sábado, 18 de junho de 2016

Entrevista: Maverick - The Metal Becomes Our Voice!




Fundada em 2011, na cidade de São José do Rio Pardo, o Maverick vem colhendo os frutos de toda a dedicação e trabalho para o lançamento do seu debut, "The Motor Becomes My Voice" (2015), e o Thrash/Groove Metal do quarteto despertou muita atenção, recebendo várias menções nas listas de melhores álbuns e de revelação no ano passado, incluindo a 25º posição no portal Headbangers Latinoamerica.  (read the english version)

Neste primeiro semestre de 2016, as boas notícias e novas conquistas continuam aparecendo, e a banda segue a divulgação do seu álbum, e para levar para vocês um pouco mais sobre a banda, o interessante título do CD, curiosidades sobre a produção e lançamento do álbum e outros assuntos, conversamos com Gabriel Sernaglia (guitarra e vocal), que nos contou mais a respeito desses assuntos, e muito mais, onde podemos decifrar mais a respeito da força motriz que move o quarteto Maverick! Confira!



RtM: Para início de conversa, gostaria de saber como vocês avaliam até agora os resultados obtidos com o seu debut, "The Motor Becomes My Voice". 
Gabriel Sernaglia: Primeiramente, muito obrigado pela oportunidade Road to Metal, é um prazer!Acredito que a palavra certa para descrever é “Surpresa”, nos empenhamos muito desde o processo de composição até o resultado final do disco, porém mesmo que por dentro você almeje muito os resultados, você só acredita quando realmente os colhe, sabe? Tem sido tudo muito surpreendentemente positivo...


RtM: Foi muito legal você terem o álbum incluído em 25º na listagem dos 250 principais lançamentos de 2015, no portal Headbangers Latinoamerica, além de ser citados como revelação e em listas de melhores álbuns em vários sites especializados. Certamente são conquistas que devem ter rendido mais frutos para a banda, estou certo? 
GS: É exatamente esse tipo de coisa que a gente não espera!Isso tudo foi muito surreal cara, chegamos a pensar que tinha sido erro do estagiário saca?(risos)
Mas agora falando sério, tem rendido muitos frutos, graças ao “The Motor Becomes My Voice”, nós fomos finalmente ouvidos, entramos em campo sabe? Realizamos o sonho de abrir um show do mestre “Max Cavalera” com o Soulfly, recebemos o convite para tocar em um dos mais conceituados festivais do Brasil, o “Roça ‘n Roll” em Varginha – MG, vamos abrir pro Krisiun em junho também... Tudo isso graças a repercussão do álbum.


RtM: Falando em reconhecimento, e aproveitando o link, vocês tiveram a oportunidade de abrir para o Soulfly em Ribeirão Preto SP, dia 09/04, contem pra gente como foi esse show?
GS: Foi fantástico, tínhamos uma missão importantíssima a cumprir, abrir o show de uma das maiores bandas da historia do metal e fazer valer a oportunidade que nos foi entregue pela produção e por todos os votos que recebemos na fase de seleção…Foi o nosso primeiro show em Ribeirão Preto, fomos muito bem recebidos pelo público presente, acredito que fizemos valer a pena, saímos de cabeça erguida e com as melhores histórias possíveis para contar! Nunca vamos esquecer essa noite!


RtM: "...É minha voz pela sua voz, é o grito que as palavras não podem descrever!", assim diz uma das frases da faixa título. Contem-nos um pouco mais a respeito do recado que a banda quer passar com a letra dela, e também sobre o título do álbum, que é diretamente ligado ao nome da banda. 
GS: “Motor Becomes My voice” apesar de ser a última a ser composta, acabou sendo a faixa título. Foi nossa maneira de expressar determinação, se você tem uma causa pela qual valha à pena lutar, você deve fazer isso com tudo o que tem, procurar seu ponto de equilíbrio e partir pra cima do seu objetivo. Nós relacionamos com a nossa causa e o nosso tema o motor se tornando a nossa voz. Seria expressar através da banda o que muitos de nós não temos coragem de dizer, não aceitar condições miseráveis que muitas vezes nos são impostas diariamente, mesmo que pra isso tenhamos que incitar uma revolução. 

Motor Becomes My voice” apesar de ser a última a ser composta, acabou sendo a faixa título. Foi nossa maneira de expressar determinação, se você tem uma causa pela qual valha à pena lutar, você deve fazer isso com tudo o que tem.

