terça-feira, 1 de outubro de 2013

Black Sabbath: "13", Um Marco que Ainda Poderá Ganhar Status de Clássico


Certamente um álbum que foi muito aguardado, desde 1979, quando a banda demitiu Ozzy devido aos problemas com seus vícios, pouco tempo após o lançamento de "Never Say Die" (09/1978), sendo que as próprias gravações do último, até agora, álbum com o Mad Man nos vocais e último com a formação original, quase não aconteceram, já que a banda tinha chegado a desistir do vocalista após a tour do "Technical and Ecstasy", e após algumas reuniões, sempre seguidas de esperança de lançamento de um novo álbum com a formação original, e ver se a magia que aquele grupo que simplesmente inventou o Heavy Metal (sim, eles são os principais "culpados", talvez não os únicos, mas os principais) poderia ser revivida.
Pois bem, não é que ano passado foi finalmente anunciado que teríamos um novo álbum, trazendo Ozzy nos vocais, mas infelizmente, ainda não trazendo toda a formação original. 


Por problemas que todos sabem, Bill Ward não entrou em acordo, pois não aceitou que o quinhão maior fosse para as mãos de Ozzy, ou seja, os mesmos motivos que impediram outras reuniões, e também que o último álbum de inéditas do Sabbath fosse "The Devil You Know", do Heaven & Hell, lançado e 2009, com a formação clássica da era Dio, ao invés de "Forbidden", de 1995.

Pois bem, muita expectativa cercou o novo álbum, e "13" chegou, alcançando resultados excelentes em termos de vendas e uma tour de sucesso que ainda segue durante os próximos meses, ou seja, todos os envolvidos souberam muito bem promover o acontecimento, a volta da banda com quase toda sua formação original, além do que foi muito bom ver toda a atenção que o nome Black Sabbath recebeu, até da imprensa não especializada, pois a instituição merece todo esse respeito e reconhecimento. Uma coisa que não podemos negar é que o pessoal que conduziu tudo isso, entende de negócios.


E o que realmente importa? A música. Bem, começando com a produção, escolheram um dos "queridinhos" da cena, Rick Rubin, que produziu inúmeros artistas, não só dentro do Metal (nesta área, começou a ganhar notoriedade após a produção do Reign in Blood), e o álbum soa cristalino e redondo, mas aí é o principal elemento que me incomodou logo de início. Se o álbum possui uma produção limpa, moderna, coisa que na época dos primeiros clássicos não era possível, ele perde na pegada, não tendo aquela "sujeira", não soa "visceral" o suficiente. Resumindo, não parece espontâneo. A banda e equipe se concentraram e fazer que o Sabbath soasse como o Sabbath, se é que você e entende. Ou seja, parece tudo redondo demais, pasteurizado demais. 

Que fique claro que não achei o álbum ruim, de maneira alguma, é um disco acima da média, mas falta espontaneidade. Ouvi bastante o álbum, a fim de assimilar bem, tecer uma opinião segura e se pressa, para não cometer nenhuma injustiça, e confesso que demorei a assimilá-lo.

Não sei se o álbum soa assim pela ânsia de não correr o risco de decepcionar, ou fugir da sonoridade dos álbuns clássicos, ou simplesmente ele é um pouco frio porque foi "pensado" demais, foi tratado como um "produto".

A formação original nos anos 70
"13" tem peso, os riffs e timbres da guitarra de Iommi estão ali, aquele "gravão", possui boas músicas, Ozzy está soando bem (mérito para a produção), o baixo de Geezer segue vibrante, e o baterista convidado, Brad Wilk (Audioslave, Rage Against the Machine) fez um bom trabalho, tentando manter aquele som característico da cozinha "sabbática" (mais um detalhe que também ajuda nessa certa frieza das músicas), inclusive com umas viradas bem parecidas com as de Bill, mas não é o Bill, pode até ser mais técnico, mas eu preferiria então Vinny Appice, pela ligação com a banda e pelo estilo (e, por coincidência, Vinny nasceu em 13 de setembro de 1957, sabe o que isso significa? Cartas para a redação!).

