai encontrar é bem mais, e é daqueles trabalhos para serem ouvidos com atenção e que precisa, e merece, várias audições.


Destaques? "Call of Yesteryear", "After the Storm" e "The Otherworld" podem servir de carta de apresentação para você que não está familiarizado com essa faceta da banda, ou não ouviu o trabalho e não sabe o que esperar.

Música inspirada e sem fronteiras, e que não pare neste álbum. Em se tratando de Alexander Krull, podemos esperar, ou melhor, não sabemos o que esperar, mas que venham novos trabalhos em conjunto com sua irmã igualmente inspirada e talentosa, Yasmin Krull.

Vale lembrar que recentemente a Napalm Records lançou uma edição dupla, com slipcase, contendo os dois trabalhos em versão digipack, um belo item para fãs e colecionadores, digno da música ali encontrada, sendo que na edição remasterizada de "Calling the Rain", contida nessa edição dupla, foi incluída "Desert Land" como bônus, faixa gravada em 2000 para uma coletânea.

Texto: Carlos Garcia
Revisão: Lars Lannerback
Edição: Carlos Garcia



sábado, 21 de abril de 2012

"Metal Open Air" Deixa Cena Metal Brasileira de Luto


Impossível ficarmos alheios, e também muito difícil conseguir comentar algo, afinal, são muitos sentimentos, raiva, frustração, decepção... 37 cancelamentos??? Más notícias pipocando a todo momento! Bandas e público, alguns na estrada, sem saber de nada!!!! E isso poucas horas antes do início do referido "festival" !!!???

O que os tais "produtores" fizeram com público e bandas é algo que merece todo o repúdio.
Quanto prejuízo, quanta decepção, expectativas frustradas.

Não dá pra imaginar a surpresa e decepção das pessoas, que, ao chegar no local, os portões ainda não estavam abertos, não encontraram estrutura montada, não encontraram área de camping, não sabiam se alguma banda iria se apresentar!


Pessoas viajaram quilômetros e ficaram sem shows, sem estrutura no local, sem informações, sem banheiro, sem segurança, sem água, sem tratamento digno...e ainda bem que nada de mais grave aconteceu (pelo menos pelas informações que temos até agora, apesar de que informaram sobre assaltos). Parabéns ao público que estava ou está ainda no local, que, ao contrário dos "produtores" do festival, mostraram que são cidadãos respeitáveis, porque, do contrário, poderia ter acontecido algum linchamento!!!!!
E a imagem do Brasil? Como fica? Esses irresponsáveis devem ser punidos. Alguns sites no exterior já noticiam o "fiasco". Veja no Blabbermouth, por exemplo.(Clique Aqui)


Eu esperava ansioso estas datas, para quem sabe ver nos noticiários, no Jornal Nacional, reportagens mostrando milhares de Headbangers realizados e celebrando um grande acontecimento, mas, infelizmente, esse pesadelo, mostrando a falta de organização e de respeito e a tristeza e decepção do público enganado.

Esperamos que nada de mais grave aconteça, o que importa agora é a segurança e saúde das pessoas que lá estiveram, terão que voltar pra casa com a decepção e com a raiva de terem sido enganadas. Isso ficará na memória para sempre, e nenhuma compensação financeira pode remediar o que todos devem estar sentindo, e, também, com toda essa picaretagem demonstrada, dificilmente alguém será ressarcido mesmo.


Merece nota também, a atitude de algumas bandas, que lá estavam e acabaram tocando pelo público (na sexta, dia 20, houve vários shows, com atrações nacionais, como Almah e Shaman, e internacionais, como Anvil, Exciter, Exodus, Destruction, Orphaned Land, Simphony X e Megadeth, aplacando um pouco a decepção e dando uma pontinha de esperança) pois acredito que eles souberam entender muito bem a situação das pessoas que viajaram quilômetros e pagaram caro para assistir alguns de seus artistas preferidos.

No primeiro dia, algumas bandas ainda subiram ao palco, apesar da qualidade técnica terrível, falta de organização, das incertezas e atrasos.Com certeza 99% dos que subiram ao palco foi pelos fãs.

Neste segundo dia, sábado, ainda houveram shows, mas a situação é cada vez pior e o cancelamento definitivo é iminente.

A equipe do Megadeth, por exemplo, que contra todas as adversidades, tornou possível a banda apresentar um set, que apesar de curto, pelo menos mostraram que tem respeito pelos fãs, não fizeram isso para ajudar ou apoiar uma produção que enganou e lesou incontáveis envolvidos.

