terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Lemmy: A Última Tour



 
Dia 28/12/2015, uma notícia que atingiu à todos os fãs como uma bomba, a morte de um dos poucos verdadeiros ícones do Rock & Roll e Heavy Metal que ainda restam. A morte física, pois a lenda permanece viva, e Ian Fraiser Kilmister, o Lemmy, nascido em 24/12/1945, passou o último natal aqui entre os mortais. Diagnosticado com um câncer agressivo no dia 26 (segundo fontes oficiais, câncer no cérebro e pescoço, e diante de vários problemas de saúde que vinha passando, não havia sido detectado essa doença antes), o corpo debilitado de Lemmy não resistiu, e aos 70 anos, 20 dias depois de finalizar a tour do Motörhead pela Europa, deixou este mundo fazendo o que sempre disse que faria, tocar até que a vida se esvaísse do seu corpo. Pouco mais de um mês atrás, 12/11, Phil "Animal" Taylor, que foi baterista do Motörhead por muitos anos, tendo participado de clássicos como "Ace Spades".



Dia 30 de abril de 2015, foi um dia muito esperado por mim e muitos outros que estavam no estádio do Zequinha em Porto Alegre, durante a “Monster Tour”, pois sabíamos que provavelmente seria a última chance de ver Lemmy e o Motörhead nos palcos, pois com a saúde debilitada, tudo indicava que se aproximava a aposentadoria de Mr. Kilmister, ou no mínimo, faria shows muito esporadicamente, e provavelmente ainda gravaria novas músicas.

A apreensão e ansiedade aumentou por conta das notícias de que a saúde de Lemmy piorava, e foi um grande susto o cancelamento do show em São Paulo, poucos dias antes. Mas o dia 30 chegou, e foi um daqueles dias que ficam marcados para sempre. Estar ali, ao lado de amigos de longa data, familiares (meu irmão e meu filho), os companheiros e amigos do Road to Metal, e mais uma nação de fãs que ali estavam para vibrar a cada palhetada de Lemmy no seu Rickenbacker, e mesmo que o corpo já não lhe permitisse a mesma vibração de outrora, ele deu tudo de si, e a cada gesto, cada palavra, sabíamos que ali estava um verdadeiro ícone, uma lenda que viveu o Rock, foi roadie de Jimi Hendrix, sempre se doou em prol da sua música e dos fãs, não enriqueceu monetariamente, como muitos astros, inclusive muitos até com menos brilho e merecimento, mas com certeza acumulou uma riqueza maior, a de ser um cara autêntico e por isso merecidamente idolatrado, a lenda entre as lendas.

 
Lembro do final do show, quando ele se despediu, largou o baixo, virou e foi caminhando lentamente, sumindo ao fundo do palco. Comentei com o amigo ao lado que era um momento emblemático, parecia um adeus mesmo, e seria o provável último show dele que veríamos. Esperávamos, claro, que o velho Lemmy, osso duro, durasse mais alguns anos, e lembrei do que ele disse ao entrevistador em seu documentário,  “Lemmy”, quando perguntado sobre qual o segredo para sua longevidade, principalmente devido à vida desregrada e cheia de excessos, ele respondeu: “Dont’ Die!” (Não Morra!).

Partiu mais uma lenda para sua última grande tour.  Descanse em paz Lemmy...You Are Motörhead!

Abaixo, mais algumas imagens que pudemos presenciar, e registradas pelas lentes do Diogo Nunes, durante a cobertura do Road na Monster Tour.









segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Cobertura de Show - NOFX: Quebrando tudo em nome do Hardcore! (15/12/15, Bar Opinião - POA/RS)


2015 foi o ano do Hardcore em Porto Alegre. Além do cenário independente que nunca para, bandas como Pennywise, Face to Face e Satanic Surfers marcaram presença na capital. O NOFX que era para se apresentar alguns meses antes (mais precisamente em março), cancelou a primeira data marcada por conta de problemas internos, mas fechou com chave de ouro esse ano especial para o HC.

O público que já acompanhava a banda no backstage passaport parte 3 pela web compareceu em peso numa quente noite do dia 15 de dezembro. Noite propícia para tomar uma cerveja e pogar ao som dos clássicos da banda que já não passava por aqui desde 2010.

A abertura ficou por conta da banda Reffer que apresentou um set curto porém direto e sem dó. Melodias colantes, guitarras aceleradas e bateria frenética chamaram a galera toda para o pogo, que apesar de tímido respondeu com energia.


