sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Cobertura de Show - Zakk Wylde: Uma noite Wylde - Capítulo Porto Alegre (23/08/15 - Bar Opinião)


Após a passagem pela cidade de São Paulo, foi à vez de Porto Alegre curtir uma noitada com o Sr. Zakk Wylde (Black Label Society). São Paulo e Porto Alegre foram às únicas cidades brasileiras a receberem a tour do músico. “Uma noite com Zakk Wylde”: algumas vidas seriam poucas ao lado do mestre, mas a família infernal já ficou muito grata pela (uma) noite. Viver, estar, ser e sentir -  por esses momentos vale a pena cada centavo, cada sacrifício, cada quilômetro viajado e cada hora de sono adiada. Dia 23 de agosto de 2015, no Bar Opinião, mais uma marca foi talhada na moldura da história porto alegrense do rock.

Na tarde que antecedia ao show, a movimentação era forte pelas redes sociais e pelo evento oficial do show, no facebook. Alguns fãs se organizando entre amigos combinando encontro na fila, algo em torno das 14 horas, a expectativa era grande (mal sabiam eles). Ao chegar ao local do show, avistamos a fila que alcançava a esquina anterior ao Bar Opinião e estava longe de ser uma surpresa. Enquanto isto, dentro da casa, acontecia o “Meet and Greet” para um público bem restrito. Poucas unidades foram disponibilizadas para a venda (um deles estava sendo comercializado por U$ 1.000 – dava direito ao encontro, e entre muitos outros prêmios, um colete que seria entregue pelas mãos do próprio Zakk. Será que nesse momento há alguém por aí sem janta e almoço, mas muito feliz dentro de um colete especial?). Enquanto na fila, foi possível observar os músicos saírem da casa em suas vans particulares, após o "meet". Hora de tomar posse do interior da casa! Tudo correu dentro (ou muito próximo) da conformidade proposta desde o início, logo após as 18h30m o Opinião abriu para a entrada Hotpass e em seguida foi liberado o acesso ao público em geral. Como o show começaria às 21h, tivemos uma espera musicada eletronicamente. Até às 20h o som (imagem) ficou por conta da equipe do Bar Opinião, no telão vimos de Metallica até Hibria com uma parada pelo velho Steve Ray Vaughan. Após as 20h, como aconteceu em SP e irá acontecer durante toda tour, entrou a trilha sonora da equipe técnica de Zakk Wylde, um set mais calmo que desacelerou o pessoal e preparou o espírito da galera para show. Posso arriscar um palpite de que são músicas que o próprio Zakk curte como, a versão de Joe Cocker para "Little Help from My Friends", Jimmy Hendrix com "Little Wing" e muitas outras.  Nesse momento, como a trilha era somente sonora, a casa aproveitou o espaço para divulgar os próximos eventos. O detalhe é que nenhum clipe ou imagem tinha despertado o alvoroço da turma, até aparecer à divulgação do show da Testament e Cannibal Corpse.


O metal é a lei, e isto ficou bem claro na reação de um público que estava num show acústico, do frontman de uma banda Stoner, ao visualizar a divulgação de um show enraizado no thrash e death metal. Logo após a exibição do filme institucional apresentando as opções de saídas de emergência e locais dos extintores da casa de show, apagam-se as luzes e sobe o telão, pronto, esse era o sinal mais esperado da noite, hora de deixar a adrenalina correr solta pelo corpo. Após três tentativas de total escuridão (inibida pelos flashes de celulares) Sr. Doom Trooper, praticamente, invade o palco.

Posicionado ao palco, Zakk Wylde é recebido fervorosamente! Muito bem acompanhado por Dario Lorina, um teclado mais ao fundo e de uma caneca de "Valhalla Java Odinforce Blend" o multi-instrumentista dá início a uma verdadeira celebração sonora do bom gosto. Lorina teria conteúdo para uma resenha completa, tamanho o condicionamento técnico do guitar hero. Em alguns momentos Zakk e Dario passaram a nítida imagem de uma unidade sonora e não de uma dupla.