Dizem que brasileiro tem memória curta, mas vamos mostrar que não! Vamos guardar os nomes dessas pessoas irresponsáveis, não vamos esquecer de quem brincou com a segurança, com as expectativas, com o bolso, com a seriedade das bandas "contratadas", com os nossos sonhos, e ainda teve a perspicácia de desrespeitar todo mundo com palavras de baixo calão através do twitter! Onde estavam essas pessoas quando as bandas ligavam buscando confirmações ou explicações??? (o pessoal do Hedhunter DC, por exemplo, ficou horas de malas prontas, aguardando, ligando, e nada, ninguém atendia, nenhuma explicação) Por quê deixaram tudo estourar praticamente em cima da hora????? Essa atitude mostra a "honestidade" dessas pessoas.

NÃO ESQUEÇAM!!!!!!!! 

Metal Open Air, Eu Fui...Enganado! Seria uma boa ideia de camiseta!

Veja AQUI fotos e matéria no site UOL. Muito triste ver algumas imagens, a decepção das pessoas e as condições precárias. Melancólico.

Se podemos tirar algum alento, algo positivo, acho que a atitude civilizada do Bangers, das bandas que lá estavam e subiram ao palco pelo público, e que alguém competente veja que os fãs de Metal se mobilizam, que o Brasil tem público, e se alguém realmente sério e competente investir, podemos, quem sabe no futuro, ter um festival nos moldes do Wacken, mesmo que em menor escala, por aqui. Mas que vai dar um medinho de encarar qualquer "promessa" vai! Vai ficar o trauma e o medo do público de não entrar em roubada novamente.

Abaixo, não sei quem é o autor, mas reproduzo uma montagem que reflete com humor a indignação das pessoas enganadas, e o que se tornou o sonhado festival: Uma pegadinha! E de muito mau gosto!


Entrevista - SenandiomA: Cena Nordestina Em Alta



“Thrashers de Aracaju” isto define a banda SenandiomA que está em constante divulgação de seu segundo lançamento o EP “Order And Progress...Lies And Death!” (leia resenha aqui.) e também despontando na cena nordestina com seu Thrash Metal oitentista. Falamos com o baterista Zeca Oliveira que nos conta um pouco da história da banda, além dos planos futuros e da cena nacional. Com vocês SenandiomA Thrash:


RTM: Primeiramente gostaria de agradecer a todos da banda SenandiomA pela disponibilidade da entrevista e gostaria que você nos conta-se um pouco da trajetória da banda até seu momento atual.

Zeca Oliveira: E aí, Renato? Tudo certo, cara? Bem, antes de tudo, nós é que agradecemos pela oportunidade e pelo apoio constante que você e o “Road to Metal” nos dão. Muito obrigado mesmo.

Com relação a nossa trajetória, nos juntamos em 2003, quando tínhamos entre 15 e 16 anos. Um ano depois, mais especificamente em outubro de 2004, lançamos nosso primeiro material de estúdio, a demo intitulada "Welcome to War", que possui seis músicas. Daí começamos a fazer vários shows, com bandas como Violator, Headhunter D.C., Goreslave, etc. Em meados de 2006 eu deixei o baixo, que foi ocupado pelo Euler Neto, e fiquei somente nos vocais. Até que em 2007, por motivos diversos, a banda deu uma parada. Contudo, em 2010 retornamos com a formação original, compondo novas músicas no intuito de lançar um novo material. Entre julho/agosto de 2011 gravamos o EP "Order And Progress...Lies And Death!", que acabou sendo lançado em outubro do mesmo ano.


RTM: Uma curiosidade, qual é a origem do nome SenandiomA?

Zeca Oliveira: Essa é uma pergunta que quase todo mundo nos faz, até porque é normal já que o nome não é comum. Na verdade, quando resolvemos montar a banda, queríamos por um nome que não fosse clichê e não nos rotulasse entende? Não queríamos algo do tipo “Blood of num sei o que”, “Death num sei o que lá”... Daí o nome SenandiomA surgiu. Achamos que soava bem e que o nosso objetivo tinha sido atingido. A palavra tem só um significado: representa o nosso som e as nossas ideias.


RTM: Após o lançamento do EP “Order And Progress...Lies And Death!” vocês vêem em constante crescimento na cena underground, desde assessoria pela Wargods Press até diversos shows em seu estado incluindo alguns festivais, como está sendo esta bela recepção dos bangers para vocês?

Zeca Oliveira: Cara, nosso objetivo com a SenandiomA sempre foi o mais simples possível, sabe? Gostamos muito de Thrash, obviamente, e nos juntamos para tocar e nos divertir. Quando gravamos esse EP não imaginamos que a galera iria recebê-lo tão bem. Nós curtíamos o que estava sendo produzido e já bastava, entende? Daí, como você mesmo disse, as coisas foram acontecendo, o pessoal passou a nos chamar pra tocar e a recepção vem sendo realmente legal nos shows.


RTM: Como todos sabem a cena nordestina está em uma ascensão incrível, revelando diversas bandas de excelente qualidade para o meio metálico. Como é o reconhecimento destes talentos aí no nordeste? Existe algum tipo de apoio entre as bandas ou rola muita rivalidade?

