domingo, 29 de janeiro de 2017

Ecclesia: Power Metal épico e intenso

Resenha por: Renato Sanson


Ter uma banda no Brasil não é nada fácil, e o músico e multi-instrumentista pernambucano João D’Andrade que o diga, tendo várias dificuldades neste caminho árduo, chegando a sessar as atividades do Ecclesia em 2012 mesmo tendo o disco “Circle of Fire” pronto.

E é deste trabalho que vamos falar hoje, originalmente gravado em 2012, mas que chegou ao mercado somente no ano passado, trazendo um Power Metal épico e intenso com temas líricos inspiradores.

O disco apresenta apenas seis faixas, mas que dá seu cartão de visitas e mesmo que não apresente nada inédito temos boas composições, assim como boas estruturas melódicas, que remetem a nomes como Blind Guardian e Gamma Ray, e não caindo na mesmice de agudos irritantes ou falsetes demasiados, aqui temos um vocal com drive mais agressivo, me lembrando em alguns momentos o saudoso Chris Boltendahl do Grave Digger.

Mas infelizmente o que pesa no trabalho é a fraca produção, que traz uma alternância até mesmo no meio das faixas, e variando de qualidade, o que atrapalhou o trabalho em si.

No mais, a ideia é muito boa e melhor produzido certamente trará uma visão mais impactante ao trabalho, que apresenta uma boa dinâmica e energia.

Há tempo de ressaltar que D’Andrade gravou todos os instrumentos inclusive os vocais, palmas para esse guerreiro que traz o Ecclesia a ativa novamente e com muitas surpresas para este ano que aporta. 

Destaques: “Last Breath”, “Wild Fire” e “Hereafter”.


Links:
Site oficial: http://bit.ly/2bSFEnQ
Facebok page: http://bit.ly/2e0kp8o
Youtube Channel:
http://bit.ly/2dC8VFG

Track list:
1. Wildfire
2. Hereafter
3. Last Breath
4. Into the Circle Of Fire
5. Talisman Legend
6. Black Corsair (faixa bônus)



sábado, 28 de janeiro de 2017

My Dying Bride: A Beleza na Melancolia



O MY DYING BRIDE é uma daquelas bandas que possui uma forma bem própria de fazer música, sempre tendo como força motriz a mente criativa do seu mentor, Aaron Stainthorpe, convidando ao ouvinte a uma viagem, no mínimo interessante, com sua sonoridade densa, pesada, em sua maior parte lenta e "arrastada", de melodias melancólicas, belas, porém capazes de reações diversas, como angústia e introspecção.

De um passado onde a sua música era mais extrema, com maior predominância de vocais guturais, sendo um dos pioneiros do Death/Doom, passando por muitas trocas de formação, fases diferentes, inclusive se enveredando pela Electronic/Avantgarde music (quem lembra daquela álbum com título esquisito "1999's 34,788%"?), mas o peso e elementos do seu início, foram retornando, e as experiências mostraram que era uma banda ousada, foram ficando mais técnicos, lapidando essa identidade, mas mesmo com mais melodia e vocais mais limpos, o peso e densidade dos opus musicais melancólicos, por vezes longos, e complexos do My Dying Bride permanecem como características fortes.


Álbuns de bandas tão peculiares e complexas como o MY DYING BRIDE sempre são um exercício interessante, que requer audições cuidadosas, e que pode causar estranheza aos ouvidos que terão um primeiro contato com a música dos ingleses. Em "Feel the Mysery", que marca o retorno do guitarrista Calvin Robertshaw, a banda segue por um caminho que já vem sendo mais tradicional em seus últimos trabalhos, e é esta sonoridade que traduz melhor a identidade do grupo, talvez até mais direta com relação aos arranjos de teclados e violinos, o certo é que é um grande trabalho, um dos mais consistentes dos mais recentes.

Possui grandes momentos, como a abertura "And My Father Left Forever", bem dinâmica, em um andamento mais enérgico, riffs em palm-mute, peso descomunal, variações mais arrastadas, que ganham um toque mais melancólico com os violinos, destacando o trabalho muito bom nas guitarras. Grande abertura!
"To Shiver in Empty Halls" transborda peso, com os vocais mais urrados, e mantendo o magnífico trabalhos nas guitarras; "A Cold New Curse" as guitarras mais uma vez se destacam, apoiadas pelo muro sólido da cozinha. Uma faixa que alterna partes extremamente pesadas, com trechos quase etéreos e reflexivos.


"Feel the Misery", A faixa título chega grandiosa, estilo trilha sonora de um filme dramático, acho que é essa palavra que eu procurava: "dramaticidade". Algo explícito nesta faixa; "A Thorn of Wisdom" traz uma brisa de calmaria, onde linhas de teclado melancólicas e baixo e bateria fazem a cama para os vocais amargurados de Stainthorpe;

"I Celebrate Your Skin" tem um peso descomunal, andamento arrastado, que você se sente como se estivesse carregando uma pesada cruz; "I Almost Loved You" é um opus de belas e profundas melodias melancólicas, liderada pelos teclados; "Within a Sleeping Forest", fecha o álbum de forma grandiosa, sendo, ao lado da "And my Father...", as melhores do álbum. Belas melodias das guitarras e violinos, climática, grave e arrastada, com momentos de peso absurdo, destacando o trabalho da batera e baixo. Gloomy Doom de qualidade.


