segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Resenha de Show: Soulfly - Épico & Inesquecível (Porto Alegre/RS)


Então o grande dia chegou! 28/08/2013, o dia que o Soulfly desembarcou pela primeira vez na capital gaúcha, um show esperado por muitos anos, sem contar que seria a volta do mestre Max Cavalera (vocal e guitarra) a Porto Alegre/RS (sua ultima passagem pela capital foi nos anos 90, ainda com o Sepultura tocando ao lado de Ramones e Raimundos).

Para esse que vós escreve não seria apenas mais um show, mas sim um sonho realizado, pois acompanho a carreira de Max desde os meus 12 anos, e sempre sonhei em vê-lo ao vivo, seja com o Sepultura ou com o Soulfly, e ter essa oportunidade seria um momento mágico, que realmente se concretizou em um show inesquecível.

Por volta das 21h as portas do Bar Opinião se abrem, ainda não tínhamos um grande público, mas que aumentava aos poucos. Devido a votação feita pela Pisca Produtora para ver quem o público escolheria para fazer a abertura do show, os escolhidos foram os thrashers da Distraught, que vem em plena divulgação de seu mais recente álbum, o poderoso "The Human Negligence Is Repugnant" (leia a resenha aqui).

Distraught fez jus ao ser escolhida pelo público como banda de abertura

Após um certo atraso eis que a Distraught invade o palco e logo de cara despeja "Bordeline", faixa de seu mais recente trabalho, e que mostra grande aceitação do público, com muitos presentes cantando a mesma. A interação do vocalista André Meyer com os presentes é sempre algo de se destacar, com uma presença de palco marcante e forte, o show seguiu com "The Human Negligence Is Repugnant", "Justice Done By Betrayers" e a arrasa quarteirão "Insane Corporation" (todas de seu mais recente álbum), onde Andre dividiu a galera pra fazer o clássico Wall of Death.

Realmente a banda está em um momento muito bom, os músicos dotados de muita técnica, além de ter uma energia absurda no palco. O show ainda teve "Reflection of Clarity" e para fechar "Hellucinations" (ambas do álbum "Unnatural Display Of Art" de 2009), uma apresentação curta, mas eficiente, onde deixou os presentes satisfeitos com mais um grande show dessa banda que ganha cada vez mais seu espaço na cena nacional.

Primeira vez do Soulfly em terras gaúchas

Após uma rápida troca de palco, era notável a ansiedade dos presentes, sendo que a casa já estava bem cheia, e eis que o mestre de cerimônias da noite Pisca entra em palco para anunciar o Soulfly, e após uma contagem regressiva comanda por Pisca, Max e sua trupe adentram o palco do Opinião, deixando os presentes eufóricos, não pude conter a emoção de ver tão de perto o meu maior ídolo da cena nacional, e após Max agradecer a todos os presentes, o show inicia de forma arrasadora e "Plata o Plomo" (que pertence a seu último álbum "Enslaved" de 2012), fazendo o Opinião explodir, e com sua maestria como frontman, fez todos cantarem do começo ao fim.

Dando sequência a destruição "Prophecy" (do álbum homônimo de 2004) e "Back To The Primitive", com todas sendo cantadas em uníssono pelos bangers, e com Max comandando a massa, e sempre incentivando ao "Circle Pit", e interagindo muito com o público.

Em seguida tivemos "No Hope = No Fear" (que pertence ao primeiro álbum), com todos pulando e agitando, transformando o Opinião em um verdadeiro caldeirão, e posso dizer que nesta música foi o momento mais especial e inesperado do show para mim e quem estava ao meu lado conseguia ver a minha empolgação e felicidade de estar ali, e ao final de "No Hope = No Fear" Max parou e deu uma olhada para platéia, como se procura-se alguém, e ele olhou direto na minha direção, apontou e veio entregar na minha mão a palheta que estava usando, agora você imagine, um fã que acompanha o trabalho de seu ídolo desde criança receber tamanho presente, ali foi difícil conter as lagrimas.

Não faltaram clássicos da maior banda de Metal brasileira de todos os tempos: Sepultura!

Um ponto que vale destacar é a banda que acompanha Max, é obvio que a lenda do Metal nacional não tem mais aquela presença de palco dos tempos do Sepultura, mas também nem é preciso, pois além de seu carisma e interação constante com os bangers, o baixista Tony Campos e o guitarrista Marc Rizzo são verdadeiras máquinas de headbanging, ambos tem presença de palco animalesca, além de ficarem batendo cabeça praticamente o show inteiro.

E ao contrário do que todos imaginavam, o filho de Max, Zyon, não estava nas baquetas na tour sul-americana, então o escolhido para o posto foi o experiente Kanky Lora, que não decepcionou, sentou a mão no seu pequeno kit e demonstrou muita energia e técnica.



