quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Entrevista - Marina La Torraca (Phantom Elite, HDK e Avantasia - Live): Vivendo um Momento Mágico



Muitas vezes nem sempre o talento e trabalho bastam, às vezes parece ser preciso estar no lugar certo na hora certo, cruzar com as pessoas certas, pois quantos ótimos músicos e bandas você conhece que estão na cena, e que você se pergunta: "Como que essa banda, ou esse cara não conseguiram um sucesso maior?". Alguns acabam até desistindo. (English Version)

A brasileira Marina La Torraca passou por uma situação em que chegou a desistir de seguir carreira no Metal, mas a vontade de seguir na música e no Metal, falou mais alto, e isso parece te-la colocado no caminho das pessoas certas, pois muita coisa aconteceu depois que Marina acabou tendo Amanda Somerville como sua vocal coach, depois desse contato, surgiu a oportunidade de trabalhar com a banda de Sander Gommans (HDK, After Forever), e em seguida de formarem uma nova banda, o Phantom Elite. As coisas começaram a acontecer da melhor forma, e em seguida veio a indicação de Amanda Somerville para Marina substituí-la em alguns shows da "Ghostlights World Tour" do Avantasia, ou seja, tudo caminhou junto, pois sem talento, as coisas também não aconteceriam.

Bom, vamos saber da própria Marina um pouco mais da sua carreira, do seu trabalho, do Phantom Elite, Avantasia e desse momento especial que vem vivendo. Confira a seguir o papo que tivemos com a talentosa e sempre simpática Marina La Torraca:



RtM: Oi Marina, pra começar você poderia nos contar um pouco como surgiu a oportunidade de trabalhar com o Sander Gommans e depois formar o Phantom Elite?
Marina La Torraca: Oi Carlos! Bom, eu conheci tanto o Sander quanto a Amanda Somerville nas gravações do álbum “Shield of Faith”, que eu gravei há alguns com a (agora inexistente) banda de origem romena Highlight Kenosis. A Amanda foi minha vocal coach nas gravações e o Sander produziu o álbum.

A formação do Phantom Elite veio muito depois, e surgiu de uma situação bem espontânea. Eu estava sem banda há algum tempo (por conta dos meus estudos) e perguntei pro Sander: “E aí...  será que você não tem nenhuma banda pra mim, não?” (risos). Mais ou menos assim! A partir daí surgiu a ideia de trazer o projeto de estúdio do Sander, o HDK,  para os palcos. Gostamos da ideia e saímos em busca de músicos para fazer isso acontecer. Com a banda formada e muitos meses de ensaio, acabamos nos envolvendo tão positivamente com o projeto, que nosso material próprio acabou virando prioridade... e foi assim que o Phantom Elite, nome tirado da letra “Eternal Journey” do álbum “Serenades of the Netherworld” (HDK), veio a surgir.


RtM: Lembro de que você teve algumas bandas covers, inclusive do Evanescense, mas depois você acabou sumindo de cena. Você acabou ficando afastada da cena por falta de oportunidades, decepção com o cenário musical?  Li uma entrevista em que você falou que estava se dedicando aos seus estudos de arquitetura. Você meio que havia decidido a abandonar o cenário musical de vez? Geralmente quem é ligado à música, geralmente não consegue se desligar, heheh, você pode tentar largar a música, mas ela não te larga! Hehe
Marina: (risos) É bem por aí mesmo! Tentei “abandonar” a música muitas vezes, he he he. Algumas vezes por ter que focar nos estudos, outras vezes por frustração com a indústria... rs.
Mas as bandas cover que tive no Brasil nunca foram realmente transformadas em um projeto de material próprio e, apesar de sempre termos dado o nosso melhor em termos musicais e de performance, nunca foram tratadas como um “business”, com investimento, planejamento, etc.

RtM: E agora com esse trabalho com o Sander  e com o Phantom Elite, além dessa oportunidade de excursionar com o Avantasia (que vamos falar também), você se sente motivada novamente a seguir uma carreira dentro do Metal? Quais suas expectativas?
Marina: Bom, estamos planejando e investindo “profissionalmente” no Phantom Elite desde o início. Ter retorno financeiro com uma banda de Metal é, com muito otimismo, um plano a looooongo termo. (risos) Estamos aí pra crescer, mas fazemos essencialmente porque há muita realização pessoal envolvida.
Eu, no momento, canto profissionalmente em diversas produções e eventos, dou algumas aulas de canto, e (muito às vezes, rs.) trabalho com design gráfico e arquitetura. É assim que ganho meu pão-de-cada-dia. Mas claro que trabalhar com o Avantasia é bem mágico e abre espaço pra “wild ideas” até então mais distantes! Haha.