Cada  faixa tem suas peculiaridades e muitos detalhes, um álbum para ser apreciado com muita calma, a fim de degustar cada momento que a música bela, pesada, melancólica e por vezes complexa, que o My Dying Bride produz. Um grande álbum com certeza, os fãs da banda e do estilo nada terão a reclamar. 

Detalhe para os agradecimentos da banda no encarte, onde Aaron Stainthorpe escreve: "Gostaria de dizer olá e obrigado a ninguém." Aí até desconfio o porque da música melancólica e amargurada de sua banda soar tão verdadeira.

Texto/Edição: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: My Dying Bride
Álbum: "Feel the Misery"
País: Inglaterra
Estilo: Doom Metal
Engenheiro de som: Dan Mullins (também gravou bateria e percussão)
Selo: Peaceville/Shinigami Records

Adquira o álbum na SHINIGAMI

Line-Up:
Aaron Stainthorpe: Vocais e Guitarra
Calvin Robertshaw: Guitarra
Lena Abe: Baixo
Shawn Macgowan: Violino e Teclados
Andrew Craighan: Guitarra

Track List:
And My Father Left Forever
To Shiver in Empty Halls
A Cold New Curse
Feel the Misery
A Thorn of Wisdom
I Celebrate Your Skin
I Almost Loved You
Within a Sleeping Forest

Canais Oficiais:
Site
Facebook
Youtube


quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Judas Priest - A Fase 1 ou "The Gull Years"



Agora eu tenho todos os quatro álbuns do Judas Priest lançados pelo selo Gull (selo independente inglês, dos anos 70) em versões K2HD-Mastering (tecnologia de alta definição, desenvolvida pela JVC) lançado no Japão em novembro de 2016. Os dois álbuns de estúdio e as duas compilações. 

Você pode perceber que eu adoro o Gull-Records-years (estes quatro itens + singles etc) mais, juntamente com "Fase 2", que começou com "Sin After Sin" e com "Unleashed In the East" como o último . Mas esses produtos Gull sempre tiveram um fascínio especial para mim e é difícil eu entender por que tantos fãs adoram "Sad Wings of Destiny (1976)", mas não gostam de "Rocka Rolla (1974)" (que tem a capa original com a a tampa e a fonte no título estilo Coca Cola, e relançado depois com outra capa, devido a problemas legais). 


Quando você escuta as compilações "Hero Hero" e "Best Of", as músicas de ambos álbuns se encaixam perfeitamente. Foi simplesmente um período de tempo do Judas, que mudou seu som depois ("Sin After Sin"). "Victim Of Changes" era inicialmente chamada "Whiskey Woman", e por algumas razões não entrou em "Rocka Rolla", mas era uma música antiga. 

Apenas um exemplo por que ambos os álbuns são praticamente "um" para mim. A maior tragédia é que a versão completa de "Caviar and Meths" se perdeu. Nenhum dos muitos relançamentos tem a canção completa. Eu sei que Al Atkins (cantor antes de Rob Halford) gravou essa canção muitos anos mais tarde (este CD é muito bom e tem Dave Holland na bateria), mas ainda assim eu adoraria ouvir a coisa toda daquela sessão de gravação um dia. 


Também é realmente interessante comparar as ligeiras diferenças entre as músicas de ambos os álbuns de estúdio e as duas compilações. Em "Best Of" a música "Rocka Rolla" começa com o segundo verso (em comparação com a versão do álbum) e "One For The Road" tem harmônica que você quase não consegue ouvir no álbum original. "Hero Hero" foi parcialmente remixada por Chris Tsangarides (que também era o engenheiro de "Sad Wings ..."). Se você verificar esta versão da canção "Rocka Rolla", o bumbo é alto pra caramba! (Disco??) e a caixa é realmente baixa. Ambas as compilações têm o single  "Diamonds And Rust", que é diferente da versão em "Sin After Sin".


Em geral, há um monte de influências de Sabbath em "Rocka Rolla", realmente "Proto-Metal" pesado. Desnecessário dizer que ele contém a melhor canção do Priest: "Run Of The Mill". Esta música já vale o investimento. Ele também mostra todas as facetas do jovem Rob Halford, vocais incríveis. 

Todos os quatro itens têm uma coisa em comum: Bateria realmente básica por "bateristas OK". Por alguma razão eu gosto dessa maneira, e esqueço um pouco Les Binks (ou Simon Phillips) em tudo de "British Steel"em diante. O Priest tinha voltado a "bateria básica por um ok-baterista" com Dave Holland, realmente um passo atrás em qualidade. Mas nos álbuns da era da gravadora Gull eu acho que esse tipo de bateria se encaixa muito bem.


Vamos fechar isso com o fato de que os quatro álbuns têm capas legais. Eu diria que ambos os álbuns de estúdio têm capas que são obras-primas. "Rocka Rolla" é uma peça de arte, até onde sei..
Claro, os álbuns da "Era Gull" não têm absolutamente nada a ver com "British Steel" ou mesmo "Painkiller", mas todas essas coisas foram gravadas antes da NWOBHM ou US-Metal ou o que quer que tivemos a partir de 79/80. A partir dessa visão, ainda podemos chamar esses álbuns de Material de Peso!!!