Enfim, vamos ao prato principal: a banda entra saudando a galera e é muito bem recepcionada. De cara Fat Mike (trajado por um baby doll cor de rosa) já se depara com um garoto com uma camiseta do Slayer na frente e atacam com “60%” (uma lentinha) só para debochar. Os caras brincam muito e interagem sem cerimônia com a plateia: Fat oferece sua agua para a galera, mas já adianta que tem urina, El hefe encorajando Mike a mostrar seus peitos sem timidez.

O pessoal mais chegado já sabe que o setlist varia muito conforme o humor medonho de Fat. Ouve a notícia de que tocaram “The Decline” (o clássico absoluto) interinha no show anterior então obviamente um clima de expectativa tomava conta. Logo depois de clássicos como “Eat The Meek”, “Leave it Alone”, “Dinossaurs” e “Franco Unamerican” eis que começa “The Decline”, a banda anuncia como quem não quer nada o som que alguns aguardavam pra ouvir ao vivo desde 97 no primeiro show em solo gaudério. Uma emoção toma conta do lugar, sem dúvidas o ponto mais alto do show: um vago silencio seguido da introdução da bateria, seguida do riff de baixo. Era o momento. “The Decline” executada na íntegra para delírio dos fãs e deste que vos escreve.


Era como se todos fizéssemos parte de um mesmo time comemorando com o hino. Cada trecho foi reverenciado. Cada momento daqueles 18 minutos de duração da faixa foi absorvido e apreciado por este mísero espectador. Confesso que já posso morrer tranquilo depois desse dia. Depois desse fato a insanidade tomou conta do lugar.

A banda se sente à vontade na casa destilando pérolas como “Moron Brothers”, “Don't Call Me White” e “Perfect Government”. Antes de uma saída estratégica para o bis “Linoleum” é tirada da cartola pra arrebentar quem estava de bobeira. Pausa e a banda se retira. Era o fim? Bem capaz eles queriam é ouvir a multidão: “Olê, olê, olê, olê, NOFX, NOFX” ecoava por toda cidade baixa. Era a hora de voltar com “Bob”. Fat ironiza a piazada presente na plateia e ataca com “Fuck The Kids”, brinca com o segurança em “Kill All The White Man”, pede desculpas pelo erro em “Bottles to the Ground” e quebra tudo com “The Brews”.


Enfim, uma apresentação calorosa, autentica e contagiante como um show de Hardcore deve ser.


Cobertura por: Ériton da Silva
Fotos: Billy Valdez

Revisão/edição: Renato Sanson

domingo, 27 de dezembro de 2015

Entrevista - Linnéa Vikström (Therion): Shield Maiden do Heavy Metal, Com a Música no Sangue






Natural de Estocolmo, desde muito jovem Linnéa Vikström teve contato com a música, tendo na família exemplos como seu avô Sven-Erik Vikström, conhecido cantor de ópera suéco, e seu pai, Thomas Vikström (Therion, Stormwind, Candlemass, Dark Illusion e outros), com quem atualmente divide os palcos, atuando como vocalistas e também participando do processo criativo do Therion.  (English Version)      (Versión en español)


Linnéa, em conversa com o Road to Metal, nos conta um pouco mais de sua carreira. Jovem, mas já tem muita estrada na música. Se diz uma garota do Rock & Roll, apesar de curtir outros estilos vez por outra, e olhando para suas primeiras apresentações (estreou na banda com apenas 18 anos, no Bloodstock Festival 2011, Londres), hoje se vê como uma pessoa, vocalista e performer mais evoluída, mas que não deixa de buscar crescimento.


Confira a entrevista a seguir, com a talentosa e carismática Linnéa Vikström, com certeza uma artista que ainda trará muitas contribuições para o meio Rock e Metal. Parodiando as palavras de Chiara Malvestiti, com vocês: Linnéa Vikström, uma verdadeira Shield Maiden do Metal!




RtM: Oi Linnéa, tudo ok? Para começar essa conversa, você poderia nos contar um pouco sobre como você começou sua carreira na música. Eu acredito que seu pai deve ter sido um grande incentivador e também inspiração para você.
Linnéa: Olá! Meu pai tem sido absolutamente uma grande inspiração e também me deu muita motivação quando se trata de música! Meu primeiro trabalho profissional foi quando eu tinha seis anos, no elenco do musical "Annie", em Estocolmo e a partir daí eu segui cantando e fazendo música minha vida inteira.


