sábado, 20 de maio de 2017

Entrevista - Edu Falaschi: Sem Medo dos Desafios



Após a sua saída do Angra, em 2012, a carreira do vocalista Edu Falaschi vem sendo imposta por desafios e coisas novas, e além de estar a frente do Almah já há 10 anos, e seguindo a divulgação do mais recente trabalho, “E.V.O”, lançado no ano passado, segue seu trabalho como produtor, e também busca ideias inovadoras no mercado da música, como um ‘Crowdfunding’ para realização de shows da banda sem depender de contratantes. Para falar sobre esses e outros assuntos ele nos atendeu, revelando, em meio a entrevista, que está preparando uma carreira solo cantando os clássicos da sua fase no Angra.  Confira a seguir:                    
RtM: Em 10 anos de existência, o Almah criou sua identidade própria dentro do Heavy Metal, colocando uma linguagem moderna e misturando diversos estilos dentro da sonoridade da banda, ganhando até o rotulo de Groove Metal pelos europeus. Pela maneira diferente de trabalhar, você acha que o Almah hoje é um dos nomes mais significativos do Metal nacional?
EF: Eu acredito que o Almah tem o seu lugar. Nós trabalhamos para fazer música, apenas isso. O que conquistamos até agora é fruto de um trabalho de 10 anos! A marca da banda cresceu muito nos últimos anos, mas ainda temos muito por fazer! A banda é relativamente nova! Os trabalhos não param! 

RtM: A cada disco, a banda varia sua sonoridade, a qual já atravessou caminhos mais sujos, como no álbum “Motion” (2011), mas nunca deixando de priorizar harmonia e melodia, colocando até mesmo influências de música Pop e elementos mais contemporâneos. Nesse 5º disco, E.V.O, você meio que voltou às origens, lembrando muito o que você fazia no Angra. foi uma forma de mostrar que o que você aprendeu no Angra ainda continua vivo? 
EF: Na verdade foi natural! Eu gosto de fazer discos diferentes, sempre apresentando algo novo. No Almah eu ainda não tinha feito algo com uma tessitura vocal nos moldes do que eu fazia no Angra, dessa vez resolvi voltar a uma sonoridade do disco “Rebirth” (2001), por exemplo, sem perder a essência do Almah, claro. O resultado foi muito bacana e os fãs dos meus tempos de Angra ficaram muito felizes.

RtM: O contexto do disco é baseado sobre a ‘Era de Aquário’, ficando explicito na canção que abre o trabalho, “Age Of Aquarius”. Por trás dos álbuns do Almah, há sempre um conceito sendo abordado, exceto o “Motion”, que fala sobre coisas do cotidiano. Trazer coisas sobre a mitologia grega é uma maneira de buscar conscientizar que estamos entrando em tempos de ascensão, de mudanças? 
EF: O conceito do E.V.O  é de um teor positivo, fala de uma mudança de consciência mundial que está por vir com a chegada da ‘Era de Aquário’ após a ‘Era de Peixes’ da qual estamos no momento. A mudança não será agora, mas está a caminho.

O mundo está mudando, vemos muitas coisas ruins aparecendo, vemos muita discussão de ideais, conflitos, muita coisa vindo a tona, as cortinas da mentira implantadas pelos poderes mundiais estão caindo, para acontecer uma mudança para melhor em todos os sentidos é inevitável que tenhamos que mexer no vespeiro. Isso trará consequências, e muita coisa ruim aparecerá, dando esse clima de desesperança, mas é necessário passar por esse momento turbulento que vivemos para alcançar uma consciência mais evoluída e positiva no futuro em longo prazo. A base do conceito é essa, mas eu abordo de uma forma poética passeando por temas como mitologia, história, ciência, astrologia, etc.

 "Para acontecer uma mudança para melhor em todos os sentidos é inevitável que tenhamos que mexer no vespeiro." (sobre o conceito em "E.V.O)
RtM: Conforme comentamos antes, no E.V.O percebemos que suas linhas passeiam por regiões mais altas, adicionando extensões agudas aqui e ali. Depois de anos de tratamentos e cuidados por causa do seu problema com refluxo, podemos dizer que você pode arriscar mais hoje em dia, mas sabendo usar de forma correta?  
EF: Sim, certamente, esse é um problema que terei que cuidar pra sempre.  Mas hoje sei mais sobre os métodos de tratamento e tenho mais domínio das minhas condições de saúde. Vivi anos com um fantasma do qual eu não sabia nada! Era um pesadelo! Lutar contra algo que você não sabe o que é ou de onde vem. Mas hoje estou bem de novo e o resultado é o lindo disco E.V.O! 