Texto: Neudi Neuderth (Andreas "Neudi" Neuderth, fã e colecionador de Classic Rock e Metal, é baterista do Manilla Road, Roxxcalibur e Trance, engenheiro de som, colaborador de revistas e veículos dedicados ao Metal, como Street Clip TV e Deaf Forever na Alemanha, além de ter o seu blog no FB - Neudi's Metal & Rock Blog)

Tradução: Carlos Garcia
Thanks to Neudi Neuderth




   


   


   


   

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Enemy of Reality: Symphonic Grego com Convidados Ilustres, e Exaltando sua Mitologia


ENEMY OF REALITY é uma banda grega de Symphonic Metal , liderada pela vocalista ILIANA ITSAKIRAKI. Em 23 de outubro de 2016 lançaram seu segundo álbum intitulado "Arakhne".
     (read HERE the english version)
Antes de falar a respeito das músicas, vale a pena discorrer um pouco sobre o conceito:

Na mitologia grega, Aracne era uma jovem admirada por sua habilidade na arte de tecer. Devido a tanta admiração de todos, Aracne começou a comparar-se à Atena na qualidade de seus trabalhos. Ao saber da notícia, a deusa ficou furiosa com a petulância da mortal. Sentiu-se desafiada e resolveu então promover uma competição com Aracne para ver quem merecia de fato ser considerada a melhor.

Quando as tapeçarias ficaram prontas, Atena admirou o trabalho impecável de sua competidora, mas ficou furiosa porque Aracne ousou ilustrar as desilusões amorosas de Zeus, pai da deusa, em sua tapeçaria. Irritada, Atena rasgou a tecelagem em pedaços e golpeou a jovem na cabeça. Aracne ficou muito triste e, em seu desespero, terminou tentando se enforcar. Ao saber o que sua cólera havia provocado, a deusa compadeceu-se da mortal e transformou a corda que ela usara para enforcar-se em uma teia. Em seguida, derramou sobre Aracne fluidos retirados das ervas da deusa Hecate e transformou-a em uma aranha. Dessa forma, Aracne foi salva da morte e, embora condenada a ficar dependurada em sua teia, a beleza de sua arte não ficaria perdida para sempre neste mundo.


O álbum começa com a introdução "Martyr", uma sinfonia cantada em grego, intensa e com uma atmosfera de suspense. Em seguida a forte “Reflected”, um deslumbrante dueto com FABIO LIONE. Seguindo por “Weakness Lies Within”, com seus teclados impecáveis e refrão cativante. A ótima “Time Immemorial” tem uma bela combinação entre os vocais operísticos de ILIANA e os vocais masculinos mais rasgados. Destaque para “Nouthetisis”, cantada em grego, com a participação de JEFF WATERS do ANNIHILATOR

Continuamos com a épica “Afraid No More” e seu refrão poderoso.  E finalmente “Showdown”, desde o anúncio do lançamento do álbum eu estava com grande expectativa de ouvir o dueto entre ILIANA e CHIARA MALVESTITI (CHRISALYS e THERION) e a parceria foi realmente maravilhosa, mas impossível não destacar a parte sinfônica muito bem trabalhada. Desde a primeira faixa não há dúvidas sobre o talento da vocalista, mas em “The Taste of Defeat” fiquei simplesmente encantada. A sinfonia de “In Hiding” conseguiu me transportar para dentro da história. “I SpareYou” tem um clima dramático, mais uma vez o alto nível de interpretação da soprano nos deixa deslumbrados.  E por fim,“A Gift of a Curse” encerra muito bem o álbum.


Quem gosta de metal sinfônico precisa ouvir este álbum.  Seja pelos vocais da ILIANA, seja pelos belos elementos sinfônicos, por seu conceito, ou simplesmente pelos convidados. Vale a pena pelo menos experimentar a viagem que cada canção proporciona dentro da história. 

Texto: Raquel de Avelar
Edição e Revisão: Carlos Garcia

Ficha Técnica:
Banda: Enemy of Reality
Álbum: "Arakhne" 2016
País: Grécia
Estilo: Symphonic Metal

Official Website

   

Track List:
01. Martyr
02. Reflected (Feat. Fabio Lione)
03. Weakness Lies Within
04. Time Immemorial
05. Nouthetisis (feat. Jeff Waters)
06. Afraid No More
07. Showdown (Feat. Chiara Malvestiti)
08. The Taste Of Defeat
09. In Hiding
10. I Spare You
11. A Gift Of Curse

   

Enemy of Reality: Symphonic Greek with Ilustrious Guests, and Exalting their Mythology



ENEMY OF REALITY is a Greek Symphonic Metal band, led by ILIANA ITSAKIRAKI. On October 23, 2016 they released their second album titled "Arakhne".
    (leia a versão em português)

Before talking about the songs, it is worth writing a little about the concept:

In Greek mythology, Arachne was a young woman admired for her skill in the art of weaving. Because of all the admiration of all, Arachne began to compare herself to Athena in the quality of her works. Upon hearing the news, the goddess was furious with the petulance of the mortal. She felt challenged and decided to promote a competition with Arachne to see who in fact deserved to be considered the best.

When the tapestries were ready, Athena admired the impeccable work of her competitor, but she was furious that Aracne dared to illustrate the amorous delusions of Zeus, the goddess's father, in her tapestry. Annoyed, Athena tore the weaving into pieces and struck the young woman on the head. Arachne was very sad and, in her desperation, ended up trying to hang herself. Knowing what her wrath had provoked, the goddess had sympathized with the mortal and transformed the rope she had used to hang herself in a web. Then he poured on Aracne fluids taken from the herbs of the goddess Hecate and turned her into a spider. In this way, Arachne was saved from death and, though doomed to hang on her web, the beauty of her art would not be lost forever in this world.