Tivemos também "Seek 'N' Strike" com a galera pulando do começo ao fim, onde Max largou a guitarra e ficou instigando os bangers na beira do palco, ganhando o público cada vez mais. Então, segundo Max, era hora de mais uma faixa para se "quebrar" e "I And I" (do álbum Dark Ages" de 2005) foi anunciada e aí a roda pegou fogo, realmente os bangers não pouparam esforços e fizeram o tio Max sorrir ao olhar para aquela destruição em nome de sua música.

A grande maioria que estava ali (me incluo neles) estavam ansiosos pelos clássicos do Sepultura, e não demora para Max anunciar um dos maiores clássicos da banda "Refuse/Resist", fico até sem palavras para descrever a emoção, o Opinião veio abaixo, com todos cantando do começo ao fim e sem tempo para respirar outro clássico do álbum "Chaos AD" veio a tona e era vez de "Territory", onde todos bateram cabeça incansavelmente, e ouvir os clássicos do Sepultura na voz de Max é algo único.


Uma das surpresas da noite foi com certeza a execução de "Wasting Away" do primeiro e único álbum do projeto Nailbomb de Max e Alex Newport que foi lançado em 1994, e ai, meu amigo, o Circle Pit ficou insano, realmente os headbangers estavam sedentos por este show, e muitos não estavam acreditando que este som estava sendo executado, certamente inesquecível.

Após esta destruição sonora, Max anuncia "Under Porto Alegre grey sky..." e todos se preparavam para o momento que "Arise" invadisse as caixas do Opinião, tocada com extrema maestria e violência, numa versão mais rápida, deixando-a ainda mais brutal, alem de ter sido emendada com outro clássico "Dead Embryonic Cells", onde gerou euforia geral nos presentes, seja nas rodas ou na bateção de cabeça descontrolada.

Para manter o pique "Frontlines" (também do álbum "Dark Ages"), que mostra que a galera aceita muito bem os trabalhos de Max pós Sepultura, mas como a noite ainda não tinha acabado, mais um clássico de sua antiga banda aporta e "Propaganda" vem para tirar o fôlego, ainda mais que ao final um trecho de "Walk" do Pantera foi executado, para deixar todos sem palavras.



Um dos momentos mais especiais do show, certamente foi quando Max anunciou que tocaria uma faixa nova do próximo disco "Savages", e disse que a música ainda não tinha sido executado lá fora, somente na tour sul-americana, e chamou ao palco seu enteado (no qual considera filho) Ritchie Cavalera para dividir os vocais, e "Bloodshed" foi tocada, mostrando que o próximo trabalho do Soulfly será uma verdadeira violência, pois agradou e muito os presentes, onde Max fez todos cantarem seu refrão grudento e forte. Vale destacar a presença de palco de Ritchie e seu vocal poderoso, com certeza irá trazer muitas alegrias para o Metal.


Após o som novo, Max anuncia que a próxima música é dedicada ao produtor Pisca (que cuidou da tour brasileira da banda) e "Roots Bloody Roots" vem para incendiar de vez, com todos pulando e cantando seu refrão, e sem tempo de respirar mais um clássico é despejado e "Attitude" vem para quebrar tudo de vez.

Ao seu final Max avisa se quiséssemos mais teríamos que fazer barulho, e após saírem do palco os gritos de "Soulfly, Soulfly..." continuaram até retornarem, para fechar a apresentação com "Jumpdafuckup" e "Eye for an Eye", que ao final ainda teve um trecho de "The Trooper" do Iron Maiden, mas sem Max no palco.

Não tenho palavras para descrever a emoção que tive, um show épico e inesquecível, certamente ficará na cabeça dos bangers por muito tempo.


Antes de finalizar gostaria de agradecer ao Pisca pelo convite de ver o show, e pela confiança depositada no Road to Metal e também agradecer o amigo e parceiro Hugo Guaraná do blog Guarana Metal (http://guaranametal.blogspot.com.br) por ter nos cedido as fotos para publicação na matéria.


Texto e edição: Renato Sanson
Revisão: Eduardo Cadore


Set list:
01 Plata o Plomo 
02 Prophecy 
03 Back to the Primitive 
04 No Hope = No Fear 
05 Seek 'N' Strike 
06 I and I 
07 Refuse/Resist (Sepultura) 
08 Territory (Sepultura) 
09 Blood Fire War Hate 
10 Wasting Away (Nailbomb) 
11 Arise/Dead Embryonic Cells (Sepultura) 
12 Frontlines 
13 Propaganda (Sepultura)/Walk (Pantera) 
14 Rise of the Fallen 
15 Bloodshed (new song feat. Ritchie Cavalera)  
16 Roots Bloody Roots (Sepultura) 
17 Attitude (Sepultura) 
18 Jumpdafuckup
19 Eye for an Eye/The Trooper (Iron Maiden) 

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