A balada noturna começa ao som de “Losin’ Your Mind” e “Suicide Messiah” e desse momento em diante o que se vê é uma sequência desenfreada de maestria. Muito além da musicalidade obvia, há que se cultuar a precisão cirúrgica com que as notas musicais foram despejadas ao público. Riffs e licks perfeitos ligando acordes, transformados com a troca do calor sentimental do momento. Músicas originalmente um pouco mais pesadas e mais rápidas, adaptadas para um palco tranquilo e suave, isto não é novidade, o fator novo era que isto estava acontecendo ao vivo, diante dos nossos olhos.  Após a primeira intro da noite chegou “Road Back Home”, a primeira grande “heart crusher” e um dos momentos fortes da noite (mesmo sabendo que ainda viria pela frente a “In This River” e “Scars”). Zakk não interagiu muito com o público, entre o intervalo de um solo levava a mão ao ouvido como se estivesse dizendo: - Vocês estão mesmo ai? Não escuto nada! A resposta vinha em forma de assobios, palmas e punhos erguidos ao céu. Na sequência do “Sonic Brew” vem a “Spoke in the Wheel” que emenda na “Machine Gun Man”, baladona e que faz a galera acompanhar o ritmo irresistível. O Zakk que nos acompanhou na noite do dia 23 de agosto tinha semblante tranquilo, com raríssimos “Fist to the Sky” entre solos, ao lado de sua cadeira um aparador improvisado trazendo duas garrafas d’água e uma caneca de café, tranquilo sim. Mas durante os solos (“fritura” pura e esperada), momento libertador, ele sonorizava em negrito o instinto verdadeiro, falava alto e forte através das cordas:

- “Ei vocês, não se enganem comigo essa noite, ainda existe um leão indomável dentro da cada riff. Fiquem atentos”!


Estamos atentos Sr. Wylde, estamos atentos. Hora da tríade conhecida como “Alicate de pressão Cardíaco”. Enfileirando suspiros vieram “Sold My Soul”, “In This River” e “Scars” (ufa!). Como de costume, lágrimas eram o mínimo a se esperar e ao final da “In This River”, Zakk sempre manda seu recado ao amado amigo Dimmebag: “Thank You Dimme”!  O set alongou-se trazendo novidades do “Catacombs”, mas em sua grande maioria foram músicas já velhas conhecidas pelo público. Dois atores coadjuvantes que merecem atenção durante o show, são o “Wylde Rotovibe” e o “Cry Baby Wah Wah”. Dois pedais que transformavam o show quando convocados, traziam nova alma para o Violão EMG (com captação externa) e digamos que usou de um “outro conceito” para definir uma noite “acústica”. Estupefato pela emoção estava na hora de receber o choque que traria o público de volta do mundo anestésico, chega o trio “Blessed Hellride”, “My Dying Time” e “Stillborn” para encerrar a apresentação.


O músico fez questão de se despedir de pé, ainda sonorizando a última melodia, cada presente no Bar Opinião, foi aos cantos e ao centro do palco agradecer pela noite. Em pé, pediu com as mãos, para que todos fizessem muito barulho. Logo após cada onda de histeria sonora, Zakk fazia o sinal da cruz e olhava para cima, em sinal de agradecimento. Certamente alguém há de ter notado que Zakk perdeu o controle da garganta por um milésimo de segundo e não conseguiu alcançar alguma nota, alguém há de ter reclamado do alto controle sobre fotos nessa noite, certo que alguém irá dizer que sentiu muita falta do Catanese ou de alguma música.


Bom nem tudo é perfeito e esses detalhes nos trazem à realidade tateável. Mas em 99% do tempo, foi uma grande e perfeita noite. Parabéns à Produtora Abstratti e Bar Opinião por mais essa grande balada, uma noitada inesquecível para muitos.

An Evening With ZAKK WYLDE!