RtM: Vocês poderiam falar um pouco mais do Thrash Metal do Maverick? Percebi nas primeiras audições que possui bastante groove, tem aquela influência do Thrash moderno, vi algo de Pantera e Sepultura aí, com a diferença que é mais voltado aos riffs e levadas, não tendo muito espaço para solos. Como vocês foram lapidando essa identidade e quais as influências principais da banda?
GS: Na verdade, desde que começamos a compor, não tínhamos exatamente um estilo, uma linha específica a seguir dentro do Metal, os sons foram surgindo naturalmente, acredito que acabamos reproduzindo a nossa versão da mistura que são nossas influências, sobre a questão dos solos, tanto eu (Gabriel Sernaglia) quanto o Caio (antigo guitarrista) éramos “Riffeiros”, e meio que quisemos explorar ao máximo essa questão dos riffs, naquele momento não sentimos uma real necessidade de introduzir muitos solos. Sobre as influências, como temos gostos bem diferentes, vou citar as influências em comum, basicamente são Sepultura, Pantera e Claustrofobia.


RtM: E sobre o processo de composição do álbum? Quanto tempo vocês levaram para conceber o debut? Vocês já tinham tudo composto e fizeram alguma pré-produção antes de decidir ir para o estúdio e registrar o trabalho? 
GS: Nós formamos a banda em 2011, mas somente no final de 2012/começo de 2013 que conseguimos formação estável e a partir daí começamos a compor aos poucos e de forma experimental. Quando começamos as gravações em Outubro de 2014 já tínhamos todos os sons prontos, e não passamos pelo processo de pré-produção e optamos pelo Studio Atthena’s, em Poços de Caldas MG, pois tivemos ótimas referências do trabalho do Adilson Garcia, que gravou, mixou e masterizou o álbum, nós já o conhecíamos há algum tempo, e as referências se consolidaram, ficamos muito contentes pelo resultado, ótimo profissional. Então, desde o início das gravações até o CD em mãos demoramos cerca de 10 meses.


RtM: E a oportunidade da parceria com a Shinigami Records para o lançamento do álbum? Que aliás, é um selo que tem lançado muitos álbuns de Metal nacional. Como chegaram a essa parceria e se vocês estão satisfeitos com ela?
GS: A Shinigami Records literalmente “Caiu do céu” para nós, de início, entramos em contato com eles em busca de um serviço que eles oferecem de “Assessoria de Prensagem”, onde eles cuidam de toda a parte burocrática da prensagem do disco, mas nada além disso. Quando enviei a master pra eles, o William, que é o proprietário, ouviu o álbum, gostou muito e nos ofereceu a oportunidade de ter o nosso debut lançado pela Shinigami Records, que acredito eu, foi o primeiro grande passo para nós, pois já acompanhávamos os lançamentos da gravadora e sabíamos do grande alcance que o trabalho deles proporcionaria. Grande gravadora, é uma honra muito grande trabalhar com eles. 
 
"Por que caveiras mecânicas? Além de fazer analogia direta ao nome da banda, por ter esse lado "mecânico, motorizado", ainda passa a sensação direta da perda de sensibilidade crescente que a humanidade vem sofrendo, que é um dos principais temas que abordamos no álbum."


RtM: É muito legal também a arte da capa, então gostaria que vocês comentassem também sobre ela. E a parte gráfica é muito importante, a apresentação, uma capa bem feita, para chamar a atenção, causar uma boa impressão.
GS: Foi mais um desafio pra nós, com a gravação, estávamos praticamente zerados financeiramente, então decidi chamar essa responsabilidade e desenvolvê-la. A arte simboliza “caveiras mecânicas gritando”, tive a ideia quando a faixa título estava sendo composta e ouvi o trecho: "as peças foram escolhidas cuidadosamente... o que estamos construindo aqui é a minha voz pela sua voz, é o grito que as palavras não podem descrever..."
Por que caveiras mecânicas? Além de fazer analogia direta ao nome da banda, por ter esse lado "mecânico, motorizado", ainda passa a sensação direta da perda de sensibilidade crescente que a humanidade vem sofrendo, que é um dos principais temas que abordamos no álbum. Estamos nos tornando cada vez mais mecânicos.  


RtM: Que legal Gabriel, foi uma ideia bem interessante! Achei também interessante a decisão de disponibilizar o álbum inteiro para audição na net, e vejo muitas bandas fazendo isso, afinal, impossível um álbum não ser encontrado para download hoje na rede, então, o público que gostar do som, vai adquirir o álbum original. Sabemos que a internet tem esses dois lados, mas é um veículo incrível de divulgação, principalmente para novas bandas, então aos poucos o mercado e as bandas foram, e continuam, se adaptando e criando novas formas de conviver com esta realidade. O que vocês pensam a respeito? Para as bandas underground é algo que tem mais prós do que contras pela questão da divulgação?
GS: Temos exatamente a mesma opinião, é impossível que não se encontre pra download, e porque alguém compraria algo de que nunca se ouviu falar? A nossa principal intenção desde o início era atingir o maior número de pessoas possível e continua sendo, disponibilizar o álbum para audição nesse caso era imprescindível. Temos que nos habituar com o que a atual situação nos disponibiliza, e acredito que no contexto de divulgação os prós são infinitamente maiores. Hoje em dia, muita gente não tem nem onde ouvir um CD físico, eu mesmo não tenho CD Player, e mesmo assim quando curto determinado som, não deixo de adquirir o material e percebo que funciona assim pra muita gente também, pois a venda desse material nos shows continua sendo muito legal, já fora desse ambiente, são raras.  