RtM: Provavelmente seu pai deve ter também feito papel de professor. Além de ter essa influência na família, você fez aulas de canto ou de algum instrumento?
Linnéa: Eu nunca tive quaisquer aulas de canto propriamente ditas com meu pai, mas definitivamente um monte de ótimas dicas e conhecimento apenas por estar com ele no estúdio e vê-lo atuar! Eu estudei em uma escola de música entre o 4º e 9 º ano, em um coral, então eu aprendi muito sobre teoria musical, harmonização e, claro, cantar. No segundo grau eu fui para outra escola de música com um programa mais especializado em Rock e Pop, e ao mesmo tive aulas de canto lírico durante cerca de 3 anos.


RtM: Falando de influências ou inspirações, que os músicos ou cantores que você citaria como influências?
Linnéa: Esta pergunta provavelmente poderia preencher uma página inteira hahaha! Eu sempre fui uma menina Rock n' Roll, mas é claro que dou uma escorregada para outros estilos de música de vez em quando. Mas só para citar alguns dos meus "ídolos", Alice Cooper, Kiss, The Beatles, Tina Turner, Beyonce, Spice Girls, Yes, Aerosmith, bem, como eu disse, isso poderia continuar para sempre!! (risos)

RtM: E como foi sua entrada no Therion, tendo a oportunidade de estar no palco e em turnê ao lado de seu pai, Thomas Vikstrom? Muitos músicos que estão ou já passaram por Therion referem-se à banda como uma família! Snowy Shaw refere-se ao Therion sempre como família.
Linnéa: Eu fiz primeiramente o álbum "Sitra Ahra", quando Kat inicialmente deixou a banda, e então eu comecei a turnê com eles em 2011. O Therion se tornou definitivamente a minha família, e enquanto outras pessoas vão à universidade, eu estudei na Therion Royal University (Universidade Real do Therion)! (risos)

 
RtM: Além do talento como cantora, você também chama a atenção com a sua empatia com os fãs, sua performance no palco e visual. Eu acredito que você se encaixou bem na banda em um momento de transição, onde Therion procurava algumas mudanças no som e um visual mais elaborado e moderno. Além disso, você também tem um estilo diferente, permitindo uma maior diversidade de arranjos vocais. Esses fatores ajudaram você a se firmar na banda e ganhar os fãs, imprimindo muito rapidamente a sua personalidade e encaixando na proposta do grupo?
Linnéa: Eu cresci muito desde que eu comecei a trabalhar com o Therion. Quando eu olho para trás em minhas performances de palco, os meus primeiros dias,  eu não consigo deixar de rir e me pergunto o que diabos eu estava fazendo! Eu tinha apenas 18 anos e acabado o ensino médio, e tanto em conhecimento vocal e visual,  agora estou milhas longe de quem eu era naquela época, tanto como pessoa como cantora e perfomer. 
Nos últimos 2 anos, eu senti que finalmente descobri quem eu sou e o que eu quero fazer. Mas isso também mostra que você nunca deve parar de crescer e nem nunca pode parar praticar.


RtM: E quais os elementos que você acha que são importantes para um músico ter uma performance de palco que agrade o público e ajude a ganhar o seu espaço na cena musical, especialmente em bandas que têm uma personalidade forte e fiéis seguidores como Therion?
Linnéa: Esta é também uma daquelas coisas que leva uma vida inteira para chegar a um meio termo. Cada banda ou artista que falamos antes, e  eu acho grandes em suas performances, eles são eles mesmos, mas evoluíram para um nível 2.0.! Você tem uma sensação de olhar para um ser superior, alguém que é mais do que uma pessoa. Eu acho que é o que é o Therion. É uma extensão de quem Christofer Johnson é como um ser humano, e para mim é importante ter sempre isso em minha mente!


RtM: A banda também passou por mais mudanças, e Lori Lewis recentemente disse adeus, uma cantora que ganhou um lugar especial nos corações dos fãs do Therion, algumas pessoas foram testadas, e no meio deste ano Chiara Malvestiti foi anunciada. Eu gostaria que você nos falasse um pouco destas duas grandes cantoras.
Linnéa: Lori se tornou uma boa amiga e nós ainda mantemos contato! Tivemos muita diversão e ela é uma pessoa maravilhosa para conviver, em todos os sentidos! Mas estou muito feliz que agora temos Chiara na banda. Ela é maravilhosa em todos os sentidos também e faz um trabalho excelente!