Cobertura por: Uillian Vargas
Fotos: Diogo Nunes
Revisão/edição: Renato Sanson

Setlist:
1 – Losin' Your Mind (Pride and Glory)
2 – Suicide Messiah (Mafia)

Intro
3 – Road Back Home (Book of Shadows)
4 – Spoke in The Wheel (Sonic Brew)
5 – Machine Gun Man (Skullage)

Intro
6 – Sold My Soul (Book of Shadows)
7 – In This River (Dimebag Darrel Tribute – Mafia)
8 – Scars (Catacombs of the Black Vatican)
9 – Empty Promises (Catacombs of the Black Vatican)

Intro
10 – Trowin’ It All Away (Book of Shadows)

Intro
11 – The Blessed Hellride (The Blessed Hellride)
12 – My Dying Time (Catacombs of the Black Vatican)
13 – Stillborn (The Blessed Hellride)


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Entrevista – Serbherus: Retornando para transmitir o caos

Fala galera!!! Hoje a Road To Metal está trazendo uma matéria com a Horda Gaúcha Serbherus, com muita informação importante para quem acompanha a banda desde o início da sua trajetória, e também para despertar o interesse de quem quiser conhecer esse Black/Death Metal de muita personalidade e qualidade.

Abordamos na entrevista temas como a formação e histórico da banda, temáticas, influências, sobre o tempo que ficou inativa e seu retorno, lançamento de material, planos, e muito mais!

Confira nossa exclusiva com o baixista Róbson (Abadom) agora mesmo:


Road to Metal: Róbson, para o pessoal que não teve oportunidade de conhecer a banda ainda, e também para levar um pouco mais de informação aos bangers, você poderia fazer um breve histórico do início da Horda até hoje, como e onde foi formada, e se tem material lançado?

Abadom: Primeiramente, gostaria de saudar a Road to Metal bem como todos os seguidores do metal negro que apoiam e acompanham a horda, também, deixar minhas saudações a todos os guerreiros (a) que irão ler esse material.

Bom, a banda foi fundada em 1998 por Mephisthopeles e Tormento, a mesma era cunhada em ideais voltados ao anti- cristianismo, trevas, caos e destruição. Após mudanças na formação a banda se estabilizou com minha entrada, e assim passamos a ser definitivamente um power trio. Vale ressaltar que primeiramente a banda se chamava “Ímpeto Maligno”, tendo mais tarde trocado o nome para Serbherus, cujo nome faz menção a conhecida figura mitológica de três cabeças que protegia o mundo dos mortos na Grécia antiga. (Tártaro).


Dando continuidade, em 2001 já com o nome Serbherus, é gravado o Debut “Devotos da escuridão”, uma demo cheia de ódio e com hinos de total massacre a cristandade. Em 2003 é gravado a segunda demo intitulada “Senhor da Guerra”. A boa aceitação aos trabalhos deu origem ao CD “Guardião das Sombras” gravado em 2004.

A partir de então, saímos em divulgação de nosso trabalho fazendo vários shows pelo Rio Grande do Sul, tendo em 2006 participado da coletânea “Massacre nas terras do Sul” e em 2007 do DVD “Live at Blasphemic Attack IV”. Em 2009 a banda “encerra” suas atividades retomando a mesma no início de 2015.

RtM: Porque a banda acabou encerrando as atividades e qual a motivação que os fizeram retornar?

Abadom: Como dito anteriormente, a Serbherus estava divulgando seu trabalho, e em meados de 2007 iniciamos as gravações do nosso quarto álbum que seria lançado no ano seguinte. No decorrer das gravações, diversos fatores fizeram a mesma atrasar, isso nos levou a uma “pausa” natural das atividades onde cada um de nós seguiu com seus projetos, esses concretos ou não, isso levou à banda a inatividade por esse tempo, em outras palavras, nunca oficializamos nosso fim.

A motivação para voltarmos sempre existiu, visto que possuíamos o sentimento de um trabalho não terminado, mas ainda não havíamos tido a oportunidade para concretizar o fato, o que foi acontecer somente no final de 2014 onde Tormento, Mephistopheles e eu em uma conversa decidimos retomar as atividades, o que veio a acontecer de fato em fevereiro de 2015.


RtM: O retorno da Serbherus aos palcos ocorreu dia 18 de abril, no Profano Festival III (no Mutantes Bar em Porto Alegre), como foi estar novamente no palco, como vocês se sentiram e como sentiram a reação do público?