The album begins with the introduction "Martyr", a symphony sung in Greek, intense and with an atmosphere of suspense. Then the strong "Reflected", a dazzling duet with FABIO LIONE. Following for "Weakness Lies Within" with its impeccable keyboards and captivating chorus. The great "Time Immemorial" has a beautiful combination of the operatic vocals of ILIANA and the more torn masculine vocals. Highlight for "Nouthetisis", sung in Greek, with the participation of JEFF WATERS from ANNIHILATOR

We continue with the epic "Afraid No More" and its powerful refrain. And finally "Showdown", since the announcement of the album release I was expecting to hear the duet between ILIANA and CHIARA MALVESTITI (CHRISALYS and THERION), and the partnership was really wonderful, but impossible not to highlight the very well crafted symphonic part. Since the first track there is no doubt about the talent of the singer, but in "The Taste of Defeat" I was simply enchanted. The symphony of "In Hiding" managed to transport me into the story. "I SpareYou" has a dramatic mood, again the high level of interpretation of the soprano leaves us dazzled. And finally, "A Gift of a Curse" ends the album very well.


Those who like symphonic metal need to listen to this album. Whether by the vocals of ILIANA, by the beautiful symphonic elements, by its concept, or simply by the guests. It is worth at least experiencing the journey that each song delivers within the story.

Text: Raquel de Avelar


Track List:
01. Martyr
02. Reflected (Feat. Fabio Lione)
03. Weakness Lies Within
04. Time Immemorial
05. Nouthetisis (feat. Jeff Waters)
06. Afraid No More
07. Showdown (Feat. Chiara Malvestiti)
08. The Taste Of Defeat
09. In Hiding
10. I Spare You
11. A Gift Of Curse


Official Website






segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Sacred Reich: Ficamos surpresos que se importavam com o Sacred Reich, mesmo depois de dez anos

Check the English version HERE


Formado em Phoenix, Arizona em 1985, o Sacred Reich tinha tudo para se tornar um dos gigantes do Thrash Metal, já que sua sonoridade ia um pouco na contramão de seus conterrâneos, e que logo agradou os headbangers. Porém no mundo da música nem tudo são flores, e após ótimos lançamentos como: “Ignorance” (87), “The American Way” (90), “Independent (93) e “Heal (96) a banda entrou em um extenso hiato sobre material inédito, que perdura até hoje, sobre o olhar do líder e fundador Phil Rind (baixo/vocal), a resposta é simples:

"A razão é que nós não temos nenhuma música nova."

E também comenta sobre a parada da banda entre 2000 e 2006:

"Em 2006, começamos a reunir material para a reedição de “Ignorance” e “Surf Nicarágua”. Foi divertido nos reunirmos e fazer coisas do Sacred Reich. Na época queríamos saber se alguém estaria interessado em fazermos alguns shows. Como eu tenho alguns contatos com promotores de festivais na Europa entrei em contato e eles fizeram-nos algumas ofertas. Nós ficamos surpresos que alguém ainda se importava com o Sacred Reich depois de dez anos. Tivemos a sorte de fazer alguns shows desde então."


Com o Sacred Reich Phil sempre deixou bem explicito sua guerra contra a política, não tendo de fato papas na língua, e nos dois primeiros trabalhos “Ignorance” e “The American Way” ficou claro toda sua repulsa como o mesmo explica:


"Eu sempre me interessei por política e eventos que estavam moldando o mundo em que vivemos. Ser um adolescente irritadiço, e vendo as injustiças ao redor do mundo me fez escrever algo a respeito disso. Era real."


O Sacred Reich sempre foi uma das bandas mais pedidas em solo brasileiro, e algo que parecia impossível se tornou realidade, já que a banda estará em tour pelo Brasil em fevereiro.

"Estamos muito animados para finalmente ter a oportunidade de tocar no Brasil! Eu não diria que temos alguma expectativa, mas os fãs têm uma reputação de serem muito entusiasmados. Estamos muito felizes em vir tocar no Brasil, bem como os shows no Peru e no Chile. Vai ser fantástico. E eu não acho que nós podemos surpreender alguém com nosso set-list. Nós não temos muitos álbuns! Nós tocamos principalmente os discos que fizemos com o Greg (bateria). Você pode ter certeza de ouvir 'Death Squad', 'Surf Nicaragua' e 'The American Way'."

"Olhando para trás, há sempre coisas que você acha que poderiam ter sido melhores, mas os álbuns são registros de um determinado lugar e tempo."

Voltando um pouco no passado, em 1993 os americanos lançavam “Independent”, disco este que marca um novo rumo na sonoridade da banda, que continua agressivo, mas mais variado e com composições mais maduras, sendo considerado por muitos o melhor álbum do Sacred Reich, e Phil fala sobre essa época, mas descorda sobre ser o melhor:

"O processo criativo é sempre o mesmo. Tentamos escrever as melhores músicas que refletem onde estamos no momento. Foi ótimo trabalhar com Dave Jerden em “Independent”. Aprendemos muito sobre a gravação e ele conseguiu uma grande sonoridade para o disco. Eu não sei qual é o nosso "melhor" álbum, mas acho que quando gravamos “The American Way” nos tornamos quem somos, se isso faz sentido."