RtM: Temos o guitarrista Diogo Mafra e o baterista Pedro Tinello estreando no Almah com o disco E.V.O, não deixando a desejar em questão de técnica e criatividade. Eles contribuíram com alguma ideia ou eles se basearam no que já estava pronto? 
EF: Eles criaram muitos dos arranjos de guitarra e bateria! Não participaram das composições, mas foram essenciais para o disco ter uma enorme qualidade! O talento deles é absurdo!

RtM: Durante as composições do disco, vocês tiveram a surpresa com a entrada do guitarrista Marcelo Barbosa ao Angra, substituindo o Kiko Loureiro, que agora está 100% dedicado ao Megadeth. Desde sua entrada a banda, os trabalhos dele têm sido bastante corridos, tanto que o novo álbum do Angra vai ter as linhas de guitarra gravadas por ele. Como está sendo conciliar a agenda das bandas? 
EF: É tranquilo! O Marcelo é muito bom em administrar seus trabalhos. Certamente não teremos conflitos. O Angra é uma grande vitrine e ele está certo em abraçar essa oportunidade. Mas ele, assim como eu, tem um enorme apego ao Almah. Estamos muito conectados! 

RtM: Ano passado, você comemorou 25 anos de carreira lançado um disco solo, “Moonlight”, Nele você apanhou os seus principais sucessos no Angra e Almah em versões acústicas, trazendo um clima bem intimista através de arranjos de piano e cordas. Como foi rearranjar essas músicas colocando elas num outro ambiente?
EF: Foi muito legal! E um grande desafio! Musicas como “Angels and Demons” não são fáceis de tornar uma balada. Mas com a ajuda do genial pianista TIAGO MINEIRO, conseguimos um resultado lindo. Sem ele eu não teria conseguido.

 "Não gosto de me acomodar por medo de errar ou sofrer críticas, eu procuro sempre olhar pro futuro e seguir em frente."
RtM: Em paralelo a isso, você foi homenageado com um tributo em comemoração aos seus 25 anos de carreira, idealizado pela gravadora Ms Metal Records, que entre os destaques está a versão de “Heroes Of Sand”, cantada pelo vocalista Nando Fernandes e entre outros tantos talentos. É raro ver isso no Heavy Metal aqui no Brasil, artistas homenageando outros artistas. E olha que ainda será lançado o Vol.2. Você trata esse gesto como um dos mais gratificantes da sua carreira? 
EF: Com certeza! Eu jamais imaginei algo do tipo! Quando eu ouvi esse CD fique impressionado e muito emocionado em ver tantos talentos juntos me homenageando! Cada versão, cada interpretação naquele álbum me dá mais ainda a certeza que temos muitos gênios no Heavy Metal nacional! Amei tudo e todos! Serei eternamente grato a esses artistas e principalmente ao Eduardo Macedo, presidente da MS METAL RECORDS, por orquestrar essa homenagem. Inesquecível! 

RtM: Final do ano passado, você montou um projeto onde o fã poderia idealizar um show do Almah na cidade onde o mesmo reside por meio de ‘crowdfunding’. A iniciativa é totalmente inovadora e muito bacana, pois assim não seria necessário depender de contratantes para que os shows da banda fossem realizados. Mas, infelizmente, não acabou dando o resultado esperado. O que acabou faltando pra que fosse como você imaginava?
EF: Por ser algo pioneiro já era um desafio! O Crowdfunding geralmente é sobre um produto específico: CD, DVD, LIVRO, etc! No nosso caso era uma turnê, eram 10 projetos em 1, e tínhamos algumas limitações. Não sabendo previamente a data e local do show, isso gerou certa dúvida pra galera. E outra coisa ruim foi à divulgação, que dependeu do Facebook basicamente.
Enfim, esse projeto específico não deu certo, numa carreira de mais de 25 anos tive muitos acertos e alguns erros. Esse foi um deles, infelizmente. Bola pra frente! Os trabalhos continuam e sempre buscarei inovar e trazer ideias novas, mesmo que elas apresentem algum risco. Não gosto de me acomodar por medo de errar ou sofrer críticas, eu procuro sempre olhar pro futuro e seguir em frente.