Abadom: Durante o tempo que a Serbherus ficou inativa, Mephistopheles e Tormento não abandonaram os palcos pois ambos possuíam suas bandas paralelas, eu por minha vez, segui apenas compondo, escrevendo e criando arranjos, pois independente do futuro que a Serbherus teria eu jamais deixaria (ou irei deixar) de expor minhas ideias através do metal negro. Então dessa forma, retornar aos palcos depois de tantos anos foi talvez diferente para mim do que para meus companheiros de banda. Eu estava ao mesmo tempo empolgado e apreensivo, pois não sabia ao certo a reação que o público teria, pois durante esse tempo muitas coisas mudaram na cena metal do nosso estado, muitas dessas mudanças não me agradam nem um pouco, diga-se de passagem.


Mas referente ao show, o que presenciamos foi uma reação insana do público, isso superou totalmente nossas expectativas, mas o que nos deu ainda mais força para solidificar nosso retorno com certeza foi à presença e o apoio de guerreiros do verdadeiro underground.


RtM: E falando um pouco mais da sonoridade da banda, quais as temáticas que vocês abordam nas letras? Algo que o Metal em geral tem de diferencial, é essa questão de trabalhar sério, desde a arte da capa, sonoridade e as letras, pois o público banger é sabidamente bem informado e exigente, justamente por isso é mais que um estilo musical.

Abadom: Levamos o metal muito a sério, isso automaticamente reflete na seriedade do trabalho, seriedade que vai desde o primeiro acorde criado até o último detalhe da capa de algum disco. Diferente de alguns exemplos, não nos colocamos em um patamar acima do público em geral pelo fato de tocarmos, pois quando não estamos tocando somos parte do público, vamos a shows, compramos e trocamos CDs, lemos entrevistas, ou seja, apoiamos o underground 24 horas por dia. Falando isso, quero mostrar que fazemos parte desse público exigente, esse que quer seriedade e compromisso nos trabalhos undergrounds e isso claro, molda nossa forma de trabalho. Quero deixar claro que nunca fizemos nada para responder as exigências de outros e sim as nossas próprias, pois acreditamos que sendo sinceros em nosso trabalho, conseguiremos transmitir a nossa essência aos verdadeiros apoiadores do underground. O que é nosso foco.


Quanto à temática, mantemos a mesma do início da horda, ideais voltados ao anti-cristianismo, trevas, guerras, caos e destruição. Buscamos sempre dar muita propriedade as letras, se analisarem, as mesmas possuem um forte embasamento histórico, algo indispensável em nosso trabalho.

Enfim, nosso objetivo sempre foi buscar algo que apesar de influenciado por várias bandas, deixe claro a nossa autenticidade e identidade, o que para mim é fundamental para uma banda.


RtM: E quanto as influências ou inspirações de vocês, que bandas você citaria?

Abadom: Os três integrantes da banda possuem uma bagagem musical considerável, dentro do nosso estilo bem como em todas as ramificações do metal, sendo assim, tudo de sincero e autêntico que passou por nós acabou nos influenciando de certa forma, claro, não posso deixar de citar os pilares de tudo, bandas que nos influenciaram inicialmente e ainda nos influenciam e MUITO nos dias atuais, bandas como o Venom, Darkthrone, Mayhem (antigo é óbvio), Bathory, principalmente a fase inicial, e claro, o bom e velho Hellhammer.

RtM: Vocês estão com planos para gravação e lançamento de material inédito? Seria legal regravar algumas faixas da primeira fase da banda e lançar um material bem completo.

Abadom: Com certeza. Podemos dizer que as gravações de materiais para o próximo álbum já foram iniciadas. Esse trabalho irá conter além de músicas novas é claro, alguns sons da fase antiga, como é o caso da faixa “Devotos da Escuridão”. Essa regravação é uma homenagem aos 14 anos de lançamento da nossa primeira demo que carrega o mesmo nome.


RtM: Além do álbum, quais os planos imediatos da Serbherus para o futuro?

Abadom: Estamos com vários planos, mas no momento estamos totalmente focados na gravação do novo álbum, após a conclusão do mesmo, daremos início à divulgação desse material. Não estou aqui descartando a possibilidades de shows, mas no momento essa não é nossa prioridade.