São vinte anos de história onde muitas coisas rolaram, e Phil comenta se há algum arrependimento neste caminho até o momento:

Olhando para trás, há sempre coisas que você acha que poderiam ter sido melhores, mas os álbuns são registros de um determinado lugar e tempo. Tudo se soma até onde estamos hoje. Dito isto, embora eu adore a idéia e a “horn section” em "31 Flavors", "The American Way" teria sido um registro melhor sem ele.

Entrevista por: Renato Sanson
Tradução: Marcello Camargo

Links de acesso:


   


   

Sacred Reich: We were surprised that they cared for the Sacred Reich even after ten years



Confira a versão em Português AQUI

Formed in Phoenix, Arizona in 1985, the Sacred Reich had everything to become one of Thrash Metal's giants, since the sound was a little against their countrymen, and soon pleased the headbangers. But in the world of music not everything is beautiful, and after great releases like "Ignorance" (87), "The American Way" (90), "Independent" (93) and "Heal" (96) the band entered a long hiatus of unpublished material that continues to this day. The founder Phil Rind (bass/vocals), tells about:  

The mean reason is we dont have any new song

And also comments about the band’s hiatus between 2000 and 2006:

In 2006, we began to reunite material for the reissue of "Ignorance" and "Surf Nicaragua". It was fun to get together and do Sacred Reich stuff. At the time we wanted to know if anyone would be interested in doing some shows. As I have some contacts with promoters of festivals in Europe I contacted them and they made us some offers. We were surprised that anyone still cared about the Sacred Reich after ten years. We've been lucky enough to do some shows since then.


With the Sacred Reich Phil has always made explicit his war against politics, always combating them, and in the first two works "Ignorance" and "The American Way" was clear all his repulsion as the same explains:


I've always been interested in politics and events that were shaping the world we live in. Being a cranky teenager, and seeing the injustices around the world made me write something about it. It was real.


Sacred Reich has always been one of the most requested bands on Brazil, and something that seemed impossible became reality, the band will be touring Brazil in February.

We are very excited to finally have the opportunity to play in Brazil! I do not think we have any expectations, but fans have a reputation for being very enthusiastic. We are very happy to play in Brazil, as well as the shows in Peru and Chile. It will be fantastic. And I do not think we can surprise anyone with our setlist. We do not have many records! We played mostly records we did with Greg (drums). You can be sure to hear "DeathSquad", "Surf Nicaragua" and "The American Way".


Going back a bit in the past, in 1993 the band released "Independent", which sets a new direction in the sound of the band, which remains aggressive but more varied and with more mature compositions, being considered by many the best album of Sacred Reich, and Phil talks about, but disagrees about being the best:

The creative process is always the same. We try to write the best songs, that reflect where we are right now. It was great working with Dave Jerden on "Independent". We learned a lot about the recording and it made a great sound to the album. I do not know what our "best" album is, but I think when we record "The American Way" we become who we are, if that makes sense.


There are twenty years of history where many things have rolled away, and Phil comments on whether there is any regret in this way so far:

Looking back, there are always things that you think could have been better, but the records are snapshots of a certain place and time. Everything adds up to where we are today. That being said, although I adore the idea and the "Hornsection" in "31 Flavors", "The American Way" would have been a better record without it.

Interview: Renato Sanson
Translated: Marcello Camargo

Links:


   


   

domingo, 22 de janeiro de 2017

Grand Magus: Heavy Metal Forjado em Fogo e Aço!

 

Muitos vão concordar que estarei sendo clichê em dizer que o GRAND MAGUS é para ouvir de espada em punho, com certeza também concordarão que a banda é uma das mais legais que surgiram nos últimos tempos, e que a Suécia é hoje um grande expoente do som pesado em geral, desde bandas com sonoridade mais setentista, passando pelo Heavy Tradicional e sonoridades mais originais e contemporâneas.

O grupo, que teve seu embrião em 1996 sob o nome "SMACK", a partir de 1999 o GRAND MAGUS caiu na estrada, e foi evoluindo álbum após álbum, correndo em suas veias as influências do Metal dos anos 70, e seu Heavy/Doom/Stoner foi chegando a uma sonoridade mais limpa, e calcada principalmente em riffs e refrãos marcantes, sem muitas complicações ou instrumental mirabolante, apenas a preocupação em fazer Heavy Metal. Na bio da página da banda você pode ler "O Heavy Metal Renasce", então é clara a proposta.


O Heavy Metal épico e com temática viking do trio é de uma fórmula cativante, em que é impossível não sair cantando ou assoviando as músicas. "Sword Songs" é o trabalho mais recente dos suécos, disponível em versão nacional pela Shinigami Records, e traz duas bônus tracks, sendo uma delas uma versão para "Stormbriger" do DEEP PURPLE, bem próxima da original, somente mais "direta" e em tons mais baixos e puxados para o Stoner/Doom. Qualquer fã de Heavy Metal tradicional vai adotar o grupo, que constrói uma sonoridade cativante, e ainda com esse lado mais épico e a temática nórdica, que despertou ainda mais o interesse do público pelo sucesso da série "Vikings", o lado visual com couro, cintos de bala e spikes, ou seja, elementos clássicos e típicos.

"Freya's Choice", que traz como tema uma das mais antigas deusas da mitologia germânica e nórdica, esta ode à deusa da sensualidade, do amor e da guerra,´traz riffs pesados e cativantes, com a cozinha pulsante e o refrão épico. O peso remete um pouco aos primeiros álbuns; "Varangian", que era como os gregos chamavam os Vikings, se destaca pelas melodias bem épicas na guitarra, além do refrão com jeitão de hino "We are warriors, defenders of steel", seguindo um andamento cadenciado.