"Formamos a banda, e muitos meses de ensaio, acabamos nos envolvendo tão positivamente com o projeto, que nosso material próprio acabou virando prioridade."
RtM: E como você está se sentindo com relação às composições, como estão fluindo?
Marina: Nós moramos muito longe uns dos outros, então as composições são feitas basicamente via Skype, Dropbox, Whatsapp, e outros aplicativos, rs. Não é o método mais “fluido” que conheço, rs., mas é o nosso método (que acaba até adicionando um certo “tempero” às composições). As músicas prontas e nas quais estamos trabalhando no momento, estão nos dando bastante orgulho!

RtM: Manda aí pra mim ouvir! he he he!, Bom, vocês acabaram de apresentar a música “Siren’s Call”, mas e o álbum de estreia, vocês tem uma previsão de lançamento?
Marina: Não temos previsão concreta para esse lançamento, mas esperamos que seja na primeira metade de 2017. Digamos que 50% do material está pronto e já estamos em fase avançada dos outros 50%, rs.

RtM: Falando em composições, é difícil logicamente fugir de bandas que serviram influências ou inspirações, mas o que uma banda deve buscar para  imprimir sua personalidade, e também se destacar, num cenário que é bem concorrido com uma gama enorme de bandas?
Marina: Eu pessoalmente acredito que tem tanta banda de qualidade mundo afora (e hoje em dia temos acesso a essas bandas que antes precisariam de um meio de veiculação para atingir as massas), que fica difícil “tentar ser original”, ou “tentar ser comercial”, ou “tentar” qualquer coisa. Você tem que fazer o que sai de você e pronto (risos). Uma amiga minha diz que dar a luz a qualquer projeto criativo é realmente “um parto”, e eu não poderia concordar mais. Você carrega aquilo com você, nutre, vê tomar forma, sente, sofre... e finalmente coloca pro mundo. Imperfeito e humano, tá aí.

"Dar a luz a um projeto criativo é como um 'parto' realmente, você carrega aquilo com você, nutre, vê tomar forma, sente, sofre... e finalmente coloca pro mundo. Imperfeito e humano."
RtM: Lembro de trabalho seu com a banda Melodic/Progressive Highlight Kenosis, que saiu pelo selo Ravenheart, como foi essa experiência? A banda acabou encerrando as atividades?
Marina: Foi uma ótima experiência de aprendizado, inclusive do que não se fazer na indústria, rs. Tivemos também muitos problemas pessoais e a banda acabou encerrando as atividades pouco tempo depois do lançamento do primeiro álbum comigo.

RtM: Lembrei que a Ravenheart lançou o terceiro álbum da banda brasileira Amazon (Rise!), e inclusive o Sander e a Amanda trabalhou na produção, com a  Sabrina Todt (vocal), tendo a Amanda como vocal coach. Conhece o trabalho do Amazon?
Marina: Claro que conheço, o Renato e a Sabrina são gente finíssima. Eles trabalharam com o Sander e a Amanda na mesma época que o Highlight Kenosis estava por lá. O pessoal da Amazon fez um ótimo trabalho conjunto com a dupla (estou com uma música deles na cabeça agora! (he he he).

RtM: E o convite para fazer esses shows com o Avantasia? Conte pra gente como foi que surgiu a oportunidade, e também como ficou seu coração quando aconteceu e quando você subiu no palco com eles para o primeiro show?
Marina: Bom, a Amanda meu ligou dizendo que não poderia fazer alguns shows do Avantasia e acabou por perguntar se eu não teria interesse em “quebrar o galho” pra ela. Minha primeira reação foi de choque e pânico, mas mantive a calma e disse: “Claro, tenho bastante interesse.” (risos)! O primeiro show seria 2 semanas após tal ligação, he he he. Eu: “Sim, claro, ainda tenho interesse...” Mas pensando: “DUAS SEMANAS?! SEM ENSAIO?!?! Eu devo ser muito corajosa ou muito insana pra aceitar isso.”
Pra piorar a situação, peguei uma gripe horrível alguns dias antes do primeiro show em Munique e a ÚNICA coisa que eu pensava ao subir no palco era em não desmaiar nem perder a voz durante o show! he he he. Cantar “Farewell” afônica seria um pesadelo.

Amanda dando a notícia que Marina a substituiria na parte final da Tour
RtM: E sobre as preparações para esses shows, que além de muitos músicos envolvidos, tem um set-list geralmente longo. E como você disse, não teve nenhum ensaio, já que a tour estava andando, então, conte pra gente como foi essa sua preparação, e o que você fez para vencer o nervosismo e ansiedade, que acredito, deve ter sentido!
Marina: Como disse na resposta anterior, ZERO ensaio com a banda, he he he. Treinei e me preparei em casa o máximo que pude, praticamente non-stop (mesmo estando gripada he he). O set-list do Avantasia é gigantesco e a Amanda canta em todas as músicas, não podia me dar ao luxo de parar de ensaiar.