 RtM: E o cenário para as bandas independentes, principalmente, o que melhorou, o que piorou? Quais as principais dificuldades que as bandas encontram?

Abadom: Gostaria de ter uma resposta diferente para essa pergunta, mas infelizmente o que assisto é uma cena muito diferente do que a de tempos atrás, uma cena quase genérica, onde grande parte dos ditos “bangers” escolhem trilhar os caminhos mais fáceis ao invés de batalhar de forma digna a verdadeira batalha, tornando assim o underground algo superficial.


Outro fator que devo salientar é a falta de espaço para o metal extremo, visto que boa parte deles são controlados por pessoas que se encaixam no perfil citado acima, isso acarreta a ascensão de muitas bandas posers, essas enquadradas nesse contexto genérico buscam sempre o mais fácil visando notoriedade e assim se sobressaem sobre as demais. Outro ponto negativo que não posso deixar de citar é o chamado “apadrinhamento”, onde bandas se destacam por fazerem partes das chamadas “panelas”, algo bem presente em nossa cena. Boa parte da culpa dessa situação se deve também a superficialidade de muitos dos que se dizem fãs do metal.  Em outras palavras, vivemos um underground em crise com uma infestação de produtores interesseiros, bandas posers e público superficial.

Por outro lado, quero deixar bem claro que ainda existem sim bandas, produtoras, público banger entre outros, que acreditam no estilo e realmente se esforçam para manter acesa a verdadeira chama do mesmo. Acredito fielmente na vitória do verdadeiro underground, e essa será graças aos guerreiros (a) que nunca deixaram de acreditar na verdadeira essência desse estilo de vida.


RtM: Agradecemos a atenção e deixamos este espaço final para vocês enviarem sua mensagem aos leitores.

Abadom: Quero em nome da Serbherus agradecer a Road to Metal pelo espaço dedicado à nossa horda, bem como agradecer novamente todos que de alguma forma sempre nos apoiaram e apoiam.
Sempre é bom lembrar a importância que possuí um espaço como esse, e apontar também que são atitudes desse cunho que mantêm vivo o underground. A Road to Metal tem nosso total apoio e admiração.

Abaixo deixarei nosso contato para quem quiser conhecer mais nosso trabalho ou mesmo trocar ideias ou materiais.

Força e Honra ao Underground Nacional!!!


Entrevista por: Carlos Garcia e Deisi Wolff
Revisão: Deisi Wolff/Renato Sanson

Fotos: Mony Ventura Fotografias

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Hellsakura: Porradaria Venenosa e Empolgante



O Hellsakura da conhecida e carismática guitarrista e vocalista Cherry, que já possui uma longa estrada pelo Rock pesado brasileiro, acaba de lançar o segundo trabalho, “Venömrizer” em parceria com o selo Shinigami Records, trazendo, além do seu Punk/Thrash Metal direto e por vezes sujo (sendo impossível não lembrar o Motörhead, Girlschool e bandas como o Atomkraft),  alguns convidados especiais.

A capa, por exemplo, foi concebida pelo Serpenth, do Belphegor, que também participa do álbum, e ainda músicos do Nervochaos, Immolation e Test.

Na produção a banda contou com a própria Cherry e Henrique Khoury, e este e Wagner Meira também se encarregaram das gravações e mixagem, e ainda com os experientes Pompeu e Heros Trench, do renomado Mr. Som, na gravação e mixagem da faixa “Death Row”, que também foi escolhida para vídeo de divulgação, e a faixa “Gory” gravada e mixada no Produssom. Como podemos perceber, a banda não poupou esforços para produzir um álbum de qualidade e com vários atrativos.


Uma banda experiente, que conta atualmente também com Donida (Matanza), e o quarteto senta a mão, comandado pela sempre enérgica e insana Cherry, em um álbum direto, bem agressivo, com seu competente e empolgante Punk Metal, temperado ao Rock and Roll sujo, no estilo do já citado Motörhead, e Speed/Thrash Metal.

São dez faixas em pouco mais de meia hora (31:18 minutos, para ser exato), dinâmico e direto (inclusive o álbum acaba de "sopetão"), e “Emergency” já dita o tom, em riffs bem Thrash e a voz de Cherry que por vezes me recorda o estilo de Wendy O. Williams, rouca e com muita garra, em uma faixa perfeita para bater cabeça, ótima abertura; “Venom” é rápida, bem naquela veia Motörhead, enquanto que “Lethal” começa mais na manha, mais cadenciada, riffs marcantes e alguns resquícios de melodias em meio a distorção.

A carismática Cherry
Podemos encontrar doses de Hardcore/Crossover como em  “Toxic” e experimentalismo da praticamente vinheta “No Serium” (o nome explica), mas o que manda mesmo são os riffs marcantes e a pegada, nessa mistura de Metal, Punk, Thrash e Rock & Roll “sujão”, proposta muito bem executada pela banda, e que com certeza funciona ainda melhor ao vivo. Porrada e cativante!

Resenha: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Banda: Hellsakura
Álbum: Venömrizer
Estilo: Punk/Metal/Thrash Metal

Formação:
Cherry - Guitarra, Vocais
Donida - Guitarra
Napalm - Baixo
St Denis - Bateria



Track List:
1. Emergency
2. Venom
3. Lethal
4. Mark Of The Witch
5. Bloody Hell
6. Toxic
7. No Serum
8. Gory
9. You Got the Metal
10. Death Row


domingo, 23 de agosto de 2015

Sirenia: Symphonic de Classe e a Significativa Marca do 7º Álbum


O Sirenia , banda que foi sofrendo diversas alterações na formação, e que na verdade deve ser encarada como projeto solo do multi-instrumentista e produtor Morten Veland, também conhecido por ser um dos fundadores do Tristania, sendo responsável pelos dois primeiros magistrais discos da banda. Veland praticamente seguiu a linha adotada nos primórdios do Tristania, enquanto que sua antiga banda foi buscando inovações que nem sempre surtiram o resultado desejado, inclusive desagradando os fãs mais antigos.

“The Seventh Life Path” já é o sétimo álbum do Sirenia (disponibilizado em versão nacional pela Shinigami Records, sob licença da Napalm Records), e se Veland não se enveredou por grandes mudanças ou riscos na sonoridade, continua produzindo com maestria o Metal Sinfônico, com pitadas de Gothic Metal e passagens melancólicas, vocais femininos, que aqui mais uma vez ficam a cargo da espanhola Ailyn Gimènez, que caracterizou seu trabalho no Tristania e demais álbuns do Sirenia, e talvez o que tenha realmente adicionado, foi um instrumental mais intrincado. Destaque para a bela capa a cargo de Gyula Havancsak, que traz várias referências ao número 7, além de ser o sétimo álbum da banda, como sete corvos, sete serpentes e sete rosas que aparecem na ilustração.

A bela capa, com vários detalhes relacionados ao número 7
Após a intro com “Seti”, “Serpent” apresenta as características conhecidas do Sirenia, Metal sinfônico com doses de melancolia (observe que a letra fala sobre a morte, o que remete também ao tema da capa), peso nas guitarras, belos corais e arranjos e os vocais ríspidos de Veland por vezes se alternando aos vocais de Ailyn, e esses elementos permeiam o decorrer do álbum, destacando-se a produção cristalina, absolutamente necessária neste estilo, mas apesar de ser um álbum bem, digamos, uniforme, além da faixa de abertura, temos mais momentos que se sobressaem como em “Elixir”, que traz à lembrança alguns dos grandes momentos de Veland tanto no Tristania como no excelente disco de estreia, e talvez melhor álbum do Sirenia, destacando a participação nos vocais masculino limpos de Joakim Naess, a faixa traz belas e marcantes melodias ao teclado, elementos mais visíveis do Gothic Metal e grandiosos corais, culminando em um refrão pesado e  com ênfase nos guturais.

Morten Veland, o mentor do Sirenia e ícone do Symphonic/Gothic Metal
“Sons of the North” começa com um coral que lembra um canto gregoriano, seguido de cozinha pesadíssima e mais corais grandiosos em uma faixa poderosa, pesada, densa e sinfônica que toma ares de trilha sonora épica, praticamente uma ode à Escandinávia; “Insania” traz elementos mais atuais, destacando a pegada pesada das guitarras e sintetizadores furiosos, aliados às características tradicionais dos trabalhos de Veland; “Contemptuous Quietus” traz aquele ar bem melancólico, lembrando também bastante o Tristania dos primórdios, além de bastante peso nos riffs, crescendo em peso a partir da metade; e ainda a bela balada “Tragedienne”, que também aparece em versão em espanhol como bônus track, carregada de melancolia e lindos arranjos de piano e violino.

Sempre uma excelente pedida aos aficionados pelo estilo, além de termos a certeza de que se tratando de Morten Veland, podemos esperar uma produção primorosa, belos arranjos, corais primorosos e Metal Sinfônico de qualidade.

Rate: 8,5/10

Resenha: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: Sirenia
Álbum: The Seventh Life Path
País: Noruega
Estilo: Symphonic/Gothic Metal
Selo: Napalm Records - Licenciado para o Brasil via Shinigami Records


 Band members

Morten Veland – guitars, vocals, bass, piano, synth, mandolin, programming
Ailyn – female vocals
Live Members
Jan Erik Soltvedt – guitars
Jonathan A. Perez – drums

Guest musicians
Joakim Næss – clean male vocals on “Elixir”
Damien Surian – choir
Emilie Bernou – choir
Emmanuelle Zoldan – choir
Mathieu Landry – choir


 
Track listing
1. Seti 2:05
2. Serpent 6:31
3. Once My Light 7:21
4. Elixir (featuring Joakim Næss) 5:45
5. Sons Of The North 8:16
6. Earendel 6:14
7. Concealed Disdain 6:11
8. Insania 6:39
9. Contemptuous Quitus 6:29
10. The Silver Eye 7:29
11. Tragedienne 4:54

Bonus track
12. Tragica (Spanish version of Tragedienne) 4:55

Band members
Morten Veland – guitars, vocals, bass, piano, synth, mandolin, programming
Ailyn – female vocals
Live Members
Jan Erik Soltvedt – guitars
Jonathan A. Perez – drums

Guest musicians
Joakim Næss – clean male vocals on “Elixir”
Damien Surian – choir
Emilie Bernou – choir
Emmanuelle Zoldan – choir
Mathieu Landry – choir


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

In Torment: Extremismo Ousado



Quem ainda pensa que o “underground” é um termo recente, não parou para observar o distante passado glorioso das décadas vindouras e, tão pouco, desvendar as árduas trajetórias dos grandes nomes do Metal nacional, que nos dias de hoje carregam, o que foi conquistado com muito suor, status de ‘lenda’, despontando todo seu trabalho para diversos cantos do globo. 

O nome, para a minoria, é traduzido como algo pejorativo, mas para as bandas que estão na luta para achar um lugar ao sol, com o advento da internet e de tantos outros meios afins (assessorias de imprensa, por exemplo), é o percurso convencional para o alicerce perfeito de um futuro brilhante. A caminhada é longa, claro, mas que agrega grandes resultados. Já para os apressados, é melhor não emitir comentários, pois querem o sucesso do dia para a noite. Vindo de uma turnê satisfatória na Europa e fruta dessa jornada, eis que surge, em São Leopoldo (RS), o In Torment, promovendo “Sphere Of Metaphysical Incarnations”, terceiro disco da carreira.

Um desfile de Death Metal intenso, bruto e destrutivo. Esses são os três adjetivos que resume a desenvoltura extrema e arruínam-te desses gaúchos, integrado por Alex Zuchi (vocal), Alexandre Graessler e Rafael Giovanoli (guitarra), Bruno Fogaça (baixo) e Dionatan Britto (bateria), denotando e difundindo riffs de guitarra cadenciados (introduzindo precisão e geniosidade), vocais frenéticos (guturais incandescentes) e uma cozinha rítmica obscena e belicosa (peso na sua devida medida), insinuando contornos bem sutis de pura melodia e técnica bastante apurada nas partes instrumentais deste quinteto, o que dá uma dimensão e realce especiais, acrescentando também toadas opressivas e requintadas. 