Com passagens mais rápidas, "Forged in Iron - Crowned in Steel", remetem rapidamente aos símbolos do Heavy Metal, Priest e Sabbath, revestido pela couraça do épico Viking Metal. Grande refrão! "Last one to Fall" também é vibrante e enérgica, para exemplificar, é naquela linha a qual foi criada a alcunha True Metal, para nomear as bandas contemporâneas que comandaram esse retorno às raízes do Metal oitentista; e citando mais um destaque, "Every Day There's a Battle to Fight", com aquele andamento clássico a lá "Heaven and Hell", e um refrão épico e magnânimo! Viciante.

Pouco mais de meia hora de canções sobre deuses e batalhas, embebidas em Heavy Metal, e nuances de Stoner, onde os riffs cortam como lâminas afiadas, os refrãos são entoados como hinos de batalha, e não há canções ou momentos em que a empolgação caia, com o trio sendo brilhante na sua maneira simples e eficaz de forjar sua música, sem arranjos pomposos, mas com melodias suficientes para dar o ar épico. E resumindo o que afirmei antes, uma das bandas mais legais da atualidade.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Grand Magus
Álbum: "Sword Songs" 2016
País: Suécia
Estilo: Heavy Metal, Epic Metal, Stoner
Produção: Nico Elgstrand
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records


Line-Up
JB: Vocais e Guitarra
Fox: Baixo e Backing 
Ludwig: Bateria

Track List 
Freja's Choice
Varangian
Forged in Iron - Crowned in Steel
Born for Battle
Master of the Land
Last one to Fall
Frost and Fire
Hugr
Every Day There's a Battle to Fight
Bônus
In for the Kill
Stormbringer

Canais Oficiais:

      

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Older Jack: Aliando ótimas influências em seu disco de estreia



Com uma sonoridade que bebe na fonte de nomes como Accept, Metal Church, Metallica e Motorhead, os catarinenses do Older Jack deixam a complexidade de lado, e trazem um Heavy Metal encorpado e cheio de vida.

Sendo que, mesmo não tendo inovação alguma em seu som (e precisa?), o fato de cantarem em Alemão (isso mesmo!), chama bastante a atenção, e no que se propõem ficaram acima da média.

O Metal aqui é latente, e a mescla entre o Tradicional com algumas pitadas de Thrash caíram muito bem, pois os riffs são simples, porém grudentos, a cozinha mais parece um martelo onde marca cada compasso e as linhas vocais no melhor estilo Lemmy Kilmister com bons lados melodiosos a lá UDO e Mike Howe.

A produção sonora que soa crua e bem nítida, deixa o trabalho ainda mais peculiar, sem modernices, e sim a aura vivida do Metal transparecendo em cada nota. Assim como a parte gráfica, que soa simples e funcional, sendo bem atrativa.

O que podemos dizer de “Metal Über Alles” (2016) é que sim, é um ótimo disco de Metal mostrando uma banda competente que tem tudo para seguir um caminho duradouro e vitorioso!

Resenha por: Renato Sanson

Tracklist:
1. Öl und Blut
2. Metal Über Alles
3. Fosa
4. In Namen das Geldes
5. Luft
6. Macumba
7. Wahnsinn
8. Das Ende

Formação:
Carlos Klitzke - Vocais
Deivid Wachholz - Guitarras
Hermann - Guitarras
Cesar Rahn - Baixo
Bruno Mass - Bateria


Links de acesso:
Facebook

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Kataklysm: Agressividade "Trampada"



Por certo, o KATAKLYSM é um dos grandes nomes do Metal canadense já há algum tempo. Sua trajetória com bons lançamentos foi responsável por isso, e se nota que a gravadora aposta bastante neles, com uma produção e divulgação excelentes, inclusive vários vídeos deste álbum. Mostra-se sempre firme e forte em prol de um Death Metal técnico, diverso, mas ainda pegado, e este mais recente "Of Ghosts And Gods" não foge à regra.

O fato é que durante os anos mais recentes a banda absorveu influências cada vez mais modernas ao seu som, fazendo com que se tornasse mais intrincado, com generosas partes melódicas e ‘grooveadas’.
Acredito que a banda funcionaria melhor se enfatizasse mais a brutalidade do que a melodia. Mas essa é outra questão.

De qualquer forma, o álbum é muito bem feito. Os riffs dão um soco nas tuas fuças, e ficam martelando. Ao passo que as quatro cordas riffam conjuntamente com as guitarras e sobrecarregam o peso. Algumas composições trazem algo de Thrash Metal também, principalmente nas levadas de batera. “Thy Serpent’s Tongue” lembra SEPULTURA (fase Chaos AD); “Vindication” se trata de um grande som também; “Soul Destroyer” é puro Thrash com riffs na cara; “Hate Spirit” vem com uma parte cadenciada, alternando vocais urrados com vocais tipicamente ‘Black Metal’ fazendo contraponto. Ficou interessante. O álbum fecha com a longa “The World Is A Dying Insect”.


Pude notar que tanto a banda quanto a produção buscou apurar ao máximo cada detalhe de cada música, para que nada ficasse fora do lugar. A precisão da banda na construção das composições é um ponto positivo, haja vista, que mesmo quebradas, elas não perdem o fio de meada, não correndo o risco de se tornar um som retalhado e sem sentido. Andy Sneap foi responsável pela mixagem e masterização.
A sombria arte da capa foi desenhada pelo estúdio Art By Survey e segundo a banda “a arte final estampa uma sinistra realidade humana belamente perturbadora”.

Texto: Marcello Camargo
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: KATAKLYSM
Álbum: Of Ghosts And Gods
Ano: 2015
País: Canadá
Estilo: Death Metal
Gravadora: Nuclear Blast Records/Shinigami Records

Gostou do que leu e ouviu? Adquira o álbum no site da Shinigami

Banda
Maurizio Iacono (Vocais)
Jean-Francois Dagenais (Guitarra)
Stephane Barbe (Baixo)
Oli Beaudoin (Bateria)




Tracklist
01. Breaching The Asylum
02. The Black Sheep
03. Marching Through Graveyards
05. Vindication
06. Soul Destroyer
07. Carrying Crosses
08. Shattered
09. Hate Spirit
10. The World Is A Dying Insect

Contatos


       


       

sábado, 14 de janeiro de 2017

Torture Squad: Ano de Novidades e Balanço Positivo


 
2016 foi um ano do Torture Squad trilhar passos rumo ao futuro, após a saída Vitor Rodrigues em 2012, a banda seguiu como trio, com André Evaristo e Castor dividindo os vocais, e lançando "Esquadrão de Tortura" (2013, álbum conceitual sobre os anos da ditadura no Brasil), após a tour desse bem sucedido trabalho, que passou por vários países da América do Sul. Em 2015, André deixa a banda, que recruta Mayara Puertas para os vocais e Rene Simionato para as guitarras, voltando ao formato de quarteto. E neste ano que passou, o Torture lançou o EP "Return of Evil", registrando oficialmente as mudanças, e como uma forma de demonstrar como a banda estaria soando com esse novo line-up.

"Return of Evil" trouxe 4 faixas, sendo duas inéditas, uma regravação ("Dreadful Lies", do primeiro álbum) e uma instrumental, além de bônus multimedia com o vídeo para a faixa título e cenas das gravações do trabalho. Uma curiosidade é que a capa é um desenho de Eugênio Colonnese (1929-2008), desenhista brasileiro de renome e avô do guitarrista Rene.


O EP mostrou um Torture Squad cheio de vitalidade, o que deixa uma expectativa muito boa acerca de um álbum completo, e essa curiosidade só vai aumentando pelos elogios à performance do line-up atual ao vivo.

Quanto às músicas, "Return of Evil" é uma composição que chega forte para se somar ao repertório da banda, com seu início cadenciado, com o baixo tomando conta do riff inicial, reforçado em seguida pela guitarra, mas logo a porradaria toma conta, com o monstro Amílcar e sua pegada brutal e técnica na batera, formando aquela cozinha pesadíssima e técnica com Castor, que os fãs já conhecem. Mayara também mostra suas qualidades, variando vocais mais berrados e guturais com garra e fúria! Rene também não deixa por menos, com riff marcantes e solos que demonstram o o domínio do estilo.  

Elementos de Thrash, Death e Metal Tradicional se encontram nas variações rítmicas da faixa de abertura, e também podem ser encontrados nas seguintes, como "Swallow Your Reality", que alterna momentos violentos com trechos mais cadenciados e passagens mais velozes, destacando Heavy e Thrash Tradicionais, com Mayara mais uma vez deixando o ouvinte impressionado com sua fúria. 


A versão "atualizada" de "Dreadful Lies" dá prosseguimento ao peso e qualidade excelente da gravação, e Mayara não deixa dúvidas quanto a sua escolha, assim como Rene. Na instrumental "Iron Squad" Rene, Christófaro e Castor passeiam por várias nuances do Metal e até ritmos latinos, mostrando a técnica e capacidade do trio, uma faixa instrumental, que embora longa, não deixa que percamos o interesse pela sua vibração e variações, com trechos acústicos, muitos riffs e trocas de andamentos.

O EP "Return of Evil" marcou apenas o começo de uma nova e promissora era para o Torture Squad, deixando aquele famoso sabor de quero mais, e após bem sucedida tour durante 2016, esse line-up deixa em aberto as melhores expectativas para o próximo full-lenght. Com certeza eles tem ainda muito a produzir para o Metal nacional e mundial.

O EP foi dedicado a Colonnese, Lemmy, Jimmy Bain e Percy Weiss.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Torture Squad
Álbum: "Return of Evil"
País: Brasil
Produção: Wagner Meirinho e Torture Squad
Selo: Shinigami Records

Adquira o álbum na Shinigami


Line-Up
Amilcar Christófaro: Bateria
Castor: Baixo
Mayara "Undead" Puertas: Vocais
Rene Simionato: Guitarras

       

Track List:
Return Of Evil
Swallow Your Reality
Dreadful Lies
Iron Squad
Bônus: Faixas Multimedia (Video Oficial e Footage sessões de gravação)

Canais Oficiais:
Site Oficial
Facebook




quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Sepultura: Vivendo o Presente, Pressentindo o Futuro


É certo que o Heavy Metal aqui no Brasil iniciou ali no comecinho na década de 80, com bandas cantando em português, guerreiros que não desistiam dos seus sonhos mostrando forças com os parcos recursos da época. Tivemos o Stress, lançando o primeiro registro fonográfico do gênero em território nacional, longe do eixo Rio-São Paulo, engatinhando no Rio de Janeiro, com Dorsal e Metalmorphose,e em SP com os fundamentais "SP Metal I e II",  mas foi em Belo Horizonte que surgiu o nome que levou o Metal brasileiro a outro nível, o Sepultura, conquistando o mundo com o seu som calcado no Thrash/DeathMetal, sem medo de inovar na sequência, incorporando ritmos brasileiros, e apesar das mudanças de line-up, continua sendo relevante e influenciando muitas bandas tanto aqui no Brasil quanto lá fora, carregando 30 anos de êxito. E sem olhar pra trás, ao contrário de um nicho de fãs que relega a fase pós-Max, a banda chega ao 14º disco, “Machine Messiah”.