"Procurar uma nova fórmula, algo que ainda não foi explorado,trabalhar sempre com a questão de ser verdadeiro, fazer de verdade, trazer do fundo da alma, primeiramente se encontrar pra depois se expor, sabe?" (Gabriel, opinando sobre o que uma banda deve buscar para se destacar)

RtM: O que vocês gostariam de acrescentar para as novas composições, ou seja, em que almejam evoluir para os próximos trabalhos, ou pontos que gostariam de fazer de diferente do debut?
GS: Pretendemos seguir a mesma estrutura, porém torná-la mais complexa. Para o próximo trabalho temos dois fatores que vão influenciar muito nessa complexidade, o fato da experiência no estúdio, buscando uma pré-produção, que até então nunca tínhamos sequer entrado em um antes de gravarmos, e a entrada do César na guitarra, que é um guitarrista muito virtuoso e de perfil completamente diferente do meu, ele já é mais voltado para a questão dos solos e as primeiras experiências de novas composições tem sido muito legais!


RtM: Aproveitando que tocamos na questão de evoluir, buscar um trabalho mais complexo, gostaria de saber sua opinião sobre o que uma banda precisa buscar para conseguir se destacar no cenário, em uma cena tão concorrida, e ter também uma longevidade?
GS: Acredito que é o que todos que temos esse sonho estamos a procura dessa resposta... Procurar uma nova fórmula, algo que ainda não foi explorado,trabalhar sempre com a questão de ser verdadeiro, fazer de verdade, trazer do fundo da alma, primeiramente se encontrar pra depois se expor sabe? Longevidade, acredito que se deva a união entre a banda, enxergar esse contexto como uma família e ao mesmo tempo como uma empresa, em minha opinião, se não houver união, provavelmente os dias estarão contados.
"Muitas vezes as próprias bandas contribuem para que continue assim (sobre a situação financeira difícil); principalmente não valorizando o próprio trabalho e se sujeitando muitas vezes a tocar de graça, isso é inadmissível, pois se você em primeiro lugar não se valorizar, ninguém vai. "
RtM: E quais foram os maiores desafios encontrados pela banda até agora?
GS: O maior desafio se deve a questão financeira, é tudo muito caro no Brasil, desde o básico para se tocar, que são seus instrumentos pessoais, passando pela produção de material, até a divulgação do mesmo. Para uma banda que está começando no Underground, se você conseguir zerar os gastos com o retorno já é considerado bem sucedido, e não deveria ser assim né? E essa questão financeira, muitas vezes as próprias bandas contribuem para que continue assim; principalmente não valorizando o próprio trabalho e se sujeitando muitas vezes a tocar de graça, isso é inadmissível, pois se você, em primeiro lugar não se valorizar, ninguém vai. 


RtM: E a principal motivação em formar e manter uma banda de Metal, diante das sabidas dificuldades?
GS: A motivação maior é o reconhecimento, por exemplo, estar nas listas de melhores do ano que já foram citadas acima, ou quando você fica sabendo que estão falando bem do seu trabalho, principalmente quando não é diretamente pra você; outro exemplo é ser convidado para um entrevista muito legal como essa da Road to Metal, são detalhes que realmente fazem a diferença e te mantém de pé, mesmo diante a todas as dificuldades.


RtM: Obrigado Gabriel, que bom que curtiu a entrevista, também gostei bastante de saber um pouco mais do seu trabalho e suas ideias, agradecemos a oportunidade, e fica o espaço para sua mensagem aos leitores e aos fãs da banda! Parabéns pelo trabalho, e sucesso para vocês nos próximos desafios!
GS: Nós é que agradecemos o convite e o interesse no nosso trabalho, muito obrigado e muito sucesso, contem sempre com o nosso motor!
Aos leitores e aos nossos amigos, apoiem e acreditem no que nasce no quintal de casa também, o metal nacional é muito promissor, mas precisa de cada um de vocês, diga não as panelas, as competições entre bandas, as comparações desnecessárias, não façam da verdade de vocês a verdade de sites de “metal-fofoca” ou de “youtubers sabe tudo”, procure, conheça, forme a sua própria opinião, às vezes a retórica convence, mas ela não é necessariamente verdadeira.

Acenda dentro de vocês o espírito de rebeldia e questionamento do Rock n' Roll outra vez, as bandas estão aí, lutando e lutando muito por uma cena melhor. Juntos temos certeza que seremos sempre mais fortes.

UNIÃO e HUMILDADE sempre!


Entrevista: Carlos Garcia
Fotos: Arquivo da banda

Maverick é:
Gabriel Sernaglia: Guitarra e Vocais
César `Perdão: Guitarras
Lucas Silva: Baixo
Gustavo Polississo: Bateria

Assessoria: Metal Media







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