A produção não poderia ser de ninguém menos que do conceituado produtor Sebastian Carsin, tudo feito e gravado dentro do Hurricane Studio, escoltado pelo ótimo trabalho de mixagem e masterização de Zack Ohren, deixando a qualidade sonora com total clareza e compreensão no momento da audição do disco, conseguindo sintetizar todo peso e melodia nota a nota. Além de ótimos músicos profissionais, Rafael Giovanoli, que fez um representativo trabalho nas guitarras, foi o responsável por gerar uma bela arte gráfica, mostrando o contexto humano e filosófico nas letras.

O som do In Torment é calcado nas grandes bandas do gênero, remetendo ao Morbid Angel e Suffocation como exemplos principais, mas que, ao mesmo tempo, sempre impõem inovação em arranjos harmoniosos, cheios de feeling através de energia e empolgação esmeraldina, tornando o registro diferenciado e uma das pérolas mais preciosas do Metal extremo nacional, se comparado a outros trabalhos do gênero. 

“The Unnatural Conception” da o ponta pé no CD de forma avassaladora e bruta, expressando fúria através de riffs azedos e ríspidos, imprimindo nuances rítmicas bem interessantes e colocando técnica no meio de tanto peso; “Divine Universal Awareness” apresenta  levadas, abrasivas, caracterizado por timbres agonizantes, destacando novamente a versatilidade técnica do grupo, principalmente vindo da bateria (com um ótimo trabalho de dois bumbos) e do baixo (enfocando acordes marcantes); vigorosa e atrativa, “Into Abyssal Landscapes” entrelaça momentos de puro alto astral à mudanças de tempo e de ritmo, predominando inteligência e facilidade em encontrar soluções criativas, sem perder o quesito principal da banda, que é o peso e a sabedoria técnica.



“The Threshold (Transcending The Matter)” enfatiza efeitos melodiosos em determinadas partes, que é nitidamente notável nos solos de guitarra, penteado por timbres cadenciados e precisos, conjugando, claro, brutalidade na sua devida medida; com menos densidade, só que mais arrastada, a faixa título nos proporciona mais uma vez ponteados arranjos melódicos, ousados e experimental, de maneira bem moderada, sobressaídos por belos riffs de guitarra e solos exterminantes; absurdas viradas de bateria dão inicio para a agressiva “Far Beyond Mortality”, saqueando harmonias cadenciadas através de vocais guturais bem postados sem perder o fôlego; estigmas melodiosos imperam novamente em “Mechanisms Of Domination”, epilogando texturas ácidas e vibrantes nos riffs de guitarra, contando com a participação de Renato Osório, do Hibria, nos solos; o castigo grosseiro é aplicado em “The Extinction Process”, imprimindo manifestações ardentes nos vocais e na parte rítmica; clima tristonho e objetiva, “Beholding The Everlasting” fecha o disco, brutal, chegando a ser épica e ao mesmo tempo sombria

Como já falei inúmeras vezes, esta pessoa que vos escreve não é um aficcionado em Death Metal, mas o In Torment me impressionou com sua genialidade passada em sua música. Sem dúvida, um dos melhores discos de Metal extremo de 2014.



Texto: Gabriel Arruda

Edição/Revisão: Carlos Garcia/Renato Sanson

Fotos: Divulgação



Ficha Técnica

Banda: In Torment

Álbum: Sphere Of Metaphysical Incarnations

Ano: 2014

Estilo: Death Metal

Gravadora: Eternal Hatred Records/Rapture Records

Assessoria: Ms Metal Agency



Formação

Alex Zuchi (vocal)

Alexandre Graessler (guitarra)

Rafael Giovanoli (guitarra)

Bruno Fogaça (baixo)

Dionatan Britto (bateria)



Track-List

01. The Unnatural Conception

02. Divine Universal Awareness

03. Into Abyssal Landscapes

04. The Threshold (Transcending The Matter)

05. Sphere Of Metaphysical Incarnations

06. Far Beyond Mortality

07. Mechanisms Of Domination

08. The Extinction Process

09. Beholding The Everlasting





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