"Cada versão, cada interpretação naquele álbum me dá mais ainda a certeza que temos muitos gênios no Heavy Metal nacional! Amei tudo." (Sobre o tributo)
RtM: Recentemente, você lançou uma coletânea digital solo em plataformas como Spotify, Deezer, Itunes, etc, chamada "Edu Falaschi Ballads", destacando as principais baladas compostas na sua carreira, principalmente da época do Angra. E ainda você fará um show inusitado para o DIA DOS NAMORADOS, dia 10 de Junho, em São Paulo no Manifesto, tocando essas baladas. Isso seria o indício do início de uma carreira SOLO focada nos seus tempos de Angra? 
EF: Como eu disse anteriormente, gosto de buscar novos projetos, e pra você ver, diferente do Crowdfunding daqueles 10 shows, esse lançamento da coletânea "EDU FALASCHI BALLADS" já é um sucesso de streaming e downloads com mais de 1 milhão de acessos,que já está gerando demanda por shows. A vida é assim, erros e acertos! Precisamos criar e empreender, sem medo! 

Voltando a sua pergunta, só de anunciar esses trabalhos SOLO, como a coletânea e o show de São Paulo, com os grandes Ricardo Confessori (bateria), Luis Mariutti (baixo), DemianTiguez (guitarra) e Junior Carelli (baixo), voltando a executar os clássicos dos meus tempos de Angra e entre outras coisas. Já apareceram muitas negociações! As obras que construímos junto no Angra, principalmente os discos “Rebirth” (2001) e “Temple of Shadows” (2004), tem uma força enorme mundialmente falando. E eu, desde que deixei a banda em 2012, recebo pedidos para cantar Angra, então acho que é um bom momento para isso! Enfim, posso dizer que sim, estou iniciando uma carreira SOLO, onde estarei cantando prioritariamente os clássicos dos meus tempos do Angra. Farei também algumas coisas do Almah e,possivelmente, Symbols. Mas quero deixar claro que o Almah continua normalmente com seu foco no futuro e produzindo coisas novas, firme e forte! Uma coisa não exclui a outra! 

RtM: Fora os seus compromissos no Almah e agora SOLO, você atua também como produtor musical, sendo o “João de Deus”, do vocalista Alirio Netto, um dos mais recentes com produção assinada por você. E pra esse ano, você está montando um pacote não só incluindo a produção, mas também gravadora, estúdio, arte gráfica e distribuição digital. Como é trabalhar diante de novas bandas, agora com a adição de novos recursos pra elas, dentro de um mercado tão concorrido e disputado?
EF: Eu adoro! É uma das minhas paixões! Ver bandas novas surgindo com trabalhos bem feitos e promissores e eu podendo ajuda-los a traçar o melhor caminho é muito gratificante! Esse ano criei essa campanha com alguns aliados para facilitar as coisas para os novos artistas. Faço o que posso! Tento fazer a minha parte! Estou aqui pra somar! Quero ver essas bandas crescerem e ter um lugar ao sol.

"A vida é assim, erros e acertos! Precisamos criar e empreender, sem medo!" 
RtM: Sobre Angra, O Rafael Bittencourt declarou várias vezes que pretende reunir todos vocalista para um show histórico, incluindo você, Fabio Lione e o Andre Matos, que não tem vontade de se reunir com a banda, gerando o entrave pra que isso não ocorra. Assim como os fãs, você espera que isso um dia aconteça, visando que Guns N’ Roses e Helloween conseguiram reunir integrantes clássicos.
EF: Claro, devemos tudo aos fãs e eles merecem esse presente! Tomara que um dia role! Seria uma grande celebração! 

RtM: Muito obrigado pela disposição, Edu. Fique a vontade sempre para contar as novidades aqui pra gente, fica o espaço para uma mensagem final. 
EF: Obrigado a vocês pela entrevista! Agradeço a todos os fãs que estão comigo até hoje! E "vamo que vamo" a música não pode parar! 

Entrevista: Gabriel Arruda
Edição Revisão: Carlos Garcia




Nenhum comentário: