domingo, 29 de dezembro de 2013

Resenha de Show: Cauldron e Bandas Locais Fervem a Embaixada do Rock (São Leopoldo/RS)


Grupo canadense encerrou primeira turnê brasileira em solo gaúcho

Com a dificuldade de um domingo (01/12), São Leopoldo/RS foi palco de mais uma atração internacional que debutava em terras brasileiras, a banda canadense Cauldron. Mas, antes disso, 3 apresentações de bandas de Porto Alegre/RS: The Muckers, Sacrario e Leviaethan.

Fabbio Wbber comandou o massacre do quarteto Sacrario

Infelizmente, devido ao começo bastante cedo dos shows, perdemos a apresentação da The Muckers, mas conseguimos chegar a tempo de assistir a banda de Thrash Metal Sacrario desfilar sua sonoridade agressiva, de um grupo com duas décadas de história, experiência nos palcos de países como Argentina e Chile.

Sacrario parecia incendiar a Embaixada do Rock

O massacre foi total com as principais composições do grupo, como “Stigma of Delusion”, “Urban Chaos” e “Asesinos de Mentes” e “God Against God”, que fechou o curto set dos Thrashers gaúchos, além de rolar a obrigatória “Bonded By Blood” (Exodus), provavelmente o melhor cover desse clássico feito no Brasil. A Sacrario, apesar do baixo público e este ainda apático, fez um verdadeiro ritual de música pesada, provando, para quem ainda pudesse ter dúvidas, que é um dos grandes nomes brasileiros.

O grupo, que está preparando novo disco para 2014, destaca-se pela grande energia e técnica no palco. Fabbio Webber (vocal e guitarra) fica literalmente possuído pelo som, tanto que em certo momento desce do palco e vai no meio do público agitar, sempre com muita agressividade e energia. Gustavo Stuepp (baixo), assim como Ricardo Lemos (guitarra), que felizmente voltou à banda, mostram uma coesão sonora absurda, digna de músicos que já dividiram o palco inúmeras vezes. Por fim, Everson Krentz, baterista único e com grande talento, podendo ser considerado um dos grandes do Thrash Metal brasileiro.

Mais de 30 anos de história dedicados ao Thrash Metal

Outra aguardada atração era a Leaviaethan, com seus 30 anos de carreira, sempre tendo à frente a iminente figura de Flávio Soares (vocal e baixo). Baseando-se nos dois LPs que já são considerados clássicos (“Smile”, de 1989, e “Disturbed Mind”, de 1992), a banda, mesmo com desfalque de um dos guitarristas e com o baterista ainda se recuperando do acidente de trânsito sofrido pela banda meses atrás, mostrou toda sua experiência em executar o Thrash Metal oitentista, com uma maior participação do público, que já se concentrava um pouco mais perto do palco, e bateram cabeça com clássicos como “Drinking Death”, “A.I.D.S.”, “Echoes From The Past” e “Disturbed Mind”.

Jason Decay, jovem e inveterado, agitou o público que estava ansioso pelo show da banda

Cauldron – A tradução literal nos transporta para o artefato de ferro usado no cozimento de alimentos em grandes quantidades. Na mitologia Wicca, o caldeirão está atrelado sempre à fertilidade e a vida. Pois no passado era onde se cozia os alimentos para pequenos grupos ou aldeias, dessa forma se conectava a ele, a fonte de alimento, calor e vivacidade. Como modelo, sabemos que o caldeirão tem três pés, assim percepcionando a imagem da materna Deusa Tríplice.

No Heavy Metal essa conotação não muda muito, e aqui me refiro aos Canadenses da banda Cauldron que excursionaram pelo nosso país pelo último mês. Talvez eles não sejam a representação da fonte da vida, porém a energia que emana dos garotos é incrível. Assim como na representatividade da tríade divina no caldeirão, a Cauldron também é representada pelo tripé: Jason Decay (Baixo e Vocal), Ian Chains (Guitarra e Backing Vocal) e Myles Deck (Bateria e Backing Vocal). Um misto de talentos ao melhor estilo Power trio setentista.  O show aconteceu na cidade de São Leopoldo na casa Embaixada do Rock, já consagrado templo para quem curte um som mais pesado! Não falaremos do artefato de metal, discorreremos sobre o metal puro e vivo que escorre pelas notas dos instrumentos e na voz do Decay.