Nervosismo e ansiedade sempre dá antes de qualquer show. Por incrível que pareça, o fato da produção ser tão grande e tão bem organizada me deixou até mais tranquila (em shows menores onde alguns membros da banda têm que cuidar de tudo, e o stress-level acaba sendo maior). E a galera toda do Avantasia (inclusive e principalmente o Tobi no primeiro show!) foi tããão receptiva e compreensiva, ótima atmosfera. O que mais senti no palco ao ver TANTA gente na platéia foi adrenalina. E um constante medo irracional de desafinar brutalmente em “Farewell” (risos)!

Ensaio, ensaio e ensaio:  "Treinei e me preparei em casa o máximo que pude, praticamente non-stop..O set-List do Avantasia é gigantesco...não podia me dar ao luxo de parar de ensaiar." 
RtM: Tem alguma história dos ensaios ou bastidores pra nos contar também? Devem ter muitas não é? Muita gente deve ficar imaginando como é viver o dia a dia com um projeto tão grande como o Avantasia.
Marina: Eu precisaria de uns 2 dias pra responder somente a essa pergunta (risos). Tem muita história. Depois do show na Polônia, os rockstars celebraram o último show da tour no ônibus em grande estilo: dormindo. Alguns até mesmo de mãozinhas dadas (para não ser injusta, algum consumo alcoólico foi envolvido nesse episódio).

RtM: E o balanço que você faz dessa experiência? Certamente algo que lhe agregou e agregará muito, sem falar que dará uma boa visibilidade para o Phantom Elite, ajudando a abrir algumas portas.
Marina: Foi uma experiência totalmente positiva e aprendi MUITO em pouco tempo. Realmente há muito know-how nessa produção, é um nível altíssimo de organização e experiência. Sem contar os aspectos da carreira que se aprende diretamente do convívio com essas feras.
E sim, ajuda sim a abrir muitas portas! (Risos)

RtM: E o cenário aí na Europa, pelo que você tem acompanhado, como estão as oportunidades para os novos grupos, as oportunidades para shows, festivais, sendo que aí existem muitos festivais de pequeno, médio e grande porte?
Marina: Como eu disse numa entrevista que dei recentemente, as vantagens de oportunidades para as bandas europeias em comparação com América Latina acabam sendo geográficas mesmo. Pequenas bandas não vão tocar direto no Wacken, mas tem bastante festival de médio porte que são relativamente acessíveis a bandas de qualidade que se “levam a sério” e investem no projeto. Há bastante degraus entre o chão e lá em cima (risos).

"Peguei uma gripe horrível alguns dias antes do primeiro show em Munique, e a ÚNICA coisa que eu pensava ao subir no palco era em não desmaiar nem perder a voz durante o show!"
RtM: E quando você começou a se interessar em canto e no Metal em geral? Quem foram seus principais incentivadores? 
Marina: Comecei a ouvir metal na adolescência, assim como muitos headbangers, eu não era muito “encaixada” na turma do colégio e odiava música eletrônica, balada, axé, bebedeira, e carnaval. O Heavy Metal mudou minha vida, expandiu meus horizontes e permitiu com que eu liberasse agressividade de maneira positiva.
Queria não só ouvir, mas também fazer. Na tentativa de formar uma banda com uma amiga minha, comecei a aprender guitarra, bateria, etc. Nada parecia “funcionar” muito bem, mas percebi que cantando eu não era tão mal. A partir daí não parei mais!

RtM: Vejo que o Mário Pastore sempre comenta sobre você, e vibrou bastante com essa oportunidade sua com o Avantasia e também com a nova banda.
Marina: Quando estava super envolvida nas bandas cover em São Paulo, resolvi procurar um professor de canto para superar desafios específicos e não danificar minha voz. Foi assim que encontrei o Mário Pastore e tive aulas com ele durante bons 3 anos. Ele é um ótimo professor, além de cantor. Sabe do que está falando, tem paciência e métodos práticos e efetivos.
Mantenho contato com o Marião até hoje. Ele é uma pessoa mais que decente e torço sempre por sua carreira e realização na música.


Ao vivo com o Avantasia
RtM: Marina, obrigado pelo seu tempo, ficamos no aguardo das novidades e desejamos sucesso com o Phantom Elite, fica o espaço para sua mensagem final!
Marina: Eu que agradeço pela oportunidade! Galera do Brasil, tenho recebido incontáveis mensagens de apoio e carinho de vocês. Sou imensamente grata por isso, e espero retribuir a todos com boa música por muito tempo! 

Entrevista: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação e Arquivo Pessoal Marina 


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Phantom Elite lyric video "Siren's Call"







Members: • Sander Gommans (After Forever, HDK) – the man behind the magic • Marina La Torraca (Avantasia live, Alarion live, Highlight Kenosis) – vocals • Erik van Ittersum (Ayreon’s “The Theater Equation”, HDK, Kingfisher Sky) – keyboards • Eelco van der Meer (Stream of Passion live, Alarion live, Ex Libris) - drums • Goof Veelen – guitars • Ted Wouters – guitars






Momento da Tour com o Avantasia

Cantando a obrigatória "Farewell"

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