RtM: E sobre as novas música da Rock Ópera que está sendo composta (que Lori ainda participará nas gravações)? O que você está achando das novas músicas e o que você pode nos dizer sobre sua participação neste novo álbum?
Linnéa: Tenho composto algumas coisas para a ópera, e excursionamos com uma das canções que compus na  "Rock Opera Riviled Tour". Senti como um divisor de águas. Eu realmente me senti como parte da banda de uma maneira maior,  que eu sou agora uma parte do processo musical e não só uma cantora e performer. Ainda não está decidido se vou cantar na ópera, mas tenho certeza que vou participar das gravações e no coral!


RtM: E as gravações de vídeos para o DVD "Garden of Evil" ? Conte um pouco mais para nós como foram, acredito que devem ter sido momentos de muita diversão para todos vocês! O clipe de "Mon Amour Mon Ami" é o meu favorito!
Linnéa: Uma sensação ótima atirar em Vidal! (N. do R: no vídeo, o personagem de Linnéa dá um tiro na testa do personagem do guitarrista Vidal). Hahaha, estou brincando, é claro!! Fazer vídeos de música envolve um monte de espera, por isso mesmo que é divertido, é também fácil de perder a sua energia no set. Mas é fácil obtê-la de volta quando você está trabalhando com as melhores pessoas do mundo!

 
RtM: Com o Therion você teve a oportunidade de visitar muitos países e conhecer diferentes culturas. Que lugares você citaria como o mais exótico, e conte-nos também alguma situação engraçada ou exótica em todas essas viagens?
Linnéa: Ir para a Jamaica foi sempre o sonho de uma vida, e agora eu estive lá !!! Eu também adoro visitar a América do Sul. Mas a turnê que fizemos na Rússia tem um lugar especial no meu coração. Foi uma verdadeira "montanha russa", mas eu tenho essas boas memórias dela! Lembro-me de quando estávamos em uma cidade lá e o nosso tour manager bate na porta do nosso quarto de hotel, e eu abro e o vejo rindo. "O que é tão engraçado?", perguntei-lhe e ele disse: "Não temos um local! é apenas um prédio em construção!". Aparentemente, eles não haviam concluído com a construção do lugar onde supostamente deveríamos tocar! Infelizmente, tivemos de cancelar, mas é uma dessas memória para a vida toda! (risos)

RtM: E quais as músicas do Therion que você mais gosta de cantar ao vivo?
Linnéa: "Ginnungagap", "Arrow From the Sun", "Raven of Dispersion", e espero que algum dia possa fazer "Trul"!


RtM: Quando você não está envolvida com o trabalho, Tours e gravações, quais são os seus passatempos favoritos em suas horas de lazer?
Linnéa: Eu tenho um cachorro, então eu gosto de passar o tempo com ele! Mas eu também amo ir a bares e tomar uma cerveja (ou 10) com os meus amigos. Eu também sou uma grande fã da ciência, e assim eu gosto de aprender sobre física, o espaço e geografia.

RtM: E seus planos para o futuro? Além de novamente participar nos concertos do Kamelot, você recebeu mais convites para participações em outros trabalhos? Você pensa em um álbum solo? Talvez em parceria com seu pai? Seria legal!
Linnéa: Um álbum solo não está fora de questão. Eu comecei a escrever algumas coisas para um EP, o qual espero concluir em 2016. Eu tenho alguns grandes co-autores comigo, por isso vai ser incrível! Eu também fiz recentemente uma música com a banda "Diztord". Chama-se "Now We Burn" e estou muito orgulhosa dela (assista o vídeo AQUI). Eu também sou parte de um projeto de Prog Metal fantástico, chamado "The Paralydium Project" com alguns dos melhores músicos da Suécia!


RtM: Linnéa, obrigado pela entrevista, todos nós esperamos vê-la novamente em breve com Therion aqui na América do Sul! Muito sucesso para você !! Este espaço final é para a sua mensagem aos fãs!
Linnéa: Obrigada Carlos e cuide-se! Eu realmente gostaria de voltar para a América do Sul em breve, e eu estou realmente triste que eu não pude estar com vocês nesta última turnê .. !! Eu amo todos vocês e estou muito agradecida por tudo que vocês fizeram por mim!


Entrevista: Carlos Garcia
Atenção Fãs de Therion, Em breve, entrevista com Thomas Vikström e Chiara Malvestiti





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