Jason detonando "Digital Bitch" (Black Sabbath)
Os garotos chegaram cedo ao local, em momento algum se opuseram em tirar fotos com os fãs e foram extremamente atenciosos com os que se aproximaram, permaneceram o tempo todo passeando entre os fãs e o bar da Embaixada (que provavelmente levou um susto no estoque, pois os 3 mostraram bastante simpatia pela cerveja regional).  Subiram ao palco logo após o Myles ter um pouco de dificuldades para ajustar a bateria. Um parafuso de um dos suportes acabou espanando a rosca, sem exaltar ânimos a pequena demora foi aceita regada a cerveja e boa conversa. Com ajuda importante do baterista da Sacrário (Everson Krentz) tudo ficou preparado para o show. 

Sem demora subiram ao palco, sem muita conversa a apresentação da banda foi ao som de “End Of Times” e na sequencia “Burning Fortune”, praticamente duas metralhadoras calibre. 50 na cara de quem estava colado ao palco. As duas pancadarias fazem parte do álbum "Tomorrow’s Lost", grande motivo da vinda deles ao País (Brazil Lost Tour) para a divulgação, e feitas as considerações iniciais a surpresa (de minha parte, pelo menos) ficou por conta da “Nitebreaker”, que cheguei a imaginar que seria uma das últimas a ser tocada. E ao começar a "Nitebreaker", abriu-se a sequência infindável de Stage Dive’s e mosh pit’s , teoricamente um termômetro indicando que o show havia atingido grau máximo de temperatura. Hora de colocar o metal pra fundir! Em seguida veio a (menos agitada, porém não menos esperada) “Queen Of Fire” e “Rapid City”do cd "Burning Fortune". Do cd "Chained To the Nite", veio a encantadora “The leaven/Fermenting Enchantress”, na “Miss You to Death” Jason se permite dar um descanso breve para a voz e canta de forma mais grave um pouco sem precisar abusar dos agudos. 

Apesar de pouco público, todos que estavam lá agitaram como nunca, num dos melhores shows da turnê

De forma quase que apoteótica inicia-se, de repente, os rifs de guitarra de “Digital Bicth” do Disco Born Again, lendário trabalho do Black Sabbath, e na realidade se tratava disto mesmo, um grande tributo a uma das maiores bandas de metal do mundo. Toda oportunidade que Ian Chains precisava para afirmar a todos os presentes que, não é por acaso que ele é o guitarrista da Cauldron. Capricho nos riffs, velocidade, virtuosidade e precisão. Talvez o público que esteve presente nesta noite, em números não tenha sido uma grande ode à banda, porém todos que estiveram na Embaixada do Rock na noite, mereceram estar lá e fizeram um show junto com a banda. Em algum momento ouvi alguém dizer: “Só tem fã aqui dentro hoje, e só fã entende quem são esses caras”. Friamente, concordo! A bilheteria poderia ter sido melhor para ajudar a casa, produtora e encher os olhos da banda, mas duvido que o público fosse melhor do que os headbangs que fizeram a noite inesquecível. Imagino que, por este motivo e somado à São Leo ser a última estacionada antes de rumar para casa no norte das Américas, o trio resolveu dar “alguns presentes” ao público. Um deles foi a “Frozen in Fire” que ao que parece não entrou no set dos shows anteriores, e na sequência acompanhada da enérgica “Into de Cauldron”, música que nomeia o primeiro (e nervoso) álbum da banda. Inesperados presentes, porém desejados e muito bem recebidos com headbangs e stage dives!

Missão cumprida, Cauldron sai do Brasil com a certeza de que mesmo poucos fãs, são muito fiéis

Como golpe de misericórdia ainda viria a “Die hard” do Venom pra fechar a noite em muito alto estilo e metal. Estes são alguns dos momentos vividos na noite quem que a Cauldron passou pelo nosso estado! Se boas lembranças nossas eles levaram, não dá para afirmar ao certo, porém certamente realizaram o sonho de muitos entusiastas presentes naquela noite e reafirmaram acesa o amor pelo Metal!

Texto: Eduardo Cadore (bandas locais)/Uillian Vargas (Cauldron)
Edição/revisão: Eduardo Cadore
Fotos: Uillian Vargas/Eduardo Cadore (Road to Metal)


Agradecimentos: Ao nosso amigo Uillian Vargas, sempre aí par ao que der e vier, à Embaixada do Rock, que sempre nos recebe com profissionalismo e amizade e, claro, Miky Ruta (Fame Enterprises), por acreditar no nosso trabalho. Keep on Heavy!!


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