Zeca Oliveira: Eu costumo dizer que as bandas brasileiras não ficam devendo nada às bandas gringas. Pelo contrário. Os caras lá fora tem muito mais estrutura pra gastar com produção e acesso mais fácil a melhores estúdios e ao mercado mundial. Ou seja, na verdade, eles é que ficam nos devendo. E, nesse contexto, as bandas nordestinas também estão inseridas. O nordeste realmente tem bandas muito boas. Nem me atrevo a citar nomes para não cometer injustiças (risos). Temos um prazer muito grande de termos criado vínculos, até de amizade mesmo, muito sinceros com camaradas baianos, alagoanos, paraibanos, enfim. Isso é muito positivo. Quando a cena cresce de conjunto, aí a coisa anda.  Ficamos mais fortes pra disputar espaço para o nosso som, nossa cultura. O Metal underground já é atacado por todos os lados. Já não somos muitos. Agora imagina se ficamos perdendo tempo disputando quem é o mais true? Quem é o mais extremo? Esse tipo de coisa não ajuda a cena a crescer. Só a joga mais e mais no gueto. Pra esse tipo de coisa, nem damos ibope. A SenandiomA tá aqui pra somar e não pra dividir.

Zeca Oliveira nos conta sobre a cena nordestina que está em crescimento  constante.

RTM: Como está sendo a divulgação do EP “Order And Progress...Lies And Death!”?

Zeca Oliveira: Uma dura batalha, mas gratificante. Não temos selo, então se você quiser comprar uma cópia desse EP, só conseguirá entrando em contato direto com a gente. Isso dificulta bastante às coisas. Mas estamos fechando algumas parcerias de distribuição do EP pelo Brasil e internacionalmente também. Quanto aos shows, por hora, estamos focando no Nordeste por questões de estrutura. Já as críticas ao material, vindas de todo o Brasil, foram todas muito boas até agora. Recentemente, saiu uma resenha na Roadie Crew muito positiva também. Enfim, não tem moleza. Mas estamos satisfeitos com os resultados significativos que tivemos em apenas cinco meses de divulgação do EP.


RTM: Recentemente vocês tocaram no II Hammer Metal Festival, ao lado de uma das grandes bandas do cenário extremo nacional o Luxúria de LilithLuxúria de LillithLuxúria de LillithLuxúria de LillithLuxúria de LillithLuxúria de LillithLuxúria de Lillith, como foi para vocês participarem deste grande festival?

Zeca Oliveira: Para nós um show é a melhor parte de se ter uma banda. Tocar e ver que alguém tá curtindo aquilo é muito bom. Assim como o outro “Hammer”, foi muito legal, principalmente porque esse evento é feito por um cara que luta bastante pela cena, ou pelo que ainda existe dela, aqui do estado. O Plínio é de uma cidade bem pequena, chamada Simão Dias, mas mesmo assim, além dos problemas enfrentados por todo mundo que produz evento, ele faz o “Hammer” da melhor forma possível. É um guerreiro. Foi um prazer enorme, isso sem falar da turma do Luxúria. Uma galera sem frescuras, sabe? Muito gente boa. Além de fazer um sonzaço Thrash Black.


RTM: Gostaria que vocês falassem um pouco sobre o conceito das composições do EP e também sobre o conceito da parte gráfica que além de ter um ar cartunista muito bem humorado é muito caprichada.

Zeca Oliveira: “Democrashit”, uma das faixas desse EP, resume bem o conceito que o envolve. Um dos versos diz “... the real democracy will come with our fight...” ou seja, se queremos mudar alguma coisa na sociedade em que vivemos devemos ir à luta. Ficar parado assistindo ao telejornal e resmungando não vai resolver nada. Assim poderíamos resumir o conceito do EP. Não é um princípio nosso fazer exclusivamente som politizado, sabe? Gostamos de abordar outras temáticas também. Mas, copiando o grande ator do Teatro de Arena, Gianfrancesco Guarnieri, só vale a pena cantar nas trevas, se for para cantar as trevas. Ou seja, a música deve refletir o mundo ao nosso redor.

Bem, com relação à capa, durante a criação desse EP a gente procurou muito um cara bom de traço e achamos, através do Facebook, o Jansen Baracho. Ele tem um traço cartunista, o que nos agradou bastante já que não queríamos uma capa no padrão de uma porrada que tem por aí. Daí passamos o conceito do álbum para ele e saiu essa capa. Quando ele nos enviou achamos bem legal, pois passa a essência do EP, que é alertar as pessoas para os únicos papéis que as elites querem que a gente represente: trabalhar até morrer para sustentar os ricos, enquanto a gente continua pobre, e votar para que eles continuem no poder. É isso o que as elites chamam de "progresso". É essa a ordem que elas querem manter.