Desde o “Kairos” (2011), a banda vem seguindo a proposta de deixar o som mais rápido e atilado, mas sem possuir amarras e explorando coisas novas, procurando inovar e se mantendo atual, seguindo em frente e procurando não cair no "auto-plágio", fugindo do saturado e entediante. Aqui em “Machine Messiah”, podemos sentir a vitalidade que o quarteto emite nos shows, deslocando essa química do palco pro estúdio de maneira fácil, abrasiva e orgânica, guiada sempre pelos riffs ríspidos do líder Andreas Kisser (inconfundíveis, por sinal), combinado pelos vocais azedos do Derrick Green, a simplicidade do Paulo Jr. no baixo e da severidade de Eloy Casagrande, que imprimiu no som da banda seu jeito de tocar desde que assumiu as baquetas.



A produção e gravação do disco, pela primeira vez na história, foram realizadas na Europa, depois de vários percursos entre Brasil e Estados Unidos. E a banda convocou o produtor mais conceituado do velho continente para cuidar de toda parte sonora do álbum, o nada menos que Jens Bogren (Kreator, Opeth, Paradise Lost, Soilwork, Angra),  deixando a mixagem e a masterização irretocáveis, mais uma vez não deixou a desejar com seu profissionalismo, sabendo extrair da banda aquela fúria ao vivo, e com extremo cuidado nos detalhes. E uma grande novidade, é o uso de orquestrações, bem utilizadas para dar o clima nos momentos precisos. A capa, que lembra um pouco a do disco “Arise” exemplifica o conceito entre a robotização na humanidade.

Divisões e queixas de fãs que preferem a fase com os irmãos Cavalera sempre vão existir, até quer haja uma reunião, mas hoje não tem o porque ou motivos do Sepultura reunir a formação clássica para uma turnê, sendo que o momento atual, de ambos os lados (Irmãos Cavalera/Sepultura), são bons. E “Machine Messiah” não renuncia o jeito de ser do Sepultura, que mantem-se atual, sem renegar raízes, e sem se preocupar com que os “haters” pensam, seguindo sua ideologia naturalmente e sem angústia com tempos passados.

A faixa-título, “MachineMessiah”, entabula o disco com melodias harmoniosas e sublimes, incrementada pelos vocais limpos do Derrick, crescendo instantaneamente com riffs pesados e refrãos interativos; a conhecida “I Am The Enemy” é coagida pela atmosfera Thrash Metal. Uma verdadeira paulada, que surpreende com os solos técnicos do Andreas e da exuberância e agilidade do Eloy em seu kit de bateria; “Phantom Self”, que há pouco tempo ganhou clip, dosa ritmos brasileiros de primeiro momento, progredido pelos grooves de guitarra e adição de orquestrações, uma novidade no trabalho da banda, deixando o ambiente amedrontador; “Alethea” mostra diversificação técnica e dinâmica, transbordando mudanças de tempo e nuance diferentes, com riffs que ora são rápidos, ora cadenciados. A experimentação da banda aparece em “Iceberg Dances”, instrumental rico e heterogêneo, transitando melodias de música latina e batidas de samba, tendo um hammond como surpresa.



Chegando à metade do disco, “Sworn Oath” esbraveja peso descomunal, pincelada novamente por belas orquestrações e riffs impetuosos, assim como a “Resistant Paradise”, que percorre praticamente a mesma leiva com quebras de ritmos e riffs que te jogam contra a parede, frisando o timbre cavalar de baixo do Paulo no inicio; “Silent Violence” nos remete com aquele Thrash Metal clássico da BayArea, estampado por palhetadas abafadas. E novamente o Derrick entra em flagrante variando o seu vocal, adicionando vozes mais limpas no meio da porradaria; “VandalsNest” é uma daquelas que vai cair bem ao vivo, perfeita pra quebrar o pescoço e sentir o clima do ‘moshpit’, havendo forte influência de Mastodon no refrão; “Cyber God” encerra o disco de forma mais atenuante, havendo mais uma vez a variação vocal do Derrick entre o mais limpo e o rasgado, mas que não deixa a intensidade do instrumental de lado.

Este disco merece ser ouvido com atenção pra entender todo o conceito, não espere um novo clássico, dê uma chance, valendo a repetir a audição várias vezes e mergulhar na onda sonora desta banda que segue levando o Brasil ao mundo com orgulho!

Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Sepultura
Álbum: MachineMessiah
Ano: 2017
Estilo: Thrash Metal
Gravadora: Nuclear Blast/Sony Music

Banda
Derrick Green (Vocal)
Andreas Kisser (Guitarra)
Paulo Jr. (Baixo)
Eloy Casagrande (Bateria)

Track-List
01. MachineMessiah
03. Phantom Self
04. Alethea
05. Iceberg Dances
06. SwornOath
07. Resistant Parasites
08. SilentViolence
09. VandalsNest
10. Cyber God



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