O intento foi alcançado, ou seja, apesar da falta de espontaneidade, o álbum realmente soa como uma continuidade da primeira era do Sabbath, é um trabalho digno da discografia, e agradou. Sim, podemos identificar muita coisa similar a outras músicas da banda, riffs, bases, andamentos e linhas vocais que soam bem familiares, quase um "best of". 

A abertura com "End of the Beginning", lembra de cara a "Black Sabbath", com seu começo arrastado e tétrico, depois entra aquele riff cortando para uma parte mais rápida mas não consegue ser tão assustadora como a original. "Zeitgeist" é tipo uma nova "Planet Caravan", com aquele ar psicodélico e viajandão. O pesado "bluesão" de "Damaged Soul", que tem coisas de "Fairies Wear Boots" e "The Wizard" (a harmônica, inclusive), e é a faixa que mais curti, seguida de perto de "Pariah" (que, inclusive, é uma que me soou mais quente e viva que as demais). 

Uma das reuniões da formação original , 2011
Mas ok, eles podem se repetir, com certeza o álbum também foi preparado para causar impacto na nova geração (produção moderna, parte gráfica muito bem montada, assim como a divulgação), para que eles saibam como é o Heavy Metal, e não confundam com aquilo que Avenged Sevenfold, Slipknot e outros fazem, ou seja, mesmo não tendo aquela pegada e impacto dos clássicos, eles dão de relho em todas essas bandinhas modernosas.

Não vou ficar aqui dando uma de crítico mala, e apontando qual passagem ou música se parece com essa ou aquela outra, afinal, sou só um fã de Metal, e como disse, "13" é um bom álbum, e até acima da média, e não alcançou os resultados que vem tendo somente por toda a excelente produção e marketing que o envolveu, ele deixou os fãs felizes e voltou os olhos de muitos outros fãs da nova geração. E temos aí 11 faixas bem uniformes (contando com as que estão na versão dupla do álbum), se nenhuma é um novo clássico bombástico, não tem nenhuma nova "Paranoid", "Children of the Grave" ou "Sabbath Bloody Sabbath", são boas faixas, novas músicas dos pais do estilo, e acredito que todos saímos ganhando.

Anos 70!
Então, não tem problema se "13" soa um tanto "certinho" e "pensado" demais, ou se eles se repetem e as músicas lembram os clássicos de outrora, ou se Ozzy e Sharon estão enchendo o rabo de grana, só o fato de colocar o nome da banda novamente em destaque, de mostrar para as novas gerações como se faz Metal, já coloca "13" como um dos álbuns do ano, e deve ser reconhecido como um marco, por reunir novamente Iommi, Geezer e Ozzy. E as novas músicas ganharam, e ainda ganharão, mais força ao vivo, soando uniformes com os petardos setentistas, e de quebra, ainda tem os méritos por recuperar Ozzy, pois esse disco é a melhor coisa dele em anos.

Torcemos agora pela saúde de todos, principalmente do mestre Iommi, e que eles tenham força para mais álbuns, e, com a tranquilidade que eles desfrutam agora, depois da pressão de ter de conceber um novo álbum da instituição que é tida como a criadora do Metal, com certeza o que pode ter faltado agora, vai estar presente no próximo trabalho.

Texto: Carlos Garcia
Revisão: Spock Wall
Fotos: Divulgação


Ficha Técnica:
Banda: Black Sabbath
Álbum: 13 
Ano: 2013
Produção: Rick Rubin
País: Inglaterra
Tipo: Heavy Metal 
Gravadora: Vertigo/Universal
Site Oficial

Formação
Ozzy Osbourne (vocal)
Tony Iommi (guitarra)
Geezer Butler (baixo)



Tracklist:
1 - "End Of The Beginning"
2 - "God Is Dead?"
3 - "Loner"
4 - "Zeitgeist"
5 - "Age Of Reason"
6 - "Live Forever"
7 - "Damaged Soul"

8 - "Dear Father"

Faixas presentes na edição dupla:
Methademic
Peace of Mind
Pariah



Um comentário:

Pietro Oliveira disse...

Creio que percebi o mesmo, Carlos! O som tá pasteurizado, 'limpinho' até. E por favor, a falta do Bill na bateria seria um componente importante pra buscar um som mais original! Confesso que achei o som até requentado: pensei que teríamos um som mais requintado, sofisticado por assim dizer.