RTM: O Heavy Metal nacional em um geral está passando por um de seus momentos mais difíceis em termos de publico nos shows que na maioria das vezes são baixos e da vendagem dos materiais oficiais, como vocês lidam com essa adversidade?

Zeca Oliveira: Concordo contigo de que vivemos um período de adversidades. Mas a dificuldade de vendas, particularmente, nos atinge pouco porque não temos a intenção de tirar grana. Não tiramos o nosso sustento disso. Mas, cara, estou envolvido com o underground desde um pouco antes da banda surgir e posso te dizer com toda certeza: não há público mais volátil do que o público banger. Hoje está assim, mas amanhã os shows podem lotar novamente. Com certeza você também já foi testemunha dessas variações de maré. E quem tentar achar um bom motivo para isso provavelmente não irá encontrar.


RTM: E ainda falando sobre a cena nacional, o que vocês pensam a respeito sobre as declarações polemicas de certos músicos para mídia dizendo que a cena está morta.

Zeca Oliveira: Nas últimas décadas, já ecoaram várias profecias de morte do Metal, morte do Rock etc. Mas eles estão aí. Talvez não tão firmes, nem tão fortes. Mas estão. No final da década de 1970, dizia-se que o Punk tinha matado o Metal. Mas o Metal se reinventou. Surgiu o Thrash e outros novos estilos. E certamente seguiremos nos reinventando.

Claro que existe o grande perigo dessa renovação, que é o de cair na lógica da música de mercado. E essa armadilha não é pequena. Particularmente, somos da linha “eu aceito o argumento, mas não me altere o Thrash tanto assim” (risos). Mas é inevitável: sempre trazemos timbres novos, linhas harmônicas novas etc. Isso é quase “natural”, afinal de contas, ninguém se banha no mesmo rio duas vezes, nem faz o mesmo som duas vezes. Isso é muito positivo. Eu acho o novo álbum do Krisiun um grande exemplo de como é possível se renovar, mas continuar com raízes sólidas. Inovar é preciso. Assim como a turma da Bay Área inovou nos anos oitenta, mas pegando carona no Speed do Motorhead. Assim como o Judas Priest foi pioneiro, mas com a mesma atmosfera pesada do aço inglês que deu origem ao Black Sabbath.

A música de mercado, as infiltrações das igrejas, através dessa coisa bizarra chamada White Metal, enfim. Não falta quem trabalhe para esvaziar e esquartejar o Metal. Mas, enquanto existir injustiça social, opressão ideológica, juventude, guitarras e garagens, ainda existirá Heavy Metal. É isso o que eu penso. Ainda tenho esperança.


RTM: A SenandiomA já tem previsão de quando lançará seu 1° álbum?

Zeca Oliveira: Temos um planejamento de lançar um novo material em 2013. Já estamos até compondo. Se vai ser um full ou um novo EP, vai depender da estrutura financeira que a gente conseguir montar até lá. Mas vontade é o que não falta de parir o primeiro álbum.


RTM: Se tratando de sonoridade, na SenandiomA temos o melhor do Thrash Metal anos 80 aliado a uma veia crossover, quais são as principais influências da banda?

Zeca Oliveira: Primeiro, agradeço o apoio. Realmente a nossa praia é o Thrash oitentista. Acho que quem ouve o nosso som pode notar muita influência de Slayer, Exodus, Metallica, Sepultura. Muita gente destaca também essa veia crossover. Curtimos muito D.R.I. e tal.  Mas confesso que, ao menos conscientemente, não tínhamos a intenção de levar isso ao nosso som. Talvez ele tenha ido parar lá via Gama Bomb, Municipal Waste e outras bandas mais novas de Thrash que ouvimos bastante e também têm essa pegada. Gostamos muito do resultado.


RTM: E quais são os planos para este ano?

Zeca Oliveira: Agora o lance é divulgar o “Oder And Progress... Lies And Death”. Estamos priorizando os shows no Nordeste, que tem um público muito receptivo e fiel e algumas cenas de peso. Outra linha prioritária para este ano são as parcerias para distribuição do EP no Brasil e no exterior.  Enfim, seguir com um plano de divulgação planejado para aproveitar ao máximo as nossas possibilidades. Mas, antes de tudo, o nosso plano é seguir nos divertindo. Porque antes de Renato, Robson, Cabeça e eu sermos uma banda, somos grandes amigos.


RTM: Em nome da equipe Road To Metal gostaria de agradecer a vocês por está ótima entrevista e o espaço final é de vocês.

Zeca Oliveira: Só temos que agradecer ao Road To Metal por todo o apoio. Esperamos nos encontrar mais vezes por essa estrada chamada Metal.



Entrevista por: Renato Sanson
Edição/Revisão: Renato Sanson
Fotos: SenandiomA


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Assessoria: Wargods Press